Bernardo Silva é um génio do futebol. Um profissional exemplar que enche as medidas dos mais exigentes treinadores, pela forma como alia o talento puro ao trabalho duro: com o mesmo aveludado pé esquerdo com que acaricia a bola, entra de carrinho sobre adversários com o dobro do tamanho. Essa é uma combinação que Guardiola não dispensa.
Quanto vale esse raro conjunto de competências? É difícil dizer de forma objetiva, mas a verdade é que 2017 custou cerca de 50 milhões de euros. Um valor alto, mas constantemente justificado em campo ao longo dos últimos seis anos.
Já era o terceiro português com mais jogos na Premier League, apenas superado por Cristiano Ronaldo e Luís Boa Morte, mas agora atingiu a marca dos 300 jogos com a camisola do Manchester City, que o torna o 25º mais utilizado na história centenária do clube. Um legado sério.
«Ele é um jogador muito, muito especial e tem sido uma estrela no futebol inglês. Também na personalidade, já que nunca se ouvem histórias acerca dele. É um sonho, não há absolutamente nada para não gostar!»
Foi assim que começou a conversa com Graeme Souness. Não é exagero nenhum dizer que o antigo treinador do Benfica (1997 a 1999) e lendário jogador do principal escalão inglês é, no fundo, um fã de Bernardo Silva.
«Na minha opinião, este Manchester City é a equipa mais forte na história do futebol inglês e tem quatro jogadores que são simplesmente insubstituíveis: Ederson, De Bruyne, Bernardo Silva e agora o Haaland. Quando sai o Bernardo, ou um destes, não há ninguém da mesma qualidade e o jogo muda um pouco».
Bernardo Silva cumpriu o jogo 300 pelo Manchester City:
➡ 53 golos
➡ 54 assistências
➡ 11 títulos
➡ 9.º não britânico com + jogos pelo clube pic.twitter.com/JoqM7fE5cr
— Playmaker (@playmaker_PT) May 7, 2023
Talvez seja De Bruyne o nome mais associado às recentes conquistas, e Haaland a figura do momento, mas subestimar a importância do médio que chegou à formação do Benfica dois anos depois de Souness deixar o leme da equipa principal.
«Ele é um viciado em trabalho, leva isso para os jogos e faz os colegas jogar melhor. Falamos muito de world class, mas, para mim, isso é um jogador que seria titular em qualquer equipa do Mundo. Isso é o Bernardo, o profissional perfeito», disse, num tom entusiástico, durante uma conversa telefónica com o nosso jornal.
«Aposto que é igual nos treinos. Nunca o conheci, mas imagino que seja um belo ser humano, porque parece ser, mas o que sei é que ele é um futebolista especial.»
Atingiu a marca dos três mil minutos com os 50 jogos que já leva em 2022/23, de 54 possíveis - só Rodri tem tantos e ninguém tem mais. Quer os jogos todos... e os troféus também! Conquistou 11 nas primeiras cinco temporadas e procura agora mais três: bater o Arsenal na corrida pela Premier League, o Manchester United na final da FA Cup, e o Santo Graal que é a Liga dos Campeões.
Mesmo que a vida em Manchester lhe esteja a correr bem, não há garantias de que a parceria dure para sempre. Afinal, já foi apontado a outros destinos e até foi objeto de um longo namoro com o Barcelona. Souness não compreende, do ponto de vista britânico.
Mesmo no caso de uma eventual saída, o escocês prefere Madrid à Catalunha: «Olhando para o cenário maior, se ele fosse sair do clube, não me surpreenderia se ele substituísse o Modric no Real Madrid. Não vejo ninguém mais adequado, para ser honesto».
O contrato é válido até 2025. Mais dois anos. Falar do mercado seria fazer parte de uma cultura de especulação no futebol, por isso optamos por dar paz ao futuro e voltar a dar atenção plena ao presente e ao passado, com um sumário das últimas seis temporadas:
«Ele fica cada vez melhor! É quase o jogador perfeito, é mesmo».