As bancadas do Jamor «encheram-se» com uma grande moldura, jogou-se bem dentro das quatro linhas e o Leiria teve que sofrer, mas acabou a vencer o Belenenses por 1-0 para se sagrar o novo campeão da Liga 3. Contudo, num espetáculo tão bonito, quem ganhou mesmo foi o futebol.
Depois de uma longa época, onde Belenenses e Leiria haviam conseguido o principal objetivo, o da subida de divisão, estes dois históricos do futebol nacional decidiam quem era o novo campeão da Liga 3 no mítico Jamor. Do lado do Belenenses, o treinador Bruno Dias não tinha grandes surpresas no onze, mas Vasco Botelho da Costa surpreendia e apresentava uma linha de cinco defesas (Kaká e Valdir como alas).
Com uma casa muito bem composta - 15158 espetadores - e um clima de festa que começou cedo, dois históricos encontravam-se e a partida prometia, não estivéssemos a falar das duas melhores equipas desta edição da Liga 3. Estranhamente, a equipa do Belenenses pareceu entrar algo nervosa na partida e isso resultou numa série de erros simples, mas muito perigosos, na troca de bola em zona defensiva, que foram galvanizando os leirienses, de tal forma que o golo inaugural chegou com alguma naturalidade para a Equipa do Lis, num remate de ressaca de Valdir, aos 10'.
Esta tendência manteve-se durante alguns minutos e a verdade é que o Leiria até podia rapidamente ter ampliado a vantagem, mas os comandados de Vasco Botelho da Costa não foram suficientemente assertivos em frente à baliza e deixaram o jogo em aberto. Perante a linha de cinco defesas, fortificada com os dois médios centros e os extremos a baixar, o Belenenses estava com uma clara dificuldade ao nível da construção e foi sendo obrigado a apostar nas alas, algo que demorou a resultar.
Em desvantagem, o Belenenses entrou para a 2ª parte com o claro objetivo de mandar, pela primeira vez, no jogo e isso mudou por completo as dinâmicas do jogo. O Leiria continuava forte defensivamente e isso dificultava o ataque organizado da turma de Belém, o que facilitava a que o jogo se partisse. Os leirienses iam deixando os adversários em sentido nessa transições, mas quando o Belenenses recuperava bem defensivamente, também se mostrava forte ao apostar nas bolas nas costas da defesa de Leiria.
Com o jogo cada vez mais partido, pedia-se claramente a entrada de velocistas e tecnicistas e os dois treinadores responderam a esse chamamento, especialmente do lado do Belenenses, mais desesperado, com Bruno Dias a colocar toda a «carne no assador». Entraram Martelo, João Costa, Fábio Pala e Miguel Tavares e o dinamismo ofensivo da equipa do Restelo melhorou a olhos vistos, com o perigo a aumentar, em quantidade e qualidade. Ia faltando eficácia, mas o sufoco à equipa de Lis era real.
As oportunidades iam-se acumulando, mas a eficácia era a mesma e a clarividência ofensiva do Belenenses iam diminuindo com o passar dos minutos. O Leiria ia cada vez mais abdicando de ter bola no ataque - David Grilo foi quase espetador na 2ª parte - e mantendo-se coeso, levando à frustração adversária. No final, com os adeptos em grande festa nas bancadas, foi o Leiria a festejar o título de novo campeão da Liga 3, mas quem ganhou mesmo, numa tarde tão bonita, foi o futebol.
Duas equipas a querer ganhar, estudo tático, bom futebol, muitos adeptos e festa nas bancadas. Pouco se podia pedir mais para a festa do final da Liga 3. O Puro Futebol!
O Belenenses até podia ter sido mais feliz, mas faltou ligação na 1ª parte e, principalmente, eficácia na 2ª parte, onde encaixaram o Leiria às cordas. Contudo, mérito para a coesão defensiva leiriense.
O árbitro António Moreira demorou a tirar os cartões do bolso e geriu mal essa questão, mas nada que influenciasse diretamente o resultado do jogo.