Resplendor, luz intensa que deslumbra.
O que brilha repentinamente e logo se desvanece.
Que é muito rápido.
Clarão súbito e rápido proveniente de descarga eléctrica entre duas nuvens ou entre uma nuvem e a Terra.
Ainda que estas sejam as definições oficiais no que ao dicionário diz respeito, acreditamos que adicionar 'Adrian Doherty' aos sinónimos de 'Relâmpago' não é, de todo, algo descabido. Afinal de contas, foi à velocidade da luz que o antigo jogador do Manchester United viveu, tanto dentro como fora do campo.
Figura de culto para muitos e um perfeito desconhecido para outros tantos (porventura para a maioria), Adrian Doherty foi um dos maiores talentos a passar pela formação dos red devils. E não, não somos nós que o dizemos.
«Eu jogava à esquerda e ele à direita. O Adrian era um talento incrível, era realmente um prazer jogar com ele. Era daqueles jogadores que nos deixava com um sorriso na cara com aquilo que conseguia fazer nos treinos.» É desta forma que Ryan Giggs, figura incontornável da história do United, descreve o antigo colega de equipa.

Para além da qualidade futebolística que lhe é reconhecida, há outros condimentos que tornam a história de Adrian Doherty ainda mais especial. Ao contrário da maioria dos miúdos com quem partilhava balneários no final da década de 80/início da década de 90, o ex-jogador gostava de filosofia, poesia e música, sendo visto com frequência acompanhado pela sua guitarra.
Com todos estes dados em cima da mesa, fica a dúvida: por que razão o nome de Doherty não é mencionado com mais frequência no contexto futebolístico? Por que razão o norte-irlandês não foi o sétimo elemento, juntamente com David Beckham, Nicky Butt, Ryan Giggs, Paul Scholes, Gary Neville e Phil Neville, da mítica 'Class of 92'?
Em 1991, então com 17 anos, o extremo sofreu uma grave lesão no joelho. Poucos anos mais tarde, e tendo também em conta que os seus níveis de motivação para o futebol já estavam claramente abaixo do que era exigido, 'Doc' decidiu terminar a carreira sem se ter estreado pela equipa principal do Manchester United e praticamente sem somar minutos enquanto sénior.
Em 2000, aos 26 anos, Adrian caiu a um canal na cidade de Haia, nos Países Baixos, e acabou por falecer a 9 de junho. No dia em que se assinalam 25 anos desde o desaparecimento do ex-Manchester United, o zerozero recorda-o junto de quem com quem ele conviveu e de quem bem o conhece.
Afinal de contas, pode haver beleza na efemeridade...