Numa altura em que os clubes se encontram em maiores movimentações no mercado de transferências, eis que surge a notícia de um grande reforço apresentado pelos adversários do FC Porto, a acusação formal de Pinto da Costa.
Muito melhor do que um qualquer avançado sul-americano ou italiano, da permanência de Simão ou da renovação de Moutinho, este “reforço” de pré-temporada, intermediado pela procuradora Maria José Morgado, parece dar uma maior confiança aos adversários do FC Porto que vêem nesta acusação um prenúncio de vitórias e títulos que lhes anda arredio há muitos anos, mais precisamente há vinte e cinco.
Entre gritos de felicidade e desejos de vingança, muitas pessoas em Portugal continuam a acreditar piamente que Justiça será feita, enfim. Para estas pessoas não existem trâmites normais e etapas a cumprir no desenrolar dos processos jurídicos. Para estas pessoas não existe presunção de inocência nem direito à defesa. Pinto da Costa já devia estar preso e o FC Porto despromovido (na melhor das hipóteses…). A Justiça que estas pessoas pedem é a justiça das suas crenças (não dos factos) e naquilo que lhes é dado a ouvir em relatos fantasiosos, em comentários facciosos e em livros de cordel.
Neste caso, como em muitos outros, independentemente do veredicto final, Pinto da Costa já não se livrará, nunca, da infâmia e das injúrias caluniosas que, contra si, todos os dias lhes são proferidas. Com ele, a reputação do FC Porto tem sido abalada profundamente e isso tem-se sentido nas actuações arbitrais e arbitrárias em prejuízo da equipa azul e branca. Por isto, não tenho dúvidas que se existem interessados na celeridade do processo e na sua resolução de uma vez por todas, eles são os adeptos do FC Porto, cansados deste delírio colectivo de vingança e de sangue.
Não tenho dúvidas de que os casos de corrupção são muito difíceis de analisar. As teias em que se envolvem são quase imperceptíveis e impenetráveis. Por isso, apelar para a justiça desportiva, nestes casos, não me parece sensato nem inocente. A justiça desportiva não é munida de uma polícia de investigação ou de uma polícia judiciária que lhe permita estar ao corrente de todos os factos. Para além do mais, a ideia que temos é que a corrupção não deve incidir só num sector de actividade, antes se propagando e imiscuindo em vários meios por forma a tornar-se mais forte e eficaz. Mesmo um sector como a magistratura e dos tribunais não está a salvo desta teia corruptora e corrompida. Ainda esta semana o famoso fiscalista Saldanha Sanches denunciava a promiscuidade e a corrupção existente entre os poderes públicos e magistrados. Ele lá deve saber do que fala, com uma procuradora em casa…