«Subi montanhas tipo Rocky e plantei tomates e pepinos enquanto esperava pela nacionalidade portuguesa»

O '4 Cantos do Mundo' é um podcast do jornalista Diogo Matos ao qual o zerozero se uniu. O conceito é relativamente simples: entrevistas a jogadores/ex-jogadores portugueses que tenham passado por pelo menos quatro países no estrangeiro. Mais do que o lado desportivo, queremos conhecer também a vertente social/cultural destas experiências. Assim, para além de poder contar com uma entrevista nova nos canais do podcast nos dias 10 e 26 de cada mês, pode também ler excertos das conversas no nosso portal. 

Nascido no Brasil, Elinton Andrade acabou por conseguir a nacionalidade portuguesa e, posteriormente, sagrar-se campeão do mundo de futebol de praia. Ainda que esta seja uma história feliz, a verdade é que o antigo guarda-redes teve de 'sofrer' para obter passaporte português. 

Elinton a trabalhar no campo em Vieira do Minho @Arquivo Pessoal

«O meu avô era madeirense, portanto eu tinha direito a ter nacionalidade portuguesa. No entanto, nessa fase de 2004/2005/2006, o Governo não tinha a obrigatoriedade de dar essa mesma nacionalidade, era algo mais opcional. Nessa altura recebi a carta de indeferimento em relação ao meu pedido de passaporte porque alegavam que não sabia ler nem escrever e que não tinha residência nem trabalho em Portugal. Ler e escrever era só ir ao notário e mostrar que o sabia fazer; em relação ao resto, precisava de encontrar um clube, sendo que, a partir daí, teria trabalho e residência», começou por revelar, indo mais fundo na história.

«Fui para Portugal e estive alguns meses à espera em Vieira do Minho. A partir do momento em que a família da minha ex-esposa se responsabilizou pela minha subsistência, o processo mudou de Lisboa para Braga. Tive de me mudar de Lisboa para Braga e, como não tinha onde ficar, fiz uma troca com eles. Eu utilizava a minha força física e, em troca, eles davam-me um sítio onde dormir. Ou seja, virei agricultor em Vieira do Minho. Plantei tomates, pepinos, batatas e, além disso, continuava a treinar: subi montanhas a correr tipo Rocky Balboa, fazia musculação com malas...»

A grande questão é: como é que o processo ficou resolvido? «Quando eu fui convocado para a seleção de futvolei, algo que facilitou bastante o processo. Portugal é um país que valoriza muito o desporto, quando vais representar uma seleção és automaticamente 'abraçado'. Depois fui para o futebol de praia», rematou Elinton Andrade.

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