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      Passagem fugaz em Portugal

      Filip De Wilde, o belga com 'coração de leão': «O Damas foi muito importante para mim»

      2024/12/09 12:59
      ENVIADO ESPECIAL Miguel Freitas em Bruges:
      E0

      É difícil encontrar ligações entre a Bélgica e o Sporting no que a jogadores diz respeito. Excetuando Zeno Debast, que aterrou em Alvalade esta temporada, que atletas é que envergaram a camisola leonina oriundos de território belga? A extensa base de dados do zerozero permite consultar essa informação em poucos segundos, pois claro.

      Os resultados são imediatos e rapidamente despertam na nossa memória algumas lembranças: Mbo Mpenza e Filip De Wilde. Conseguiria adivinhar estes nomes? O primeiro passou pelos leões entre 1999/2000 e 2000/2001, após uma aventura bem sucedida com as cores do Standard Liège. Um avançado que ajudou a equipa a conquistar mais um Campeonato Nacional - ponto final em 18 anos de jejum.

      Filip De Wilde
      Total
      598 Jogos  53126 Minutos
      548   11   6   02x

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      O segundo, por sua vez, também chegou proveniente da Bélgica, mas do Anderlecht. Acabou por 'abandonar o barco' em 1998, depois de 29 jogos realizados na segunda temporada. Apesar de não ter conquistado nenhum título nesta passagem, o internacional belga deixou a sua marca nas balizas leoninas.

      É altura de voltar atrás na história. Convidámos Filip De Wilde a falar da curta experiência por Portugal, relembrando tudo o que aconteceu de forma positiva e negativa. O antigo guarda-redes, atualmente com 60 anos, atende-nos de forma sorridente para falar sobre diversos tópicos relacionados com a esfera leonina. Uma viagem ao passado, mas com um olho no presente.

      Da Bélgica até Portugal

      O guardião começou a sua carreira a nível senior em 1981/1982, na altura no KSK Beveren. Por lá ficou até 1986/1987, altura em que decidiu aceitar o convite do projeto do Anderlecht, um dos clubes mais fortes e poderosos do panorama do futebol belga. Dito e feito. O estatuto nesta primeira passagem 'permitiu' alcançar quatro títulos da Liga Belga (1990/1991, 1992/1993, 1993/1994 e 1994/1995). Uma altura de domínio absoluto.

      Depois de um pequeno período de adaptação, Filip De Wilde agarrou a titularidade e somou centenas de jogos a titular, tornando-se uma peça fundamental na equipa. Em 1996/1997, porém, apareceu o Sporting. «Vi várias gerações do Anderlecht a passar e percebi que os melhores jogadores foram transferidos para o estrangeiro», começou por referir o belga, em conversa com o zerozero.

      «Quem se mudava para Portugal - vindo de fora - tinha uma grande vantagem: as taxas, que eram bastante favoráveis naquela altura. Foi uma das principais razões que me levaram a aceitar o convite para ingressar no clube. Decidi correr esse risco e viajar até solo português.»

      Iordanov, Oceano, Marco Aurélio ou Pedro Barbosa. Podíamos estar a falar durante largos períodos de tempo: não faltavam nomes importantes na equipa que encontrou em Lisboa. Perguntamos a Filip de quem é que se lembra com maior clareza. A resposta foi rápida e com uma história... engraçada pelo meio.

      «[Risos] Claro que me recordo da aventura com o Ricardo Sá Pinto! Ele não foi chamado para a seleção portuguesa e acabou por estar afastado durante algum tempo [n.d.r devido à ausência da convocatória efetuada por Artur Jorge para o encontro diante da Irlanda do Norte com Portugal]. Uma peça fundamental para nós, uma vez que era um jogador essencial na nossa estratégia. Acabou por assinar pela Real Sociedad na temporada seguinte.»

      Robert Waseige foi um dos grandes responsáveis por juntar Filip De Wilde à lista de craques anteriormente mencionada. O timoneiro belga estava a cumprir a primeira temporada no Sporting e decidiu adquirir os serviços de um jogador com bastante experiência. No entanto, o técnico acabou por abandonar o cargo a meio da época (16 jogos realizados e nove vitórias), dando lugar a Octávio Machado.

      Filip De Wilde
      6 títulos oficiais

      «Lembro-me bem do primeiro ano em que estive no Sporting. Éramos uma equipa muito forte do ponto de vista defensivo. Infelizmente, tínhamos mais dificuldades no ataque, caso contrário, até podíamos ter sido campeões nessa temporada [n.d.r acabaram no segundo lugar]. Fomos confrontados com um período de hegemonia por parte do FC Porto», atirou, antes de falar de um nome sonante no futebol português.

