Noite amena, de temperatura agradável no arranque de novembro, e mais três pontos guardados no quentinho do bolso do dragão. O FC Porto superou o Estoril Praia, este domingo, na décima jornada da Liga Portugal Betclic (4-0). Os azuis e brancos nunca estiveram em perigo e não precisaram de forçar muito a nota para criar várias situações de finalização.
Há dois nomes inequivocamente ligados à vitória portista. O trabalho é coletivo, bem sabemos, mas permitam-nos umas palavras sobre dois homens: Martim Fernandes e Danny Namaso.
O primeiro tem traços de veterano, apesar dos tenros 18 anos. Tem a calma de quem já faz vida disto há muito tempo, tem o atrevimento próprio da juventude para galgar corredor fora e a plena noção de para onde quer ir e como lá pode chegar. O destino é sempre a área contrária e com ele levou os companheiros, não raras vezes, para a frente a partir da direita. Numa noite mais apagada do companheiro de flanco, Fábio Vieira, Martim deu conta de tudo.
Namaso, por outro lado, pode até nem ter o faro de golo tão apurado como outros atacantes, mas foi um veneno de longa duração para a defesa estorilista, daqueles que demoram o seu tempo a atuar, mas cujos estragos são irreversíveis. Sorrateiro, movimentou-se pelos espaços entre as camisolas rosa, fez das entre linhas habitat natural e a partir daí desbloqueou caminhos para a baliza de Joel Robles.
Entrada autoritária
Feitas as devidas honras a quem as merece, é hora de um olhar mais abrangente sobre o duelo. Vítor Bruno repetiu a fórmula da deslocação à Vila das Aves, um 4x2x3x1 com Danny Namaso no apoio a Samu Aghehowa e Fábio Vieira e Pepê nos flancos. Do lado contrário, Ian Cathro seguiu o mesmo raciocínio e manteve tanto o 4x3x3 como os protagonistas da goleada da última jornada.
Embora tivesse sido capaz de sobreviver a essa pressão inicial dos portistas, a equipa visitante pagou caro por um erro individual à entrada para o 20.º minuto. Danny Namaso atacou uma clareira entre Kévin Boma e Pedro Amaral - Vinícius Zanocelo largou a marcação e não ficou isento de culpas - e Martim Fernandes não desperdiçou a oportunidade de verticalizar o jogo e isolar o companheiro para o 1-0. Um prémio para uma boa entrada azul e branca e que permitiu desbloquear o jogo.
O Estoril Praia sentiu o golo, Pedro Amaral sentiu a coxa - aplausos para Pepê que travou o lance quando podia ter seguido para a baliza - e os dragões sentiram que era um bom momento para acelerar rumo ao golo da tranquilidade, que surgiu pouco antes da meia hora. Kévin Boma cometeu o único erro de uma tremenda exibição - policiou Samu Aghehowa como nenhum outro defesa central até ao momento - e entregou uma prenda de Natal antecipada a Pepê. O universo a retribuir, se quisermos, o golo que podia ter feito minutos antes.
Goleada natural
A segunda metade trouxe um FC Porto ainda mais solto em termos atacantes, mas um Estoril Praia também mais perigoso - fez uma dezena de remates - e capaz de criar alguns sustos aos anfitriões. As melhores oportunidades, no entanto, foram sempre da equipa portista, escudada pela confiança de uma vantagem de dois golos e com os homens de ataque a jogar de forma leve e descomplicada.
Não houve espaço para mais Namaso, mas do banco surgiu Wenderson Galeno a tempo de bisar e colocar os números a condizer melhor com o caudal ofensivo dos dragões. Em ambas as ocasiões foi pela direita, como quase sempre, que o FC Porto desequilibrou e criou as jogadas, primeiro com mais uma assistência de Martim Fernandes - a segunda da noite - e depois com João Mário a fazer o mesmo.
O FC Porto venceu e convenceu, no Dragão, e chegou aos 27 pontos na Liga Portugal Betclic. Os azuis e brancos continuam a perseguir de perto o líder Sporting - distância de apenas três pontos - e mantêm a almofada de cinco para o Benfica (tem menos um jogo). O Estoril Praia é 12.º classificado, com nove pontos.