Carlos Queiroz: «Ruben Amorim? Ele saberá os caminhos que tem de traçar»

Carlos Queiroz esteve presente no fórum de treinadores da Associação Nacional de Treinadores de Futebol. O é português falou da sua experiência enquanto treinador adjunto do Manchester United, apontando que Ruben Amorim, embora tenha um desafio duro, «sabe o caminho que tem de traçar».

«Ruben Amorim? Ele saberá os caminhos que tem de traçar. Mas este momento do Ruben lembra-me o período do declínio que nós passámos, na época de 2003/04 também. O Manchester United é um clube com caraterísticas muito especiais. E é um clube que tem uma cultura muito própria, com adeptos da classe trabalhadora e um ambiente desse tipo. Se eu pudesse transmitir isto para o Ruben, se calhar, teria algumas conclusões a fazer. Daquilo que eu conheci como jogador, porque tive o privilégio de dar-lhe a primeira internacionalização ao serviço do futebol português, acredito que ele vai conseguir, mas não vai ser fácil, porque o clube caiu muito.»

O português não apontou culpas a pelo que se passa no clube a ninguém, mas lançou críticas à atual direção: «O United, em determinados aspetos, por exemplo, no critério de seleção dos jogadores, tem sido uma prova de erros constante. O clube confundiu trazer os melhores jogadores com fazer as escolhas certas.»

O treinador de 72 anos diz que Ruben Amorim precisa de tempo para impor a «ordem natural» que está para ser restaurada desde a saída de Sir Alex Ferguson do comando técnico dos red devils:

«Penso que uma das coisas que aconteceu no clube foi que vários grandes treinadores que chegaram depois de Ferguson não perceberam a génese do clube e o legado do passado técnico. Quando Ferguson sai não é uma ameaça, ele reforma-se. Nenhum treinador tem de sentir esse peso ou sentir-se ameaçado. [Quando saiu] começou a ser uma espécie de 'mini kingdoms'. Pequenos reinados de figuras, que começaram a estar e a apresentar-se um pouco acima do clube. O Ruben aparece num momento em que reverter isto demora tempo. Vai ter de ganhar e depois perder e depois ganhar mais e depois perder novamente. Restabelecer, no fundo, a ordem natural.»