«Barrilete Cósmico» é o espaço de entrevista mensal de Rui Miguel Tovar no zerozero. Epíteto de Diego Armando Maradona, o nome do espaço remete para mundos e artistas passados, gente que fez do futebol o mais maravilhoso dos jogos. «Barrilete Cósmico»
Ai os imortais, os imortais.
Dani estaciona, sai do carro e começa a meter moedas sem parar. Uma, duas, três, quatro, cinco. O relógio de Portugal Continental marca quatro da tarde, o relógio daquela máquina da Emel já dá nove da manhã do dia seguinte. Já chega, digo-lhe. Agora sim, responde Dani com um sorriso. 'Isto com o senhor Aurélio vai ser épico.'
Pois então cá estamos à porta da casa de Aurélio Pereira, é o dia 24 de Março. Subimos ao sétimo andar, viramos à direita, entramos em casa do mestre, viramos à esquerda para a sala e o Aurélio recebe-nos de braços abertos, com um sorriso generoso. Pleonasmo, bem sei. O sorriso do Aurélio sempre foi a sua imagem de marca. E as piadas de circunstância, invariavelmente bem metidas.
E o tom de voz tranquilo. E a queda para cantar o fado. E o conhecimento. E a brincadeira. E a bonomia. E a serenidade. E a humanidade. E o sorriso. De volta ao sorriso.
Ai os imortais, os imortais. Eles andam aí. Eu sei, tu sabes, eles sabem, nós sabemos, vós sabeis, eles sabem. Todos sabem.
Aurélio é imortal. Ouçamo-lo numa entrevista com Dani, um dos 62 internacionais AA treinados e / ou escrutinados pelo maior olheiro do universo e arredores.
NOTA: a conversa entre Rui Miguel Tovar, Dani e Aurélio Pereira realiza-se duas semanas antes do falecimento do Senhor Formação. Com a autorização das suas filhas, o zerozero publica este documento histórico. A última entrevista de uma figura ímpar e inesquecível do futebol português. Até sempre, caro Aurélio!