A escolha de Clara Silva em transferir-se para a Universidade de TCU, após uma época de estreia promissora por Kentucky, está longe de ser aleatória. A poste portuguesa de 18 anos e 1,98 metros — uma das grandes esperanças do basquetebol nacional — dá um passo estratégico numa fase crítica da sua formação, em busca de mais protagonismo e de um contexto mais favorável ao desenvolvimento do seu jogo no exigente cenário universitário norte-americano.
Com três anos de elegibilidade pela frente, Clara deixa Kentucky, onde somou 31 jogos, mas sempre como suplente e na sombra de Clara Strack — poste titular e Melhor Defensora da conferência SEC, que continuará na equipa. O potencial revelado ao serviço do Unicaja Málaga e das seleções jovens de Portugal, sobretudo no último Europeu Sub18, ainda está por explorar na NCAA.
Segundo relatos da imprensa especializada, Clara Silva estará comprometida com TCU, integrando um projecto ambicioso liderado por Mark Campbell, treinador com um histórico sólido no desenvolvimento de talentos WNBA como Sabrina Ionescu, Satou e Nyara Sabally, Ruthy Hebard ou, mais recentemente, Hailey Van Lith. Em tempo recorde, Campbell transformou TCU numa das equipas mais competitivas do país, levando-a a um registo de 34-4 e a uma inédita presença na Elite Eight. A saída da poste titular Sedona Prince abre uma vaga na rotação interior e um enquadramento ideal para a integração de uma jogadora com as características da internacional portuguesa Sub20.
A influência de Ticha Penicheiro, agente e mentora de Clara, foi certamente determinante neste processo. Ex-lenda da WNBA e profunda conhecedora do perfil valorizado no basquetebol profissional, Ticha poderá ter identificado no sistema ofensivo de TCU — assente em acções de spread pick-and-roll — o contexto ideal para potenciar o crescimento técnico e táctico da jovem portuguesa.
A entrada de Clara no transfer portal com o estatuto de “do not contact” sugere que o destino já estava alinhavado, o que reforça a ideia de planeamento e visão estratégica. Depois de ter seguido Kenny Brooks de Virginia Tech para Kentucky, Clara aposta agora num treinador que tem feito das bases sólidas e do desenvolvimento individual a sua marca registada. Não é uma mudança por impulso. É uma jogada estudada, com os olhos postos no futuro.