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    A 2ª parte da entrevista ao central português

    Toti Gomes sonha com a seleção enquanto aproveita a Premier League: «É incrível estar aqui»

    Podia ter feito do râguebi carreira, mas aos 15 anos apostou no futebol, a sua verdadeira paixão e em pouco tempo mudou-se para o Estoril e estreou-se na Segunda Liga. Rapidamente voltou a dar um salto na carreira e foi contratado pelo Wolverhampton, mas antes de pisar os relvados da Premier League, viajou até à Suíça para ser campeão e ajudar o histórico Grasshoppers a subir de divisão. Agora, é o mais recente lobo da alcateia portuguesa da liga inglesa.

    Em entrevista exclusiva ao zerozero, Toti Gomes, defesa central do Wolverhampton, conta o que o levou a trocar o râguebi pelo futebol tão «tarde», como viveu a ascensão meteórica da carreira, relembra os tempos no Estoril e na Suíça e ainda nos conta como foi a estreia na Premier League, como é trabalhar com Bruno Lage e como é, afinal, pertencer à equipa mais portuguesa da melhor liga do mundo.

    Esta é a segunda de duas partes da entrevista a Toti Gomes, que se foca na mudança para o Wolves, com escala e um título na Suíça pelo meio, e toda a experiência na Premier League: o ambiente, trabalhar com Bruno Lage e a alcateia portuguesa da equipa.

    zerozero (ZZ): No verão de 2020 acabas por mudar-te do Estoril para o Wolves, que já estava na Premier League. Como surge esta oportunidade e como viste mais um salto dos grandes na tua carreira?

    Toti Gomes (TG): Foi um sonho tornado realidade quando ouvi a proposta. Antes disso, já sabia do interesse, mas tinha tido um contratempo, estive lesionado sete meses no joelho, mas depois consegui recuperar bem e surgiu essa oportunidade. Não tinha como recusar. Sabia que ia assinar pelo Wolves e ia ser logo emprestado para a Suíça [para o Grasshoppers]. Já sabia antes de assinar, mas vi com bons olhos o projeto, explicaram-no bem e não pensei duas vezes.

    ZZ: Foi um ano em que havia vários portugueses na equipa, como o Miguel Nóbrega e o André Santos. Foram campeões. Como foi esse ano, a tua primeira experiência internacional?

    TG: Foi um ano incrível. A receção foi muito boa. Não tinha noção que íamos ser tantos portugueses, mesmo a equipa técnica era portuguesa e foi uma época muito boa para nós. Correu muito bem. Fomos campeões. Tínhamos ali o nosso grupinho dos portugueses. Foi uma experiência muito boa e senti uma evolução enorme desde o início do campeonato até ao fim. O trabalho foi bem feito e tenho sentido que tenho evoluído bastante.

    Toti Gomes estreou-se na Premier League em janeiro ©Getty / JACK THOMAS

    ZZ: Acabaste por ser novamente cedido esta época, mas foste chamado de volta em janeiro para treinar e ficaste. O que sentiste quando foste chamado e percebeste que ias pertencer oficialmente a uma equipa da Premier League?

    TG: Na altura em que me ligaram estava em Portugal de férias, porque era a pausa de inverno na Suíça, e estava com a minha família. Disseram que queriam que fosse treinar com o Wolves durante a pausa de inverno (para um mês) e queriam que o mister Lage me visse, então vim eu e alguns colegas da Suíça, Estávamos a treinar com a equipa principal e eu dei o máximo, mesmo sabendo que era apenas avaliação. Depois surgiu a oportunidade de jogar, porque o Marçal não estava a 100% de jogar e o mister deu-me a confiança de jogar. Mostraram 100% de confiança em mim, até porque eu estava a trabalhar bem nos treinos. Fui a jogo, foi a minha estreia e felizmente correu muito bem. Era suposto ter voltado à Suíça depois, mas acabei por ficar.

    ZZ: Como não podia deixar de ser na tua carreira, foste chamado e uns dias depois fazes logo a estreia na melhor liga do mundo. Como foi? Estavas nervoso? Foi uma boa prenda de anos antecipada (fazia 23 anos no dia seguinte)?

    TG: Não estava muito nervoso pelo simples facto de os meus colegas me terem deixado muito à vontade, mesmo nos treinos pela forma como falavam comigo e o à vontade que me deixavam fazia com que o nervosismo saísse todo. Como é obvio houve algum mesmo no início do jogo. Acho que é normal, mas desapareceu muito rápido. O capitão Coady deixou-me muito à vontade, até porque ele joga mesmo ao meu lado e está sempre a comunicar comigo. Mesmo os restantes jogadores, como o Rúben Neves e o João Moutinho deixaram-me muito à vontade e isso ajudou a que me corresse bem.

    Toti Gomes
    Wolverhampton
    Total
    3 Jogos  244 Minutos
    0   1   0   02x
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    ZZ: Quem te ajudou mais a integrar nos primeiros tempos? Com quem te dás mais?

