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      Cidade Berço volta a ter os «quartos» à porta

      Só a neve e os monstros travaram o Vitória: «Está na hora de repetir 87»

      A marca está lá. Registada a letras de ouro, insinuante, até provocadora. À espera que alguém no Vitória SC a agarre.

      1987, ano de viagens europeias, um liliputiano emblema luso a afrontar Gullivers de carne e osso. A Taça UEFA, e o sonho que se lhe agarra, só morre nos quartos-de-final e às mãos do poderoso Borussia Monchengladbach.

      38 anos depois, as gentes da Cidade Berço preparam a receção ao Real Betis. O empate em Sevilha abre perspetivas mais do que fundadas e animadoras. O espírito de 87, dos homens de Marinho Peres, aguarda uma réplica à altura.

      Será desta?  

      Praga, Madrid, Groningen, Monchengladbach 

      De Guimarães parte nesses anos 80 uma equipa conquistadora. Ultrapassa três eliminatórias duríssimas, todas resolvidas nos jogos em casa, sob a espada de Afonso Henriques.

      O Spartak Praha é, à época, dono e senhor das vagas na seleção da Checoslóváquia. Do guarda-redes Stejskal ao eterno Jozef Chovanec sem esquecer o problemático Tomas Skuhravy numa fase pré-playboy.

      @Squad Builder
      1-1 em Praga e 2-1 em Guimarães para o Vitória sentenciam a dura primeira ronda.

      Segue-se o Atletico Madrid, com Abel Resino na baliza, o talento de Alemão no meio-campo e o sempre incómodo Julio Salinas na frente.  

      O Vitória ganha 2-0 em casa e sobrevive no Vicente Calderón. Perde 1-0 e suporta uma pressão que arranca no exterior e mete carros do exército e gritos de «muerte».

      O Groningen é a vítima seguinte. Equipa da moda na Holanda, apresenta o truculento De Wolf no centro da defesa e um ataque com o talentoso René Eijkelkamp ao lado do corpulento Peter Houtman – o Sporting contrata-o logo a seguir ao duplo duelo com o Vitória.

      1-0 para o Groningen nos Países Baixos e 3-0 para o Vitória em casa. Sempre em frente.

      Nos «quartos», a neve de Monchengladbach e os autómatos germânicos ditam as leis. O 3-0 para o Borussia deixa a eliminatória perdida, sem nada para decidir em Guimarães. O 2-2 sabe a pouco e é um adeus apenas simpático.

      «Nas casas de Guimarães só se fala do Vitória»

      Pelas palavras de três dos heróis dessa campanha mítica, o zerozero revisita o Vitória 86/87, honrado detentor da melhor participação do clube nas provas da UEFA.

      Adão internacional português nesses anos 80 e unidade incontornável nas escolhas de seu Marinho, é um dos totalistas dos oito jogos e só lamenta «o dia mau» em Monchengladbach.

      qNos estágios, o Marinho Peres bebia o seu copinho de vinho. Nós não. A dada altura, lá vinha ele com a garrafa na mão, enchia os nossos copos e dizia sempre o mesmo: ‘Isto não mata ninguém, bebam lá um bocadinho'
      Adão, ex-internacional português
      Paulinho Cascavel e Roldão, diabretes à solta no ataque, revelam-se fundamentais em todas as eliminatórias e partilham o orgulho. «Podíamos perfeitamente ter chegado às meias-finais. Eles eram monstros, enormes, mas nós jogávamos mais», confessam, a torcer agora à distância de um oceano.

      «O Vitória e os vitorianos são diferentes», continua Adão, atualmente a residir na zona de Torres Vedras. «Nas casas de Guimarães só se fala do Vitória e isso passa de avós para netos e de pais para filhos, não se perde.»

      Roldão, a partir de Guarapari, no litoral do estado brasileiro do Espírito Santo, aprofunda a raiz da paixão. «Saí do Vitória em 1990 e ainda levo o clube no peito», anota o velocíssimo esquerdino, jogador de rara intensidade e compromisso.

      «Se a instituição se equilibrar financeiramente, pode perfeitamente ombrear com o SC Braga e os três grandes de Portugal. Está na hora de repetir 87.»

      Seu Marinho: garrafa na mão, pontapés nos cestos

      Luís Freire tem em cima dos ombros a responsabilidade de replicar os feitos de Marinho Peres. O saudoso treinador brasileiro é recordado com emoção por Adão.

      «Era espetacular, o homem que mais adorei no mundo do futebol», desabafa. «Tinha um espírito jovem, ríamo-nos muito com ele. Fui depois para o Belenenses com ele, sei que gostava muito de mim também. Tinha visão e analisava os jogos como ninguém.»

      As peripécias com Marinho são «mais do que muitas», mas Adão resume-as em dois episódios antagónicos: a descontração à mesa e o rigor implacável no vestuário.

      «Nos estágios ele bebia o seu copinho de vinho. Nós não. A dada altura, lá vinha ele com a garrafa na mão, enchia os nossos copos e dizia sempre o mesmo: ‘isto não mata ninguém, bebam lá um bocadinho», conta Adão, como se estivesse naquela mesa mais uma vez.

      «Mas no balneário... era fogo. Em Monchengladbach, ao intervalo, deu cabo do Cascavel. Ele falhou na marcação a um central deles e o canto deu golo. Bem, só me lembro do Marinho aos gritos e aos pontapés nos cestos e nas chuteiras.»

      De 1987 para 2025, do vestiário de Marinho Peres para o bloco de notas de Luís Freire. Quase 40 anos depois, o Vitória pode igualar a melhor marca europeia do seu palmarés.

      Nos capítulos associados, recorde as quatro eliminatórias de 86/87. Não faltam memórias, quase todas boas.   

      OS QUATRO CAPÍTULOS EUROPEUS DO VITÓRIA 86/87

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