«O problema não és tu, sou eu» é a desculpa cliché para esta situação, mas não é o caso. O problema é muito maior do que isso e merece uma grande reflexão do futebol português (falaremos disso em breve). O FC Porto foi humilhado no seu estádio, está praticamente fora da Liga dos Campeões e, em Dia de S. Valentim, acabou para a Europa esta época. Um recital de qualidade, ofensiva e defensiva, deixou a nu as fragilidades do conjunto luso, que acusou as ausências de elementos importantes.
Romance com traição...
Muitos celebraram no estádios, mais ainda deixaram a cara metade em casa e acorreram ao Dragão. Era a Champions e um duelo contra o Liverpool, um dos históricos europeus e mundiais, não se podia perder, fosse qual fosse a razão. Até porque a época está a ser boa por parte dos dragões, a esperança é grande num desempenho que devolva as conquistas ao clube. Só que uma coisa é a nível interno, outra é lá fora...
Era, por sua vez, um Liverpool muito prático, mas com uma fator decisivo: a pressão feita assim que os dragões concretizavam o primeiro passe mais longo. Aí, o setor intermédio, com Milner e Henderson muito experientes, atuavam de imediato, tal como os centrais (Van Dijk faz mesmo muita diferença), e normalmente ganhavam a bola, ora em antecipação, ora na dividida.
Assim surgiu o primeiro golo dos reds, com Wijnaldum a progredir da esquerda para o meio e a soltar para Mane, que marcou com alguma sorte à mistura. E também o segundo, numa reposição de Sá à procura de Soares, com rápida antecipação contrária a fazer a diferença.
Dois golos de desvantagem à meia hora de jogo encolheram, e de que maneira o dragão. Acordado para a realidade de um poderio diferente do adversário, o conjunto de Sérgio Conceição desceu e aceitou a troca de bola do adversário.
O intervalo era urgente.
Oito minutos bastaram para uma perda de bola no ataque e todo o espaço para os corredores dos ingleses, que, quatro para três, concretizaram a superioridade.
A eliminatória tinha o seu desfecho encaminhado, o que se viu ainda mais aos 70 minutos, quando nova perda de bola a meio permitiu o contra-ataque e o tom de goleada no marcador. Muitos dos adeptos não quiseram ver mais e saíram do estádio, enquanto outros, resistentes, se mantiveram a apoiar, como tinha de ser.
Porque, nestas coisas do amor, não faz sentido abandonar o outro quando o sentimento está lá. Custou, doeu ao adepto ver a equipa ser aniquilada nas suas imperfeições (ainda haveria o 0x5, pela mesma via), mas a ligação continua. Até porque agora, mais do que nunca, a prioridade é o campeonato.