Suado, à justa, de fato-macaco vestido. O FC Porto venceu o Estoril Praia por 3-2, num jogo em que viveu os pesadelos sofridos na última partida caseira frente ao Gil Vicente. Os dragões estiveram duas vezes empatados, mas souberam segurar os três pontos em casa.
Começar o jogo no Dragão é saber que o FC Porto vai entrar dinâmico, forte e a querer marcar cedo. É assim, invariavelmente, em quase todos os jogos. Por muito que o Estoril soubesse disso, os rapazes de Ricardo Soares passaram por esse problema nos primeiros minutos.
Sérgio Conceição voltou a optar pelos «tocadores de bombo» para mais um jogo sem margem para erro, Pinto da Costa considerou mesmo «a primeira final» até maio. Os azuis-e-brancos souberam preencher e pressionar bem o meio campo e logo nos primeiros minutos Grujic ameaçou o primeiro golo, mas o remate saiu ao lado.
Com as ideias bem presentes daquilo que tinha de fazer, o FC Porto subiu a pressão a todo o campo, optou pelas laterais, sempre de forma controlada. Foi uma questão de minutos até os dragões conseguirem marcar: a equipa de Sérgio Conceição foi perfeita a movimentar a bola parada e ao segundo poste Grujic fez o primeiro golo da noite.
Os dragões apresentaram um futebol seguro e perigoso, mas ainda assim, com dificuldades em entrar na zona defensiva do Estoril. Os canarinhos fecharam os caminhos com o apoiado de Francisco Geraldes e João Carvalho e João Gamboa ao setor recuado.
O voluntarismo estorilistas era ainda maior nas saídas para o ataque, pois Cassiano cresceu nos duelos com Pepe e ao ver as subidas constantes de João Mário, Ricardo Soares avisou Tiago Gouveia e o Estoril foi mais acutilante por esse lado.
O FC Porto demorou a perceber que tinha de cerrar fileiras atrás e quando deu por si já tinha sofrido o empate. A passividade defensiva custou muito caro aos azuis-e-brancos que sofreram no primeiro remate que tiveram à baliza.
Os homens de Sérgio Conceição não tinham perdido o Norte do jogo, mas levaram com um balde de ansiedade pela cabeça abaixo e voltaram a ficar mais espevitados. Curiosamente, o Estoril perdeu a concentração na defesa e sofreu novo golo em menos de nada. André Franco foi letal na segunda bola, depois de mais um lance bem desenhado pelo ataque portista.
O intervalo foi bom conselheiro para os campeões nacionais: a equipa de Conceição entrou forte, com vontade de arrumar com o jogo cedo, mas a lesão de João Mário e a forma como a partida perdeu o ritmo não foi benéfico para o FC Porto.
O Estoril manteve a mesma estratégia e surgiu com os laterais mais projetados no ataque. Ricardo Soares montou um estilo de jogo com olhar para as debilidades portistas, mas foi através de uma mão de Pepe que conseguiram empatar. A grande penalidade convertida por Francisco Geraldes aqueceu o Dragão (até pelos festejos).
Conceição foi ao banco, mexeu com a entrada de Taremi e o Uribe e o jogo portista ficou mais rápido, passou a explorar o lado direito do Estoril, que tinha Tiago Santos muito subido e o perigo apareceu. Em menos de nada o iraniano sofreu uma grande penalidade e converteu o castigo máximo.
O FC Porto ficou na frente do marcador e não perdeu o rumo, apesar do Estoril ter pressionado nos últimos minutos. Os dragões voltam a reduzir caminho para o Benfica, apesar das águias só jogarem no domingo. Por sua vez, o Estoril começa a ficar nos lugares muito perigosos da tabela classificativa.
Gustavo Correia teve uma exibição com altos e baixos. O jogo teve muitas paragens, o juiz nunca pediu o apoio da maca para que os jogadores saíssem e com isso demorar menos tempo. Houve muitas faltas e o critério disciplinar não foi uniforme: a título de exemplo foi rápido a dar amarelo a Grujic para segurar a partida, mas não teve o mesmo critério com Cassiano. Teve rigor ao assinalar a mão de Pepe na área, assim como varrimento de Mexer a Taremi que valeu um castigo máximo para os portistas.
O jogo exigiu muito da capacidade emocional da equipa de Sérgio Conceição. Os dragões voltaram a jogar em casa, depois da derrota com o Gil Vicente e sofreram dois golos, que colocaram o jogo empatado, na altura. A resposta azul-e-branca foi cabal e muito segura.
Se os jogadores são os primeiros a proclamar por um futebol mais apaziguador devem, também, a ser os primeiros a demonstrar dentro do campo. Não está em causa o festejo, mas sim a forma: colocar a mão no ouvido para escutar os adeptos do FC Porto.