Tem mais golos do que jogos, é o melhor marcador da AF Porto e um dos principais destaques da campanha quase imaculada do Canidelo na Divisão de Elite - apenas uma derrota nos últimos 19 jogos.
Pedro Xavier Carvalho, também conhecido por Pauleta, recuperou a sua melhor versão no emblema de Vila Nova de Gaia e conta já com 23 golos em 21 jogos, o melhor registo da carreira.
Apesar disso, antes de alcançar esta marca, o atleta de 24 anos viveu alguma turbulência. Uma viagem em vão para a Grécia e uma série de lesões fizeram Pedro ponderar abandonar o futebol, contudo, o regresso ao Canidelo alterou todo o paradigma.
Numa conversa descontraída com o zerozero, o jogador fez uma reflexão sobre as últimas temporadas, citou Cristiano Ronaldo e relembrou o confronto vitorioso contra uma das melhores gerações da história do FC Porto.
Em primeiro lugar, porquê Pauleta? Esta interrogação tinha, pois claro, resposta óbvia: golos (!) e uma semelhança curiosa com a lenda portuguesa.
«Isso surgiu quando eu era criança. Comecei a jogar futebol no Barroselas, clube da minha terra - em Viana do Castelo - e tive lá um treinador que, ao ver que eu era ponta de lança, marcava muitos golos e festejava com os braços abertos, decidiu começar a chamar-me Pauleta. Aquilo colou e agora só me chamam Pauleta... já nem sabem que eu sou Pedro também [risos]», começou por apresentar-se ao nosso portal, sublinhando parecenças com Diogo Jota.
«Gosto de ser aquele avançado chatinho que pressiona os centrais, que está sempre em cima deles e adoro fazer diagonais que me aproximem da baliza. Em relação ao meu estilo de jogo, diria que sou parecido com o Diogo Jota, mas o Drogba foi sempre uma referência para mim.»
Agora, os golos. São muitos - 23 no total, em 21 jogos -, ainda assim, nem tudo começou de feição para o avançado português que transferiu-se do Campeonato de Portugal (Forjães) para as distritais esta temporada.
«No ano passado estive num campeonato mais físico, os jogadores - alguns deles - são mais batidos neste tipo de andanças e é sempre um pouco mais difícil. Apesar disso as coisas correram bem. Coletivamente nem tanto, porque a equipa não alcançou o objetivo que era garantir a manutenção no Campeonato de Portugal, mas individualmente não foi mau e fiz bons números», prosseguiu explicando o porquê de ter optado pelo Canidelo.
«Foi bom o Canidelo porque é um sítio onde já tinha sido bem recebido pelos adeptos/direção/equipa técnica e sempre gostei de estar lá. Quando surgiu a possibilidade de regressar pensei: 'ok, vou dar um passo atrás, mas é sempre um campeonato com alguma visibilidade, o clube já me conhece e as coisas podem correr bem'. E sim, estou muito feliz, sinto o reconhecimento de todos.»
Ainda assim, como referido, 2022/2023 não começou de forma perfeita para Pauleta, que justificou o atual momento - e os quatro hat-tricks (!) esta época - citando CR7: «É como o Ronaldo diz: 'Os golos são como o ketchup: quando aparecem, é tudo de uma vez' [risos]», referiu o jogador do clube gaiense.
Depois de uma temporada com «bons números» no Forjães - 13 golos em 24 partidas - o jogador de 24 anos chegou a viajar para Grécia, teve tudo acertado, mas viu uma lesão atrapalhar-lhe os planos.
«Tive uns problemas lá fora - na Grécia -, depois voltei, fui fazer o mestrado na Faculdade de Desporto do Porto. Até estava sem grande vontade de voltar ao futebol porque, enfim, nos últimos anos tenho tido algumas lesões e uma pessoa vai desanimando. Parece que, quando sentia que podia dar o salto... acontecia sempre alguma coisa. Posto isso, este ano, perdi um pouco aquela energia, mas ao fim de um mês e meio mais ou menos senti logo vontade para voltar e, como já tinha jogado no Canidelo, falei com eles, eles mostraram interesse e chegámos a um acordo», começou por explicar.
O clube grego? Acharnaikos: segundo Pauleta, o emblema de Acharnes preparava um investimento forte para subir, mas as lesões apareceram e o clube não mostrou interesse em continuar com o jogador.
«O Acharnaikos foi uma hipótese que surgiu e aproveitei. O problema é que, nessa altura, tinha tido uma lesão no final da época anterior e depois lá piorou. Acabei por decidir voltar porque ia ficar algum tempo parado e eles também não mostraram muita vontade em eu continuar por lá», anotou.
Por fim, viajámos até Vila do Conde, período em que Pedro Pauleta representou o Rio Ave nos sub-19 e teve a oportunidade de defrontar os melhores jogadores lusos da sua geração. Para além de Félix, Leão e da 'geração dos Diogos', Pauleta destaca alguns colegas de equipa e sublinha um 'craque' em especial.
«Joguei com uma equipa recheada de bons jogadores: Ricardinho, Rúben Gonçalves, os irmãos Namora. Vários jogadores de qualidade que sempre mostraram que, mais cedo ou mais tarde, iam chegar a um patamar alto. Em relação a adversários, lembro-me de um que me deixou bastante impressionado», elucidou.
«O Moreto Cassamá do FC Porto. Era capitão e lembro-me bastante bem que tinha um andamento e uma qualidade técnica acima da média. Surpreendeu-me muito.», prosseguiu abordando a geração dos Diogos [Costa, Dalot, Leite e Queirós].
«Era uma geração muito forte. O Dalot, em especial, impressionou-me bastante: com 18 anos já parecia um sénior a jogar. Tinha um andamento incrível, mas curiosamente chegámos a ganhar ao FC Porto nessa época duas vezes e, num dos jogos, assisti. Foi muito bom. Por acaso - esse ano de júnior - foi uma das melhores experiências que tive. Percorri o país a jogar contra os melhores jogadores da minha geração, muitos deles agora são símbolos da nossa seleção», recordou o jogador.