Sem tabus nem receios, numa conversa marcada por uma frontalidade e sinceridade pouco habituais em quem fala sobre futebol em Portugal, Manuel Sérgio, professor catedrático e amigo de longa data de Jorge Jesus falou do treinador de 57 anos e de um Benfica «ultrapassado em algumas coisas do futebol.»
Uma conversa saudável, de Jesus ao Benfica
Sem «necessidade de se esconder», Manuel Sérgio, de 79 anos, marca o seu discurso pela simpatia e pela abertura na abordagem a vários temas. Começa por dizer, numa conversa com o zerozero, «que ainda não falou» com Jorge Jesus depois do empate em Vila do Conde, reconhecendo que lhe «custa falar de Jesus.» «É um homem que me trata muito bem, mas é evidente que tenho uma visão de futebol diferente da dele.»
Sobre a forte contestação dos adeptos do Benfica ao técnico, Manuel Sérgio acredita, sem certezas, que Jesus «já deve ter clube e, portanto, estará apenas à espera do momento para sair», considerando que «o ciclo no Benfica acabou.»
E se o destino for o FC Porto, o amigo Manuel Sérgio ficaria espantado? «Não, em lado nenhum. São profissionais. Estes homens não pensam como a maioria dos adeptos. Eles quando entram num clube estão prontos para sair e ele já deve ter a vida resolvida», explicou num tom tranquilo e sem polémicas, revelando até duas informações de amigos próximos.
«Hoje já me disseram que ele ia para o Valencia, veja lá. Mas também já me disseram que ele ia para o FC Porto, o que não estranha, porque ele dá-se muito bem com o Pinto da Costa. Aliás, o Pinto da Costa nunca fala mal dele, nem o Jesus do Pinto da Costa, de maneira que se ele for para o FC Porto também não estranho.»
A terminar, Manuel Sérgio, um estudioso do futebol e um homem da confiança de José Mourinho, deixou um reparo ao Benfica: «Dá que pensar como é que um clube tão grande ainda está ultrapassado em algumas coisas no que ao futebol diz respeito. É uma coisa interessante.»
«Dá a sensação que o Benfica não precisa de ganhar para ser grande, mas é evidente que precisa. O Benfica tem que se repensar. Aliás, ainda hoje ao telefone dizia a uma pessoa importante lá dentro do Benfica que eles têm que fazer um corte epistemológico para ser o clube que já foi», atirou