Leão em bom português

Três anos e duas edições depois, o Troféu Cinco Violinos fica em casa. No último teste antes da Supertaça, o Sporting teve nota claramente positiva, depois de vencer o Lyon por 3x2, numa excelente exibição da equipa de Rúben Amorim, que entrou a perder, mas conseguiu a reviravolta e criou muitas oportunidades para conseguir um resultado ainda melhor frente a um Lyon com muitas fragilidades defensivas, onde se evidenciou o português Anthony Lopes.

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Reviravolta com naturalidade

A pandemia tirou os adeptos dos estádios e o Troféu Cinco Violinos da época 2020/21. Um ano depois, ainda não foi desta que os adeptos leoninos, entretanto campeões, voltaram a casa, mas o Troféu Cinco Violinos regressou para ficar. 

Num Estádio de Alvalade com nova roupagem - há muito mais verde nas bancadas e a primeira impressão é claramente positiva -, com um Sporting também com nova roupa, utilizada no segundo tempo, mas divulgada antes da partida, como sempre com opiniões contrárias entre adeptos e adversários. Um verde fluorescente utilizado pela primeira vez num jogo de apresentação, como manda a tradição, mas sem a parte tradicional dos jogos de apresentação... as apresentações.

Paulinho marcou dois e deu muito ao jogo ©Kapta+

Sem adeptos e sem a habitual entrada dos jogadores um a um, no fundo foi mais um jogo de pré-época, mais um teste a uma semana da Supertaça e mais uma nota positiva para o campeão Sporting, obrigado a reagir à adversidade, mas com uma exibição de encher o olho, especialmente do ponto de vista ofensivo.

Num Lyon em processo de reformulação, após a chegada de Peter Bosz, o talento individual foi ajudando os franceses a entrarem bem na partida - Anthony Lopes foi enorme entre os postes e Aouar encantou com a bola nos pés - e um desacerto defensivo da equipa leonina, que parece ser, por agora, a maior dificuldade do Sporting, especialmente no lado esquerdo, onde Feddal sentiu dificuldades, foi aproveitado pelos franceses, que chegaram ao golo antes dos 10 minutos, já depois de Paulinho ter colecionado boas oportunidades para marcar.

Matheus Nunes no lugar que era de João Mário ©Kapta+

O golo francês não mudou nada nas ideias da equipa de Rúben Amorim, que foi sempre bem mais perigosa do que o Lyon. Com Pedro Gonçalves e Paulinho próximos um do outro, o ataque leonino fez sofrer uma sofrível defensiva francesa, que revelou momentos de desconcentração e sobretudo de péssimo posicionamento, algo que o Sporting acabou mesmo por aproveitar.

Anthony Lopes foi segurando a vantagem, com o poste a dar uma ajuda após finalização de Paulinho, mas a reviravolta leonina foi uma questão de tempo. Num contra-ataque muito bem conduzido, com Jovane a brilhar no passe, Paulinho bateu finalmente o guarda-redes português, que voltou a ir buscar a bola ao fundo das redes apenas quatro minutos depois, quando Gonçalo Inácio encontrou Pote nas costas da desalinhada defensiva gaulesa. A finalização do internacional português foi de classe e a vantagem ao intervalo foi mais do que merecida, acabando até por ser escassa, tal o volume ofensivo que a equipa de Rúben Amorim conseguiu criar.

A segunda parte trouxe um Sporting ao estilo Dortmund, mas igualmente muito melhor do que a equipa francesa. Se em alguns jogos da época passada, as dificuldades para criar lances de golo foram destacadas por Rúben Amorim, esse parece ser, para já, o alvo principal do Sporting 2021/22, que abriu o livro para fazer o 3x1, novamente com Paulinho a finalizar uma jogada muito bem construída à esquerda.

A uma semana da Supertaça, este Sporting mostrou estar bem e recomendar-se. Claro que há arestas a limar e faltam alguns reforços - Feddal não está, para já, à altura de uma equipa de Liga dos Campeões -, mas os indicadores foram tremendamente positivos.

As novas cores do leão ©Kapta+

Frente a um Lyon que acabou no 4º lugar da Ligue 1, o Sporting foi sempre bem melhor e nem as alterações fizeram abrandar a equipa portuguesa, que podia ter dilatado ainda mais a vantagem num golo bem ao estilo de Tiago Tomás, que, na profundidade, finalizou com toque subtil à saída de Anthony Lopes. O jovem avançado estava fora de jogo, mas, ainda assim, o lance deve servir para chamar a atenção de Peter Bosz - do ponto de vista francês, foi um excelente teste para perceber o que não fazer do ponto de vista defensivo, sendo que ofensivamente o Lyon também não foi uma equipa particularmente perigosa.

Ah, e no último minuto de jogo, de regresso a Alvalade, Slimani ainda fez o 3x2 (até já tinha marcado num Troféu Cinco Violinos). Estava escrito, não é verdade?