Má estreia de Fernando Santos como selecionador nacional, com uma derrota contra a França. Erros defensivos fatais, ainda alguma falta de entrosamento e de conhecimento das ideias do Engenheiro, mas alguns aspetos positivos a reter de uma partida marcada também pela muita cor e alegria lusitana nas bancadas francesas.
Tática do losango
Se dúvidas existissem, a equipa tirou-as logo no início do jogo. A tendência que Fernando Santos tentou foi claramente um 4x4x2 em losango no miolo, com Tiago no vértice defensivo e Danny atrás de Ronaldo e Nani
A entrada não poderia ter sido pior. Na primeira investida, o primeiro golo, após excelente trabalho de Griezmann. Da esquerda para a direita, um golo que pareceu fácil, tal a apatia defensiva nacional.
Se ainda se pudesse colocar em causa se aquele teria sido um golo fortuito, os minutos seguintes provaram que não. Aliás, 1x0 ao intervalo verificava-se porque os franceses não tiveram a mesma sabedoria na hora de finalizar. Isto porque os espaços existiam, ou eram criados por falhas individuais que descompensavam a equipa.
Muita euforia fora do relvado ©FPF/Francisco Paraíso
Se Cédric foi melhorando com o passar do tempo (acusou a pressão no início de jogo), Eliseu foi desastrado no capítulo defensivo durante toda a primeira parte. E nem a atacar se safou. Um chumbo no teste de regresso à seleção, claramente.
Mas não podem ser apenas os laterais os visados pelas falhas do primeiro tempo. O próprio Tiago, regressado após três anos de ausência, foi o espelho de quem demorou a entender como atuar, nomeadamente nas dobras feitas às linhas. Moutinho e André Gomes pouco conseguiam transportar em transições com qualidade e assim se explicava o insucesso nacional no primeiro tempo.
Contudo, nem tudo era mau. Notava-se que nem Ronaldo, nem Nani têm grande entrosamento com este estilo ofensivo, mas foi interessante ver a forma como exploraram os centrais adversários, claramente o setor mais descoordenado e inexperiente. Faltou depois calibrar a finalização: Danny e Nani tiveram boas hipóteses, mas não acertaram na rede.
Alteração ao intervalo
Além da troca de centrais (Carvalho por Bruno Alves), Fernando Santos chamou a jogo William Carvalho e fez avançar Tiago para a posição que era de André Gomes. Com melhorias visíveis.
Quando a segunda parte começou, já com uma mudança de peças, Portugal estava bem mais confortável do que uma hora antes, quando o jogo teve início. Ou seja, foi nessa altura que a seleção nacional mais mandou no jogo.
Com confiança renovada, os laterais passaram a subir com muito mais astúcia pelos flancos, apoiando o ataque e dando mais dinâmica, frente a uma seleção gaulesa que revelava mais dificuldades a sair a jogar - muito também porque os lusos subiram na primeira pressão.
Mudança de esquema
Quando Éder foi a jogo, Portugal voltou a ter uma referência mais fixa no ataque. Primeiro, com Ronaldo ao lado, depois com João Mário mais atrás
Só que, no último reduto, pouco havia a finalizar. Quando tal sucedeu, Mandanda foi enorme a segurar o cabeceamento de Cristiano Ronaldo, nas poucas vezes que o capitão teve espaço no último terço (prova disso é que, no primeiro tempo, foram muitas as vezes que apareceu em zonas mais recuadas à procura de bola, nada usual).
No período em que Fernando Santos mexeu novamente na equipa, duro revés. A França marcou outra vez, na primeira em que incomodou Rui Patrício na segunda parte, e novamente pelo flanco esquerdo.
Parecia que Portugal desanimava com esse segundo tempo, só que João Mário, no minuto em que entrou, ganhou uma grande penalidade, que Quaresma concretizou. O jogo voltava a ter vivacidade e incerteza, ao mesmo tempo que Pogba, que cometeu o castigo máximo, continuava a 'inventar' no meio-campo, com perdas de bola comprometedoras.
Houve esperança, mas o fado foi o mesmo das últimas décadas: a sério ou 'a brincar', Portugal não se dá bem com a França.