(Artigo originalmente publicado em março de 2017, em vésperas da deslocação do FC Porto a Turim)
É uma história que vale a pena ser contada e que, sobretudo, vale a pena ser alvo de reflexão por parte de adeptos e dirigentes. Em Portugal inclusive, já que vários dos estádios construídos para o Euro 2004 estão completamente abandonados no plano desportivo.
Para o Mundial de 1990, a Itália, então uma potência futebolística de muito maior dimensão do que nos dias que correm, optou pela renovação da maioria dos seus estádios, alguns ao estilo olímpico, com bancada oval e pedaços descobertos, sendo a prioridade a cobertura dos mesmos.
Construído nos arredores a norte da cidade, o imponente novo palco albergava 69 mil espectadores e foi com grande frenesim que se viveu a mudança. No Mundial'90, ali jogou o Brasil toda a fase de grupos e também o jogo da eliminação contra a Argentina (0x1, golo de Cannigia). E jogou-se ainda a meia-final entre Alemanha e Inglaterra, que os germânicos venceram nas grandes penalidades (1x1).
Depois, começaram os defeitos...
Afastamento dos adeptos
Tudo somado e uma consequente quebra nas assistências, que diminuíam de ano para ano, obrigando os clubes a baixarem os preços e reduzindo a margem de lucro de uma obra que também tinha essa finalidade.
O afastamento dos adeptos era evidente e, no início do milénio, o Torino voltou para o Olímpico, deixando a Juventus com o novo estádio. Insatisfeitos com a redução dos adeptos no estádio, os responsáveis bianconeri decidiram tomar uma medida radical: 18 anos depois da construção e após 16 anos de atividade, o Delle Alpi cairia!
Uma nova lufada de ar fresco
A Juventus voltou então, de forma provisória, a dividir o Olímpico com o rival Torino durante várias épocas. Ao mesmo tempo, no lugar do Delle Alpi nascia o Juventus Stadium, uma nova arena que se distinguia por diferir do estilo italiano.
Agora, são 41 mil os adeptos que poderão apoiar a equipa num só jogo, muito mais próximos do relvado (está a oito metros do limite da bancada) e com um ambiente fechado e envolvente, bem como uma acústicamuito acentuada.
Talvez por esta razão as assistências tenham voltado a subir (quase sempre casa cheia) antes da pandemia, que o deixou como a todos os outros estádios: sem a sua essência.