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      Entrevista de fim de carreira ao zerozero

      Rui Lima: «Não tinha o futebol como um sonho, fui vivendo»

      Este é o Ponto Final. Aqui vamos dar espaço ao adeus, vamos pendurar as chuteiras e vasculhar no álbum das recordações de jogadores que marcaram gerações, mas saíram sem que a maioria das pessoas soubesse. Não há parágrafo, sem antes haver um ponto final.

      O nosso convidado tem 44 anos, deixou de jogar há duas épocas. Na carreira usou o escudo de campeão nacional, fez dois jogos na Liga dos Campeões. Dividiu balneário com Bosingwa e o avançado brasileiro Adriano, em clubes diferentes. Vestiu de verde, mas terminou a carreira de azul-e-branco.

      O seu pé esquerdo não era para subir o autocarro e era do meio campo para a frente que sabia mexer no tabuleiro do jogo como poucos. Teve um trevo na carreira, mas que não deu muita sorte. Apesar de se dar bem com feras, foi no meio de aves que celebrou mais golos. Este é o Ponto Final de Rui Lima.

      zerozero: Rui Lima, com esta descrição conseguias adivinhar o nome do jogador?

      Rui Lima: Acho que dificilmente chegaria lá.

      zz: Mas eram pistas que, agora no fim da carreira, imaginarias que podias ter?

      RL: No meu início, nunca tracei grandes perspetivas, pensei sempre no presente, num futuro muito próximo e nunca num futuro a longo prazo. Mas, agora, fazendo uma retrospetiva, nunca imaginaria o trajeto que fiz, com passagens pelo estrangeiro, que, se calhar, acabou por ser um objetivo, mas no início pensei muito no presente e num futuro muito próximo.

      zz: O teu Ponto Final aconteceu no banco, no dia 11 de abril de 2021, Pedras Rubras x Vila Real...

      RL: Foi o final de carreira, depois de duas épocas no Pedras Rubras. A última época já contrariou um bocadinho o que estava a ser o meu ciclo nos últimos anos, que era de jogar com regularidade. A última época por causa do covid-19 e das sucessivas paragens que foram acontecendo também ajudaram a terminar a carreira, pois tive, igualmente, alguns problemas físicos e isso fez com que tomasse a decisão de acabar. Eu sempre disse que quando o corpo desse um sinal eu parava.

      qNunca imaginaria o trajeto que fiz, com passagens pelo estrangeiro, que depois acabou por ser um objetivo, mas no início pensei muito no presente e num futuro muito próximo
      Rui Lima, ex-jogador de futebol

      zz: Lembras-te concretamente qual foi esse sinal? Qual foi o dia em que tomaste a decisão?

      RL: Eu nessa época tive alguns problemas, tive a questão da Covid-19, quando voltei tive uma lesão muscular que me deixou sem jogar quase dois meses. Recuperado, voltei e tive uma recaída. Fiz um exame e detetei alguns problemas degenerativos, nomeadamente na anca e, como é lógico, com 43 anos comecei a sentir que o corpo já conseguiria recuperar de um treino para o outro como eu desejaria e as pessoas do clube desejariam e eu achei que estaria na hora de colocar um ponto final.

      zz: Com 43 anos quando se entra num balneário do Pedras Rubras, do Campeonato de Portugal, ainda havia o respeitinho de jogador que eras: 'É o Rui Lima. Jogou no Boavista...'

      RL: Havia sempre quem estava a par do meu percurso, outros nem tanto, mas depois com as conversas eles iam percebendo. No entanto, os tempos agora são outros, a malta mais nova tem outra personalidade, são mais atrevidos, mas eu sempre fui um animador de balneário: criar bom ambiente, pregar partidas. Numa equipa de futebol isso é meio caminho andado para o sucesso.

      zz: O teu contexto é diferente, porque chegas à piscina dos grandes pela porta de um grande, que é o Boavista e despedes-te na porta de um pequeno, o Pedras Rubras. Portanto, este grupo que apanhas quando terminas é diferente daquele que apanhaste quando entraste no balneário principal do Boavista pela primeira vez.

      RL: Sim, contextos diferentes, a competitividade, mas se há coisa que sempre levei na minha carreira foi encarar com o máximo profissionalismo fosse em que divisão fosse. Os hábitos que eu tinha num nível acima mantive em qualquer escalão, mesmo na distrital do Porto: resguardar-me na véspera de um jogo, por exemplo. Quando a minha mulher dizia que agora estava num nível diferente eu dizia que não interessava. Sempre procurei manter a minha forma de estar.

      zz: Isso também ajudou a chegar aos 43 anos a jogar.

