Agrava-se o mau momento do Sporting. Os leões perderam em casa do Moreirense (2-1), numa partida em que foram pouco acutilantes e em que não beneficiaram da tão célebre estrelinha de campeão - duas bolas na barra. Gyokeres abriu o marcador aos dez minutos, mas uma resposta cabal do Moreirense valeu uma reviravolta ainda no primeiro tempo.
O famoso dito popular diz que não há duas sem três. Em Moreira de Cónegos, ambas as equipas cumpriram a profecia: o Sporting perdeu o terceiro jogo consecutivo - algo que já não acontecia desde 2019, à data com Leonel Pontes - e o Moreirense conseguiu travar os grandes pela terceira ocasião esta temporada, depois de empatar com o Benfica e vencer o FC Porto.
Depois do desaire caseiro diante do Santa Clara, João Pereira mudou alguns intervenientes. Gonçalo Inácio e St. Juste entraram para o eixo da defesa, lançando Matheus Reis para a ala esquerda e preterindo de Debast e Quenda. Morita também entrou para o centro do terreno, substituindo Edwards - que tem estado longe do seu melhor. Já César Peixoto abdicou de Ponck e Antonisse, lançando Maracás e Alanzinho - a estrela da companhia.
Soavam os alarmes
No terreno do Moreirense - invicto em casa nos seis jogos disputados -, o Sporting quis repetir a faceta da temporada passada: uma vitória com arte, engenho e conforto. Para isso, seria preciso uma entrada forte, algo que não aconteceu, mas os leões conseguiram capitalizar meia oportunidade em golo. Ainda dentro dos primeiros dez minutos, Gyokeres ludibriou Marcelo com a sua finta de corpo e mudança de velocidade habitual e, ao central dos cónegos, de pouco valeu a experiência. Penálti e golo do sueco, que colocou a máscara pela 60ª vez em 2024.
Embalados pelo golo cedo, os leões tentaram continuar a avalanche ofensiva mas faltaram alguns equilíbrios defensivos, visto que o Sporting colocou muita gente no meio-campo ofensivo. Em transição, o Moreirense avisou - remate de Dinis Pinto - e pouco depois chegou ao golo. Novamente Dinis, desta feita a atacar a bola na sequência de um livre lateral, e com um cabeceamento certeiro restabeleceu a igualdade. Algumas culpas no cartório para Kovacevic, que voou baixinho.
Numa primeira instância, o golo do empate pareceu não afetar os campeões nacionais. O Sporting continuou com volume ofensivo, perto da área do Moreirense, mas algo desastrado nas combinações e com pouca capacidade de definir da melhor maneira no último terço. Trincão e Bragança foram-se evidenciando nas combinações entre setores, mas os alas não conseguiam dar a largura necessária para os leões variarem o jogo.
Coeso, o Moreirense não permitiu muito e teve capacidade para colocar o Sporting desconfortável na transição defensiva. Com poucos toques e velocidade no jogo, os minhotos chegaram à frente e, na sequência de um canto, Alanzinho esteve perto do golo. Um minuto depois, erro clamoroso de Geny - a oferecer a bola a Schettine num lançamento - e o avançado brasileiro remontou a partida, novamente com um erro de posicionamento do guardião bósnio dos verde e brancos.
Até ao fim do primeiro tempo, muitos remates desastrados do Sporting, poucas oportunidades e muitos protestos - sinal da intranquilidade da equipa. A tarefa estava cada vez mais difícil para João Pereira, mas os adeptos leoninos mostraram confiança na equipa apesar do resultado. "Nós acreditamos em vocês": foi com este mote que a equipa regressou aos balneários.
Sem soluções para inverter o ciclo
Sem alterações, mas com a atitude competitiva renovada, a turma de Alvalade entrou mais forte no segundo tempo. Logo a abrir, Morita carregou pela direita, Gyokeres e Trincão fizeram tiro ao boneco. Na sequência do lance, um canto e Hjulmand atirou à barra. Estava dado o aviso.
Depois do ímpeto inicial, o Sporting evaporou-se. César Peixoto reforçou a defesa com Ponck, armando uma linha de cinco atrás, e o Sporting começou a ser ainda mais inoperante. João Pereira também mudou as características dos jogadores: recuou Matheus Reis, transladou Geny para a esquerda, abriu Quenda à direita e colocou Maxi Araújo como um dos interiores atrás do avançado. A estratégia surtiu pouco efeito.
Perante um Moreirense coeso, os leões mostraram-se irreconhecíveis. A incapacidade de bater blocos baixos, que no princípio da temporada não parecia um problema, voltou a ser demostrada e João Pereira foi incapaz de mudar esse aspeto a partir do banco de suplentes.
Até ao fim, muitas bolas bombeadas e pouco perigo eminente à baliza leonina. Acaba o jogo com derrota para o Sporting, a terceira consecutiva, algo que já não acontecia desde 2019.