*Com Rodrigo Costa
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Ao longo da história do futebol português foram muito poucos os clubes que conseguiram concretizar a chegada à I Liga após subir duas vezes, de forma consecutiva.
A primeira equipa a assinar o nome na lista de formações que alcançaram a dupla ascensão até ao primeiro escalão foi o SC Salgueiros no distante ano de 1951.Desde então, mais onze equipas repetiram o feito, das quais duas até bisaram nesse tento.
Atualmente, o FC Alverca vive sob essa mesma possibilidade, visto que se encontra na luta pelos lugares cimeiros. Tendo isto em conta, o zerozero foi falar com o melhor marcador da história do emblema ribatejano, Cajú.
Já aposentado, atualmente, o ex-atleta vestiu a camisola dos alverquenses entre 1997/98 e 2003/2004, período em que assinalou também uma breve passagem pelo FC Porto, pelo meio.
O ex-avançado abriu a conversa a contar: «Tenho acompanhado o Alverca, não tanto quanto gostaria, mas tenho acompanhado. Acompanhei a subida [na época passada], tenho visto que têm feito bons jogos, mas a verdade é que gostaria de acompanhar mais!»
«Fantástico! Não sabia! Acho fantástico!» acrescentou com muita alegria, quando explicamos a possibilidade do Alverca se juntar ao reduzido leque de equipas que somaram as duas promoções consecutivas com rumo à I Liga.
A chegada ao Ribatejo, as subidas e as descidas
Referência no clube com um total de 62 golos, Cajú acompanhou a equipa em bons e maus momentos.
Na primeira época, em que veio acompanhado de Deco do Corinthians-AL para Portugal, marcou 21 golos em 36 jogos, tornando-se uma das peças fundamentais na subida ao primeiro escalão.

A conversa ganhou rumo e o ex-avançado começou por escavar memórias: «Recordo mais a primeira subida [em 97/98], pois foi quando cheguei em Portugal. Naquela altura o Alverca era um clube satélite do Benfica e tivemos um ano fantástico com uma campanha formidável.»
«Também me recordo das descidas, não me recordo do ano. Não sei se estava no Porto quando eles desceram, mas recordo-me de voltar e nós subimos mais uma vez de divisão e também foi muito bom, mas descemos logo no ano a seguir, que é algo que não é fácil, mas tive esse privilégio de viver todos esses momentos», recordou o ex-atleta.
Atualmente ligado ao futebol, mas fora dos relvados, Cajú trabalha na terra natal como olheiro no Bahia que há cerca de dois anos foi maioritariamente adquirido pelo Grupo City, que também gere, por exemplo, o Manchester City, o Girona e o New York City FC.
Memórias passadas que continuam bem presentes
Entre conversa e conversa, o ex-ponta de lança, que não conseguiu largar o futebol, voltou a avivar memórias que mais o marcaram: «Quando subimos pela primeira vez ao primeiro escalão. Nessa época tivemos grandes jogos em casa contra o Benfica, Sporting e acho que até conseguimos ganhar muitos deles, creio que falhamos até com o FC Porto. Mas tivemos um ano maravilhoso onde todos os atletas que estiveram nesse ano foram jogadores que depois acabaram em grandes equipas, mais tarde.»

Detalhes do jogador, que não falhou nas recordações relativas à temporada de 1998/99, que recordava a vitória em casa por 3-2 frente ao Sporting com hat-trick de Nandinho e uma dura derrota por 1-5 com o Porto de Mário Jardel, Capucho, João Manuel Pinto e Carlos Secretário.
«Acho que teve um golo que me chamou muito a atenção. Foi de penálti, acho que era no último jogo e foi no final da segunda parte e precisávamos de vencer para ficarmos na primeira liga», acrescentou Cajú recordando um grande momento.
Apesar das dúvidas sobre qual seria o jogo, uma rápida pesquisa no nosso portal rapidamente encontrou a resposta. Cajú falava de um penálti no jogo frente ao Campomaiorense na jornada 34 em 00/01, onde a vitória por 2-1 deu à equipa os pontos necessários para evitarem a descida.
«Há outros golos que me recordo bem, como o golo de cabeça ao Sporting, um golo contra o Benfica que ficou marcado pelos jogadores que lá estavam como o Simão Sabrosa e o Robert Enke na baliza. Recordo-me mesmo muito bem desses golos!», denotou, o ex-atleta do Alverca.
Nesta última lembrança, Cajú mencionava mais dois duelos, desta vez com dois dos grandes. O jogo da 20ª jornada em 2001/02, em que saltou do banco e, por momentos, empatou a partida que acabaria com um 1-3 favorável aos leões.
O brasileiro recordava também o 1-3, frente ao Benfica, quatro jornadas depois, onde marcava o único golo do Alverca aos 79 minutos de jogo reduzindo a desvantagem.
O conselho e o possível retorno a Portugal
Depois de muitas memórias avivadas, numa conversa marcada pela felicidade e simpatia do jogador, houve também a necessidade de deixar um conselho aos atuais membros do plantel do Alverca.
«O mais importante agora é manter os pés no chão, com calma, sabendo qual é o objetivo e mantendo uma constante, nos resultados positivos que têm tido. Depois é necessário manter a humildade, o trabalho, pois acredito que o Alverca possa chegar mais uma vez à I Divisão», indicou o ex-jogador.
Com 174 partidas somadas, divididas pelas sete temporadas na equipa, Cajú explicou com muito ânimo a possibilidade de ser homenageado pelo clube português.

«No outro dia falei com um amigo que é ligado ao Bruno Vicintin, que está na frente do Santa Clara e do Alverca, e falou-me da possibilidade de haver uma homenagem para que pudesse ir a Alverca, tendo em conta os números que alcancei com a equipa e disse mesmo que ia querer ver isso e ter a oportunidade de voltar a Portugal para essa ocasião», explicou o ex-jogador de 48 anos.
Em fecho de conversa, aproveitámos para questionar o goleador do Alverca sobre a possibilidade do regresso a Portugal: «Ainda falo com o presidente do FC Alverca, Fernando Orge, que é uma pessoa que me atende sempre o telemóvel, e vamos falando, mas perdi um pouco o vínculo com muitas pessoas daí, apesar de ser muito lembrado ainda no clube, mas ainda tenho a intenção de voltar e passar um pouco junto do clube. Estou só à espera do convite. [risos]»
Depois de muitas recordações e conselhos, com possibilidades pelo meio, resta agora saber se veremos novamente o rosto de Cajú novamente pelo território luso e se o Alverca segue em predisposição para a subida.