A mensagem abre a porta ao génio. «Estou a jantar com o Rabah Madjer e ele pede o contacto do Mlynarczyk. Ajudam?»
![]() | Rabah Madjer 12 títulos oficiais |
Poucas horas após a subida ao palco dos Dragões de Ouro, para aclamação azul e branca e a estatueta Vintage, o herói dos contos de Viena e Tóquio chega de sorriso sem idade e uma curiosidade quase pueril.
«Vejam aqui o meu telemóvel, todos os dias leio o zerozero. Para mim é espetacular conhecer os vossos estúdios.»
Madjer inverte a lógica do elogio, distribui simpatia, conhecimento e alinha em tudo. Exibe arte na mesa de ping-pong, analisa cada fotografia e imagem que lhe colocam, revê no ecrã gigante do hall de entrada os melhores golos da carreira.
«Este é ao Belenenses. Ah, o livre ao Feirense! E este ao Real Madrid, claro.»
Saltita entre o francês e o português, sem hesitações, e recria o calcanhar ao Bayern no nosso campo de jogos.
O sapato de verniz, a brilhar, não o incomoda nem por um segundo.
«A baliza estava ali, eu ainda olhei para trás e... bang!»
Rabah Madjer, 65 anos, é herói em letras maiúsculas na história do FC Porto. É, possivelmente, um dos poucos a reclamar o estatuto de lenda.
A estátua no museu do clube, o Toyota pendurado no teto a lembrar feitos estratosféricos, a afronta a Pfaff na relva do Prater - Pfaff que, através do zerozero, faz questão de enviar uma mensagem ao seu algoz (veja no VÍDEO) -, a magia em forma de chapéu na neve lamacenta de Tóquio.
As apresentações são desnecessárias. Basta enunciar o «golo à Madjer» e, num instante pavloviano, logo o cérebro assume aquela noite de maio, ano da graça de 1987.

Rabah tem a patente do «golo de calcanhar» e é portador de uma aura indescritível. Até indecifrável.
37 anos depois da maior das glórias, eis a entrevista a um dos melhores futebolistas africanos de todos os tempos. Sempre «pronto e disponível» para regressar ao FC Porto.