Uma lesão muscular no glúteo esquerdo deixou Diogo Costa fora de combate. O habitual dono da baliza do FC Porto perderá os próximos jogos - dois, no mínimo - e cederá o posto ao seu fiel escudeiro das últimas quatro épocas, Cláudio Ramos.
O beirão fez apenas quatro jogos oficiais em 24/25 - dois na Taça de Portugal e dois na Taça da Liga - e tem a estreia marcada na I Liga para a Reboleira, no sábado, pelas 20h30.
O jogo apresenta um grau de exigência elevado, mas Cláudio Ramos é um conhecedor da pressão da camisola azul e branca e um reconhecido líder de balneário. Respeitado por todos pela sensatez e equilíbrio, o atleta de 33 anos terá oportunidades para comprovar o nível que já o levou à Seleção Nacional em 2018: quatro minutos (mais os descontos) em Glasgow.
O Jamor como atestado de confiança
Contratado em 2020 ao Tondela, Cláudio teve a paciência suficiente para suportar o terceiro posto na hierarquia de keepers. Marchesín e Diogo eram as primeiras opções de Sérgio Conceição e só em dezembro de 2021 - um ano e meio após a chegada - o atual treinador do Milan lhe proporcionou a estreia: 1-0 frente ao Rio Ave na Taça da Liga.
A saída do argentino para Vigo em 2022 permitiu a Cláudio dar um passo em frente e passar a ser a segunda opção para a baliza.
Jogos
Minutos
Golos
Assistências
0
0
2x
Dias depois da conquista, Cláudio visitou o zerozero para uma grande entrevista. O título resumia o estado de espírito do menino nado e criado em Touro, pequena aldeia no município de Vila Nova de Paiva: «Se não estivesse pronto para ser titular, não andava no FC Porto a fazer nada.»
«A primeira época no FC Porto foi a mais difícil que tive na carreira. No futebol, claro, mas também fora do trabalho. Não jogava, chegava a casa e tinha um filho pequenino, foi difícil», desabafou durante a conversa conduzida pelo jornalista Humberto Ferreira, ao mesmo tempo que prometia ambição.
«Não basta dizer que estou preparado. Se aos 31 anos, e com três anos de FC Porto, dissesse que não estava preparado, então não andava lá a fazer nada. Só posso demonstrá-lo em campo.»
No total, Cláudio Ramos leva 28 aparições pelo FC Porto, número que aumentará nas próximas semanas. É o 24º guarda-redes com mais jogos pelos dragões em toda a história, numa lista comandada pelo inalcançável Vítor Baía: 566 jogos oficiais.
Cláudio está a 19 encontros de igualar Joaquim Torres (1976-1980) nesta galeria de ilustres das luvas.
«Queremos arranjar um defeito ao Diogo e não conseguimos»
Diogo Costa e Cláudio Ramos têm uma excelente ligação. Há admiração e respeito mútuos, o que muito facilita o trabalho de Diogo Almeida e Darío Herrera, responsáveis por esta posição tão específica.
Na entrevista ao zerozero, Cláudio endossou elogios vários ao colega de função.
«O Diogo é diferente. Queres arranjar um defeito ao Diogo e não consegues. O que é que ele tem de mau? No que é que ele é pior? Não consegues dizer. Chegas a um computador e queres fazer um guarda-redes quase perfeito. Um guarda-redes top. Vai-te sair o Diogo. Rápido, bons nos cruzamentos, bom no jogo de pés, bom entre os postes.»
A qualidade superlativa do titular do FC Porto e da Seleção Nacional explica este estatuto secundário de Cláudio Ramos. Nada que atemorize o beirão, habituado a acorrer em momentos sensíveis. Seja no relvado, seja nos bastidores.
Não por acaso, foi no automóvel de Cláudio que Otávio Ataíde, protagonista maior da polémica noitada na Boavista, abandonou o treino no dia a seguir à farra.
Gestos de capitão.
