«Vira, vira», «vai, Vítor», «anda lá, anda lá». Ainda se ouviam, volta e meia, cânticos dos Yellow Boys vindos do exterior do estádio, mas em boa parte do encontro eram apenas estas frases soltas (com o ocasional impropério), de jogadores e treinadores, que quebravam o silêncio. Bancadas vazias, o habitual Mundo Amarelo a soar aquando da entrada dos jogadores sem ninguém para o cantar. Apenas os tais resistentes da claque à porta do recinto e um bar do estádio repleto, com os adeptos pacenses a procurarem estar o mais próximos das bancadas possível, em corpo e em espírito. Esperançosos de que o atraso na transmissão televisiva fosse irrisório, esperançosos de que os jogadores pudessem ouvir eventuais festejos... que não surgiram, fosse para quem fosse.
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Foi um jogo atípico, por ser jogado à porta fechada, e o resultado acabou por se adequar à inevitável falta de ânimo de um encontro com falta de ideias. Paços de Ferreira e Desportivo das Aves estreavam-se no grupo A da Allianz Cup, que integra também Benfica e Rio Ave. Os pacenses a viverem um ano agridoce, por estarem no segundo escalão mas a lutarem claramente pelo regresso ao primeiro, os avenses já bem conhecedores do quanto uma das Taças pode significar para os adeptos de um clube de menor dimensão.

O Paços de Vítor Oliveira quis impôr-se no jogo. Com menos mudanças na equipa do que o adversário, a formação pacense teve mais bola no arranque e bom futebol na construção, faltando só algo a mais lá na frente. Ainda assim, os avenses não estavam propriamente fora do jogo e encontravam brechas para se impôrem no marcador, mesmo que não no ritmo: Nildo tentou de muito longe e quase conseguia surpreender o guardião Carlos Henriques, Vítor Gomes acertou em cheio na trave já perto do intervalo. Pelo meio, uma grande defesa de André Ferreira, cedido pelo Benfica e a defender as redes do Aves pela primeira vez.
As ocasiões eram repartidas, o jogo começava a sê-lo também e a segunda parte começou com festejos dos (jogadores) avenses, mas o árbitro Cláudio Pereira tratou de os interromper anulando o golo de Nildo por posição irregular. O Aves crescia, Vítor Gomes evidenciava-se na construção a partir do meio-campo e pouco depois de passar a hora de jogo a equipa de José Mota aproximava-se de novo do golo, com o remate de Mama Baldé a desviar num adversário e a passar por cima. Na resposta, Wagner a ameaçar pelo Paços.
Os golos ainda ficaram perto (tão perto...) nos minutos finais (que foram quentinhos, com críticas plenamente audíveis de José Mota à arbitragem), mas Fatai permitiu a defesa de André Ferreira e El Adoua, um pouco depois, atirou forte à trave. 0x2 em bolas no ferro, 0x0 num dos dois principais ingredientes do futebol, os golos. Faltou também o outro, os adeptos. Haverá dias melhores.