Na Alfândega do Porto foi noite de apresentação oficial da candidatura à presidência do FC Porto por parte de André Villas-Boas. Num discurso emotivo, o antigo técnico enunciou palavras sentidas e recordou vários elementos ligados à história portista.
«Sou candidato à presidência do FC Porto. Um momento de grande significado para mim. Um passo de grande responsabilidade tomado com a consciência de um único propósito: servir o FC Porto. Sou candidato porque quero um FC Porto mais forte, mais competitivo e mais vencedor. Sou candidato porque quero o FC Porto dos sócios e para os sócios. O nosso compromisso é com a vitória, neste clube vence-se desde 1893. O vídeo mexe nos sentimentos, toca no coração e traz muitas memórias, de infância, o primeiro olhar, amor desconhecido, camisola de Dragão ao peito, azul e branco, o FC Porto. Quando entramos no campo das emoções somos capturados pela intensidade, memórias únicas, a bilheteira das Antas, torniquetes, golo, ser campeão, a festa nos Aliados, o nosso FC Porto. Entre famílias esta é uma história de amor. Ser do Porto é uma elevação que nos distingue. Tudo isto a razão da minha candidatura.»
O candidato continuou, recordando Pinto da Costa. «Estamos e estaremos sempre gratos a Pinto da Costa. Será para todos nós o presidente dos presidentes do FC Porto. Mas é tempo de mudança, tempo do FC Porto se lançar para uma nova fase da sua vida, de construirmos um futuro ainda mais ganhador, assentes em princípios de inovação, ética e transparência.»
«Não somos capazes de construir valor, de crescer enquanto organização, de fomentar o associativismo que tanto nos orgulha. De repente, parecemos capturados por um conjunto de interesses alheios ao FC Porto que ferem os valores fundamentais da nossa instituição.»
«Nos últimos dez anos, o FC Porto conseguiu encaixar mais de 700 milhões de euros. E, em transmissões televisivas, 1,1 milhões de euros em dez anos. Temos dívida financeira, capacidade ameaçada, as contas entraram em total descontrolo. Temos um clube que não foi capaz, agarrado a uma gestão sem rumo e sem nexo. A falta de transparência instalou-se com conflitos de interesse que prevaricam contra os interesses do clube. Promessas, premissas e prazos que ficam por cumprir. Estão a ser tomadas decisões estruturantes que podem hipotecar o futuro do FC Porto nos próximos 15 anos. Está ou não a ser vendida uma empresa do FC Porto a um fundo americano? Se sim, porque somos os últimos a saber? Na teoria é muito fácil falar, mas na prática é diferente. São inúmeras as contratações falhadas ou servem a outros interesses alheios ao FC Porto. Jogadores a sair a custo zero. Estamos a chegar mais tarde aos talentos, estamos a ser ultrapassados pelos rivais. Formar ou encontrar o jogador à FC Porto é uma obrigação. Assente em transparência e inovação. Quanto mais tivermos mais honramos a mística.»
Nesta cerimónia, estiveram presentes nomes como Jorge Costa, Nuno Valente, Maniche, Daniel Sousa (atual treinador do FC Arouca), Carlos Abreu Amorim, Tiago Mayan, Cecília Pedroto, Angelino Ferreira, Rolando, Helton ou Nuno Encarnação, bem como António Sousa (campeão de Viena) e o filho Ricardo Sousa.