    TG: Foram todos. Em especial foi o Coady, por jogar na posição a meu lado.  Era o que estava a falar constantemente comigo e dava-me as indicações certas, no posicionamento. É um verdadeiro capitão no sentido da palavra.

    ZZ: E afinal como é pertencer à equipa mais portuguesa da Premier League? Torna tudo mais fácil? Ouve-se mais português que inglês no balneário, não?

    TG: Sem dúvida que se ouve muito português todos os dias [risos]. Tornou a receção mais fácil serem tantos portugueses, mesmo a equipa técnica. É incrível estar a partilhar balneário com estes jogadores que há uns anos só tinha visto pela televisão, nunca tinha visto pessoalmente. São jogadores de seleção nacional, com outro nome e estatuto. É incrível trabalhar e aprender com eles todos os dias. É top.

    ZZ: Gostas de avançar no terreno e o Wolves do Bruno Lage joga com três centrais, mas os dois mais laterais adiantam-se muito no terreno para ajudar a desequilibrar nas alas. Sentes que te encaixa na perfeição este estilo?

    TG: Acho que sim. Acho que encaixa perfeitamente. Gosto de avançar, quando acho que devo e seja seguro. Tenho essa liberdade mesmo da parte dos treinadores. Dão-me essa liberdade. Encaixa perfeitamente e tenho evoluído muito. Mesmo na Suíça jogávamos num sistema de três centrais e fui evoluindo. Aqui a mesma coisa. Tenho gostado de trabalhar com o mister.

    ZZ: O que é que mais te impressionou na Premier League até ao momento?

    TG: Foi tudo incrível. Desde os fãs ao ambiente no estádio. A partir do momento em que entras pelo túnel do estádio o ambiente é incrível. Depois a velocidade do jogo é rápida e diferente. Antes de receberes a bola já tens que pensar naquilo que vais fazer. É incrível. É um sonho estar aqui nesta liga, com os melhores jogadores do mundo. Tem sido uma experiência top.

    Toti chegou, treinou e ficou ©Wolverhampton
    ZZ: E o que podes dizer do Bruno Lage, um treinador que foi campeão nacional pelo Benfica e que parece estar a deliciar os adeptos do Wolves?

    TG: É um treinador top. Já o conhecia de Portugal, do Benfica, não pessoalmente, mas do trabalho que lá fez. Aqui tem surpreendido cada vez mais as pessoas e o público inglês. O trabalho dele nos treinos é incrível. É uma pessoa que gosta muito do trabalho e de vencer na vida. Gosta muito de ajudar cada jogador e fazer com que evolua.  Sabe mesmo trabalhar o jogador. Tem sido incrível. Do pouco tempo que estou cá, já sinto que melhorei só de estar a trabalhar com ele.

    ZZ: Acreditam que podem chegar às competições europeias? Estão na luta neste momento

    TG: Nós temos que pensar jogo a jogo e não falamos muito disso. Como é obvio estamos em lugares europeus e estamos na luta. Sabemos da equipa que temos e daquilo que somos capazes. Sabemos que podemos enfrentar cada equipa olhos nos olhos, tem-se visto nos últimos. Acho que faremos coisas boas no final da época.

    ZZ: És internacional sub-20 português, ainda és novo. Chegar à seleção principal é um sonho ou um objetivo?

    TG: É um pouco dos dois. Sei que tenho muita bagagem para evoluir ainda. Muito trabalho pela frente, mas também sei das qualidades que tenho e sei até onde posso chegar. Se continuar a trabalhar como faço todos os dias, sei que um dia mais tarde pode chegar esse dia de representar a seleção principal.

    ZZ: Li que preferias Toti a Tote. Porquê? Algum fanatismo para com o antigo avançado italiano?

    TG: O nome era para ser mesmo Toti [risos]. Foi um erro quando eu nasci, mas acabou por ficar Tote.  Se quisesse tinha mudado aos 18 anos, mas acabei por deixar. Desde pequeno que sou o Toti e acabou por ficar.

    ZZ: Sendo 11 portugueses, fora staff técnico, convivem fora dos treinos?

    TG: Não estou cá desde o início, mas sei que há uma grande união. Já vi vídeos com aquele ambiente da malta portuguesa e a união. Sei que há essa união. Como só cheguei agora, ainda não fiz parte desse convívio, mas sei que é assim. Pelo menos quando estive na Suíça fiz parte e o nosso grupo era assim

    Portugal
    Toti Gomes
    NomeTote António Gomes
    Nascimento/Idade1999-01-16(25 anos)
    Nacionalidade
    Portugal
    Portugal
    Dupla Nacionalidade
    Guiné-Bissau
    Guiné-Bissau
    PosiçãoDefesa (Defesa Central) / Defesa (Defesa Esquerdo)

    Fotografias(13)

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