A carreira do pai dispensa apresentações. As palavras, no caso de Domingos, aceitam ser um mero apêndice dos números: 158 golos, 143 dos quais com a camisola do FC Porto. Os 18 títulos na condição de profissional fazem o resto, com os sete campeonatos nacionais como joias maiores. Domingos Paciência, o pai. Esta quarta-feira, porém, o apelido pode ganhar uma nova dimensão: a de um título internacional. A acontecer, o mérito será do filho mais velho, Gonçalo.
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Com uma carreira, até à data, menos impactante - na forma de títulos e de preponderância num clube - do que aquela que teve o progenitor, a verdade é que o avançado, de 27 anos, do Eintracht Frankfurt pode conquistar aquilo que o pai Domingos nunca logrou – enquanto jogador e treinador. A final da Liga Europa, no Sánchez Pizjuán, em Sevilha, entre os alemães e o Rangers, é a oportunidade de uma vida para Gonçalo Paciência saborear, por fim, um sucesso maior.
Domingos, tão perto e tão longe
![]() | Domingos Paciência 21 títulos oficiais |
Prestes. E foi esse detalhe que «tirou» a Domingos a possibilidade, desde logo, de se ter sagrado campeão europeu. Em 1987, na noite de Viena, o então jovem jogador (tinha apenas 18 anos) ainda era opção exclusiva nos juniores do FC Porto; a estreia pelos seniores deu-se apenas na época seguinte.
Mas há mais. Se Domingos falhou a final frente ao Bayern de Munique, também não esteve na conquista da Supertaça Europeia frente ao Ajax de Amesterdão. Embora já fizesse parte do plantel principal dos azuis e brancos, o avançado acabou por não ser utilizado pelo treinador croata Tomislav Ivic em nenhum dos dois encontros frente aos neerlandeses. Com isso, Domingos falhou por um triz dois títulos internacionais enquanto jogador.
Mais tarde – bem mais tarde, 24 anos depois -, já na pele de treinador, o sonho europeu voltou à esfera da realidade na vida de Domingos. Contudo, e numa espécie de reencontro distorcido com a história, o então comandante do SC Braga acabaria por perder a final da Liga Europa, em Dublin, para o… FC Porto (0-1). Os dragões, sempre eles, como uma segunda pele sobre a alma de Domingos.

Gonçalo, o team player
De pai para filho(s). O ADN de jogador prosperou na família Paciência, com Gonçalo e Vasco a respeitarem o legado. E Gonçalo, esse mesmo, está agora no epicentro da árvore genológica. Parte integrante do percurso histórico do Eintracht Frankfurt, o ponta de lança vai viver a sua primeira final europeia ao serviço do clube que, enquanto profissional, mais vezes representou. No currículo, para além dos títulos jovens, o internacional português tem duas faixas de campeão: uma pelo FC Porto e a outra pelo Olympiacos.
A temporada 2019/20 foi, até ao momento, a melhor época de Gonçalo Paciência na Alemanha, com 10 golos em 43 jogos. Antes e depois, o número de partidas foi menor, mas os cinco golos em 25 aparições em 21/22 são, ainda assim, uma marca de relevo – dois desses golos foram na Europa. Apesar de não ser uma figura intocável no onze, o português é uma figura carismática e apreciada no balneário e pelos adeptos, tendo-se tornado a «imagem» dos festejos do Eintracht na caminhada até à final de Sevilha.