      RL: Sim, juntamente com a paixão que eu tinha pelo jogo e o meu corpo. Tirando uma lesão mais grave que eu tive, o meu corpo aguentou-se. Nunca tive lesões sérios, os meus joelhos nunca ma traíram neste longo percurso e isso foi uma vantagem.

      Rui Lima
      1 títulos oficiais

      zz: É interessante trazeres a história dos joelhos, porque a carreira tem pouco a ver por onde se cresce e onde se começa a jogar. Começaste num campo de futebol de cinco, no Bairro de São Roque da Lameira, na cidade do Porto. A jogar no cimento, à chuva, ao sol...

      RL: Percorri todos os pisos (risos). Nascido e criado no Bairro de São Roque da Lameira, ali pegado ao antigo estádio das Antas. Foi ali que comecei, aos 7 ou 8 anos, num torneio de futebol de cinco. Era um torneio dos bairros camarários da cidade do Porto. Foi onde comecei a dar os primeiros toques na bola.

      zz: O Boavista tinha uma grande capacidade de prospeção nesses torneios. O próprio Petit teve um registo semelhante.

      RL: Na altura grande parte dos jogadores vinham desses espaços, dos bairros, de jogar no meio dos bairros, pois existiam ringues e as crianças jogavam e os olheiros iam ver. Não é como agora, que não há criança que escape aos scouts dos clubes, mas muitos deles vieram desses contextos.

      zz: Recorda-nos alguma história desses primeiros treinos.

      RL: Eu tenho uma memória, não sei se é alegre ou se é triste. No meu primeiro ano o meu pai não me deixou ir ao futebol. O bairro tinha começado com essa equipa no ano anterior e como os treinos coincidiam com a catequese, eu ia à catequese. Era, provavelmente, a única criança que ia à catequese e aquilo para mim era terrível. Passava pelo treino, via-os a treinar e eu a ir para a catequese. Na altura foi terrível, mas no segundo ano já consegui convencer o meu pai a participar. Era um espaço em terra, junto ao Mercado Abastecedor, e os treinos eram feitos num espaço minúsculo, mas com muita alegria e muita vontade em estarmos juntos.

      Rui Lima vestido com as cores do seu primeiro clubes, o Bairro São Roque da Lameira @Arquivo Pessoal Rui Lima

      zz: Ainda partilhas contacto com essa gente.

      RL: Perdi o contacto com eles, a minha vida tornou-se diferente, mas o meu pai ainda mora lá e vou lá algumas vezes. Algumas pessoas que moravam ali mudaram-se, outros acabaram por falecer. Tive alguns colegas da minha geração que tiveram problemas e faleceram, fruto do ambiente em que cresceram. Não tenho contacto com muitos, mas ainda me cruzo com alguns.

      zz: Depois de jogares no clube do teu bairro foste recrutado por uma associação do bairro do Cerco...

      RL: Sim, na altura era uma coletividade que existia no bairro do Cerco do Porto, penso que já está extinta. Na altura eles entraram nesse torneio de futebol de cinco, jogámos contra eles, e no final dessa temporada, eu e outro rapaz fomos convidados em fazer parte de uma equipa de futebol de 11 que eles iriam criar para participar no campeonato de infantis da AF Porto e fomos para esse clube.

      zz: Nessas trocas já havia algum tempo de negociação?

      RL: Nesse tempo não, sei que houve quando saí desse clube para o Boavista. Não foram, propriamente, 120 milhões (risos), mas foram oito ou dez bolas para o clube que o Boavista cedeu para compensar a minha saída.

      zz: Quando é que vais para o Boavista. Os nossos registos dizem que foi em 89/90.

      RL: Não me faças essa pergunta dos anos que já é no milénio passado, mas lembro-me que era no meu segundo ano de infantil.

      zz: Sempre com o pé esquerdo?

      RL: Sempre, na altura era só pé esquerdo.

      zz: Os treinadores não treinavam o passe com o pé direito?

      RL: Treinavam e fui aperfeiçoando com os anos, mas o mais forte era o pé esquerdo e a velocidade. Eu era muito rápido.

      zz: Tu és de uma geração em que uma criança que escrevesse com a mão esquerda poderia levar com a régua...

      RL: Felizmente, não passei por isso...

