Portugal está na final! Frente ao País de Gales, os lusos ganharam pela primeira vez em 90 minutos, num jogo onde dois golos no arranque da segunda parte foram decisivos. E razão tinha Fernando Santos: a mala está guardada para só voltar a Portugal no dia 11 de julho. 12 anos depois, a seleção volta a marcar presença no jogo decisivo.
Assumir o jogo, que coisa tão chata
O respeito era mútuo, o medo algum e o risco quase nenhum. Os galeses voltaram a apresentar três centrais e dois alas (Gunter e Taylor), se bem que esses eram muito mais defesas do que o que se tem visto. Portugal foi fiel ao seu sistema, com Danilo mais recuado no meio-campo.
Depois, pegaram os galeses, sem grande impetuosidade, um pouco desconfiados, mas muito mais objetivos. Gareth Bale assumiu a batuta e construiu o perigo, deixando a nu a principal dificuldade portuguesa: a falta de velocidade no centro da defesa. Uma e outra oportunidade, dois sustos, mas nada que fosse capaz de acertar na rede de Patrício.
Da primeira parte, pouco sobrou. Fernando Santos não gostou - foi bem visível - pois o trabalho no setor intermédio não estava a ser bem feito. À exceção de Adrien Silva, o melhor, muitas eram as correções para fazer no balneário.
Agora sim, já se ganha!
Foram cinco jogos consecutivos a empatar nos 90 minutos. Um sofrimento constante e que já parecia estar prestes a instalar-se novamente em Lyon. Mas não houve, porque, desta vez, houve cabeça. Ronaldo, o maior símbolo da equipa, voltou a aparecer com golo. Que grande cabeçada, no primeiro canto luso do jogo.
Mais três minutos, desta vez o pé de Ronaldo num remate torto, mas que encontrou Nani pelo caminho. Golo novamente! Num ápice, Paris ficou mais visível do que nunca. Dois golos de vantagem e só era preciso gerir.
Muito mais fácil a partir daí, o jogo correu de feição a Portugal, que viu Gales teimar num estilo muito flanqueado, com constantes cruzamentos que encontravam uma seleção lusa confortável (cá está a vantagem de ter sido Bruno Alves em vez de Ricardo Carvalho). Coleman bem tentou: tirou um trinco, meteu um avançado, depois refrescou o ataque e, por fim, tirou um dos centrais para meter um criativo. De 5x3x2, os galeses passaram para 4x3x3 com laterais muito subidos.
Nada que assustasse Fernando Santos. Experiente e astuto, o selecionador português soube esperar que os seus homens esgotassem as pilhas (Renato que o diga, depois de uma enorme arrancada que foi mal finalizada) para começar a mexer com pinças na equipa. Tira este, mete aquele para as mesmas funções e mantém o figurino e a ideia.
Não deixa de ser pertinente falar de Bale novamente. O número 11 tentou de tudo e fez tudo para que o desfecho não fosse este. Só que, também por causa da ausência de Ramsey, foi um jogador contra uma equipa. E não chegou, como é lógico.
Portugal está na final, em Paris. E o sonho nunca esteve tão perto!