      «O Mário Jardel, nessa altura, ainda jogava pelos nossos adversários [risos]. Depois acabou por assinar pelo Sporting e continuou a marcar golos. O Robert Waseige levou-me para Portugal, no entanto, não ficou no banco de suplentes durante muito tempo. Seguiu-se o Octávio Machado, que nos guiou até ao segundo lugar e, assim sendo, para as pré-eliminatórias da Champions League. Estar nessa competição com a camisola do Sporting foi uma experiência maravilhosa», referiu.

      «A falta de estabilidade foi importante para a minha saída»

      38 jogos em 1996/1997. 29 jogos em 1997/1998. Apesar de ter realizado 67 encontros em solo português, decidiu regressar a casa, ao 'seu' Anderlecht. «Eles estavam interessados em mim e o selecionador nacional nessa altura, o Georges Leekens, queria que eu estivesse a jogar e tivesse ritmo de jogo para entrar nas escolhas», explicou Filip.

      Internacional belga em 33 ocasiões @Getty /
      «Apareceu a oportunidade para voltar a ser o número um do Anderlecht, um cenário que não verifiquei enquanto estive no Sporting. A falta de estabilidade também acabou por ser o ponto importante para a minha saída [n.d.r quatro treinadores na segunda temporada]. Estavam numa fase de transição e foram dias algo complicados, algo que contribuiu para voltar ao meu país», acrescentou, antes de confidenciar que estava «feliz» na capital portuguesa.

      «Encontrava-me bem, estava a cumprir um contrato de quatro anos. Se fosse por mim, teria ficado. Lembro-me de pensar que ia cumprir o vínculo até ao fim, mas as coisas acabaram por acontecer de outra forma. Surgiu a chance de voltar a uma casa que me dizia muito.»

      Já passaram vários anos, mas como é que Filip de Wilde olha para esta transferência? Algum arrependimento? Teria feito algo de forma distinta? Nada disso. «Estou bem com a decisão que tomei. As coisas a nível pessoal até foram melhorando, pois a minha família, numa primeira instância, não queria muito ir para Portugal. A minha mulher e as crianças, passado dois anos, contaram com dificuldades para regressar à Bélgica. Tiveram uma ótima experiência em Lisboa [risos]», disse.

      Vítor Damas marcou uma era nas balizas portuguesas @FPF
      Não podemos terminar este capítulo do Sporting sem uma menção a Vítor Damas, treinador de guarda-redes da altura, depois de se consagrar como um dos maiores nomes da história do clube. «Tu sentias que ele tinha estado ao mais alto nível durante vários anos. Em todos os aspetos do jogo. A experiência que ele adquiriu foi muito importante para mim porque não me tentou mudar, mas sim apoiar com insistência. O dia em que ele teve de parar de exercer funções no Sporting foi bastante complicado para mim.»

      «Principais qualidades do Vítor? Humanas e futebolísticas, um pouco de tudo. Transmitiu-me confiança para tentar ser importante no Sporting. Era uma excelente pessoa e isso é o que guardo com mais carinho. Ainda hoje valorizo essas virtudes e lembro-me dessa altura com um sorriso», disse.

      «O meu coração continua a ser de leão»

      Após a saída do Sporting, Filip De Wilde foi para o Anderlecht e por lá ficou até 2003/2004, altura em que decidiu dar um novo rumo à sua carreira, agora no Sturm Graz, da Áustria. Ainda jogou pelo Lokeren e Geel (Bélgica), onde se retirou em 2004/2005. E agora? Por onde anda o antigo internacional belga?

      Apoio garantido na Bélgica @Catarina Morais / Kapta +
      «Nos últimos anos fui o treinador de guarda-redes da seleção da Bélgica sub-21. Agora estou retirado [risos]. A quebra na ligação foi uma decisão que partiu da Federação Belga de Futebol. Não tive nada a ver com isso (...) O conhecimento que adquiri como guarda-redes foi importante para passar para um papel de técnico. É fundamental ter essas experiências. Quem não esteve dentro de campo acaba por partir um passo atrás, pois nunca vivenciou toda a pressão e o facto de estar no relvado», acrescentou.

      Antes de desligarmos a chamada, pedimos um prognóstico relativamente ao encontro entre Club Brugge e Sporting, para a Liga dos Campeões. «[Pausa] Existe sempre uma rivalidade entre o Club Brugge e o Anderlecht [risos]. O meu coração continua a ser de leão! [risos]. Espero que o Sporting faça uma boa exibição e vença.»

      «É bastante difícil adivinhar um resultado. Adoraria que o jogo terminasse 0-3 para o Sporting [risos]. Acho que vai ser um encontro difícil para o Sporting, mas acredito que arrecadar um desfecho positivo é possível», finalizou o antigo guarda-redes belga.



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