Durante anos, o nome de Filipe Chaby foi sinónimo de 'promessa'. O miúdo que encantou em Alcochete, com uma bola colada ao pé e com uma visão de jogo que o colocava sempre dois passos à frente dos outros, era visto como uma das maiores pérolas da formação leonina.
Cresceu no Sporting, onde chegou ainda menino e se fez homem, moldando-se não só como jogador, mas como pessoa. Era um daqueles médios criativos que faziam sonhar e muitos viam a chegada à equipa A como uma mera burocracia dado o talento demonstrado.
A vida, no entanto, raramente segue os caminhos que imaginamos para ela. Essa estreia nunca chegou. Lesões, decisões difíceis e uma série de empréstimos - da Madeira a Coimbra, passando pela Covilhã, Estoril e tantos outros. Foram anos de adaptação constante, de resiliência e de recomeços, com momentos altos e outros nem tanto, mas sempre com a paixão pelo jogo a manter tudo de pé.
No meio desse percurso atribulado, o Sporting foi mais do que um clube. Quando tudo parecia desabar, foi a casa onde encontrou ajuda e uma mão estendida nos momentos mais duros. Se a formação lhe deu as bases, foram gestos como esses que lhe devolveram a possibilidade de continuar a sonhar com a bola nos pés. Ainda hoje, mesmo sem se ter estreado oficialmente pela equipa principal, o sentimento é de gratidão - mas também de dor.
Porque sim, há feridas que não saram totalmente. E a estreia que nunca aconteceu ficou gravada como uma das maiores mágoas de uma carreira que poderia - talvez até deveria - ter sido diferente. Não por falta de talento, mas por aqueles detalhes que mudam destinos e que tantas vezes escapam ao controlo de quem está dentro das quatro linhas.
Nesta entrevista, Filipe Chaby olha para trás com honestidade, fala do que o futebol lhe deu, do que lhe levou e do que ainda pode vir. Fala do Sporting, dos empréstimos, das lesões, da Indonésia, do Azerbaijão e, sobretudo, de como se reconstrói uma carreira quando o plano A não se cumpre.