O Clube Desportivo das Aves tem sido, ao longo das últimas semanas, presença assídua na agenda mediática, mas não pelos melhores motivos. O emblema avense atravessa por dificuldades financeiras e, segundo Quentin Beunardeau, guarda-redes da equipa, grande parte do plantel não recebe salário desde dezembro de 2019.
«Estamos a entrar no terceiro mês de salários em atraso. Em dezembro de 2019 foi a última vez que recebemos, em 2020 ainda não recebemos um único salário», começou por dizer o guardião francês em declarações à Radio Monte Carlo (RMC).
«Em fevereiro começámos a protestar, tentámos falar com a direção e dissemos que íamos fazer greve aos treinos e aos jogos, tentámos marcar posição… era uma situação muito grave, inadmissível. Então na semana seguinte, um jornal escreveu que não tínhamos recebido por causa do Covid-19», acrescentou Beunardeau, referindo que a situação é cada vez mais insustentável.
«Eu tenho colegas de equipa que gritam no balneário ‘como é possível esta situação’. Aí, eles foram bater à porta dos dirigentes para pedir um adiantamento do salário, porque não é mais possível viver sem dinheiro. E mesmo assim, o clube não consegue fazer nada. Podemos rescindir? Na verdade ainda não, pois só agora está a entrar no terceiro mês… mas se a situação persistir…», afirmou o jogador que cumpre a segunda temporada na Vila das Aves.
«Antes do jogo com o Sporting, descobrimos que só os melhores jogadores tinham recebido»
A situação arrasta-se há já várias semanas e, mais recentemente, antes do jogo com o Sporting, o guarda-redes francês garante que o salário foi garantido a todos os jogadores. No entanto, não foi bem assim...
«Antes do jogo com o Sporting, a diretora-geral prometeu que nos iriam pagar os dois meses em falta. Nós concordámos em treinar e ir ao jogo. A meio da semana, antes desse jogo, ninguém tinha recebido. Mas foi então que nos apercebemos que só os dois melhores jogadores da equipa receberam, os nossos dois avançados que são os que têm os valores de mercado mais alto. Apercebemo-nos que a diretora-geral tinha pago a esses dois jogadores a partir da sua conta pessoal e quando descobrimos isso o resto da equipa enlouqueceu. Era para todos ou para ninguém», revelou o guardião francês de 26 anos que, garante, já pensa em deixar o país.
«Estou numa situação complicada. Fiz toda a minha formação em França e nunca conheci algo assim, de falta de salários. Aqui em Portugal a nível desportivo as coisas estavam até a correr bem do ponto de vista pessoal, mas tenho de pensar no meu futuro. Vamos ver o que acontece, se consigo ir para um clube melhor em Portugal ou no estrangeiro», concluiu Quentin.