Em Portugal, este jogo carregava o peso de uma iminente despedida. Em Inglaterra, era quase tratado como um honorário Manchester Derby, com Rúben Amorim a caminho dessa cidade. Em campo, foi um histórico (e apropriado) conto de superação, que acabou com o Sporting a vencer o Manchester City por 4-1.
Esqueça o calcanhar de Xandão, caro leitor. Isto foi algo de diferente. O campeão nacional recebeu o tetracampeão inglês, que na última jornada desta Liga dos Campeões atingiu um histórico recorde de 26 jogos sem perder, mas conseguiu sair em festa. Começou mal, com um golo sofrido muito cedo, mas uma obra-prima de futebol de transição e mais um hat-trick de Gyökeres levaram os leões a construir uma memória que durará para sempre.
Despedida não amoleceu o City
Mais de quatro anos e meio depois, o último caseiro de Rúben Amorim. E que circunstância tão distinta do primeiro, um 2-0 frente ao CD Aves! Perante um dos mais poderosos clubes europeus, na competição de maior prestígio, o treinador do Sporting disse adeus aos seus adeptos e foi prendado, mesmo antes do pontapé de saída, com uma bem servida dose de aplausos.
Ora, com uma despedida desta dimensão, houve talvez quem se esquecesse que do outro lado não estava - com todo o respeito por essas equipas - um Nacional ou um Estrela. Estava o Manchester City, tetracampeão inglês. O lembrete chegou logo ao quarto minuto, quando um erro de Morita castigo imediato: 0-1, marcado por Phil Foden.
Do encosto à crença
O início tremido fez circular uma brisa de dúvida no ar de Alvalade. Será que este Sporting não tinha evoluído assim tanto em relação ao que em fevereiro de 2022 perdeu por 0-5 com estes ingleses? Certamente não... Falamos de um onze bem mais jovem dos leões - média de 24,6 anos, em comparação com os 27,1 desse fatídico dia -, mas a juventude não impedia que esta fosse uma equipa mais preparada para os jogos de grande dimensão.
O 0-2 chegou a parecer uma questão de tempo, pela facilidade com que os ensinamentos de Guardiola levavam a sua equipa até ao último terço, mas não era essa a história que estava a ser escrita... Na verdade, o intervalo chegou com um empate no marcador e muita satisfação nas bancadas! Mérito para o miúdo Quenda, que levou a bola para o meio e armou o passe perfeito, e para Viktor Gyökeres, que não desperdiçou duas vezes. 1-1, mas o melhor ainda estava por vir...
45 memoráveis minutos
Os últimos 45 minutos de Rúben Amorim em Alvalade estiveram entre os melhores desta longa era. Uma segunda parte que roçou a perfeição, e que teve no seu arranque a parte mais icónica!
Ciente da sua responsabilidade, especialmente com toda a cidade de Manchester a assistir ao jogo, o City atirou-se aos leões e voltou a rondar a área, mas desta vez não encontrou tanto sucesso como na primeira parte. As oportunidades foram mais escassas e a maior de todas, uma grande penalidade conquistada após mão de Diomande, acabou por ser uma prova de que mais nada correria mal ao leão - Erling Haaland atirou à trave!
E esse nem foi o último penálti do jogo. Catamo entrou com a genica que habitualmente demonstra nos jogos grandes e conquistou mais uma bola parada que Gyökeres converteu, para chegar ao 4-1 e ao hat-trick. O final feliz veio depois do apito final, quando os adeptos se uniram em torno da equipa e cantaram, pela última vez, o nome do treinador que mudou o rumo do clube. Salientamos, uma vez mais: ninguém esquecerá.