      Rui Lima, terceiro, em cima, da esquerda para a direita, já com as cores do Boavista @Arquivo Pessoal Rui Lima

      zz: Mas com os jogadores de futebol era diferente...

      RL: Até dava jeito... Escrever com a mão não dava, mas com o pé era bom, pois havia poucos.

      zz: Quantos esquerdinos existiam na tua equipa? Havia adaptações?

      RL: Na altura não havia adaptações, não havia a história dos extremos de pé contrário. O extremo esquerdo jogava pela esquerda e o extremo direito pela direita. Era muito linear. Eu recordo-me que na minha equipa de infantis do Boavista erámos, pelo menos, três. Eu, o defesa esquerdo e tinha mais um outro jogador, de resto era tudo de pé direito.

      zz: Depois fazes ali toda a tua formação...

      RL: Toda: infantis, iniciados, juvenis, juniores...

      zz: Quando tens a plena noção e pensas: 'É isto que quero fazer na minha vida'?

      RL: Eu não tinha o futebol como um sonho, eu fui vivendo. O que eu gostava era de jogar, ver a bola a saltar, correr atrás da bola. Nunca tracei aquele objetivo de ser jogador de futebol. As coisas foram acontecendo, naturalmente. Foram correndo bem, ali no Boavista, chegou a uma altura em que jogava na equipa acima e as coisas foram sucedendo naturalmente. Fui convocado para as várias seleções do AF Porto: sub-13, sub-14 e nos sub-15 fui convocado para a Seleção Nacional. Foi tudo muito naturalmente sem grande foco, sem grande ambição desmedida, nunca senti isso.

      zz: Essa forma de pensar para não defraudar expectativas?

      RL: Se calhar também não havia a pressão, que há agora, dos pais sobre as crianças. Não senti essa pressão do meu pai. O que eu queria era ir aos treinos, estar com os meus amigos, jogar futebol, competir ao fim-de-semana. Foi tudo muito natural.

      zz: É mais fácil ter sucesso assim?

      RL: Não digo que é fácil, porque até acho que é mais fácil agora, pois não tínhamos as condições que as crianças têm agora, ao nível de infraestruturas e equipamentos. Os miúdos até nutricionista já têm, ou seja, são acompanhados por várias pessoas para lhes proporcionar o melhor. Hoje, supostamente, têm tudo facilitado para poder vingar. Mas ao mesmo tempo há mais pressão sobre as crianças e isso pode prejudicar.

      zz: Qual foi a tua reação quando tiveste a primeira chamada para a AF Porto?

      RL: Fiquei surpreso, é sempre uma convocatória e recordo-me que do Boavista fomos muito poucos, porque a grande base era a equipa do FC Porto. Erámos chamados para os treinos de observação, íamos cerca de 40 jogadores, depois o funil ia apertando e ficámos poucos. Recordo-me em que num jogo, o 11 inicial eram dez jogadores do FC Porto e eu a extremo esquerdo. Isso ficou-me sempre na memória. Quando olhei à volta parecia o FC Porto e não a AF Porto (risos). Na altura já foi importante essa chamada e a partir daí comecei a traçar o meu caminho.

      Rui Lima, bem disposto, num treino da seleção nacional @Arquivo Pessoal Rui Lima

      zz: Depois tens a chamada à Seleção Nacional?

      RL: Na altura tinha 15 anos, aí foi incrível.

      zz: Campeonato da Europa de Sub-16...

      RL: A primeira chamada foi para o torneio de Montaigu, em França. A Seleção ia todos os anos, o selecionador era o Rui Caçador. Recordo-me que tinha tido um jogo em Braga e tínhamos viagem no dia seguinte em Lisboa e a federação providenciou um táxi para transportar os jogadores de cá de cima, na altura foram mais dois jogadores do SC Braga e do Vitória SC. Foi o início do meu percurso na Seleção.

      zz: Foi a chegada a internacional, estar em estágio e privar com os teus colegas durante mais tempo.

      RL: Tive a sorte e a felicidade de estar na Seleção entre os Sub-15 e os Sub-21 e fui aos torneios praticamente todos, campeonatos da Europa, apuramentos. Considero-me um privilegiado na minha geração, pois participei em grande parte dos jogos. Era um dos capitães de equipa e passava muito tempo fora, era terrível, até por causa da escola. Era difícil acompanhar.

      zz: Os professores sentiam orgulho nisso?

      RL: Sim e quando cheguei a júnior os treinos eram ao início da tarde e tentei conciliar ao máximo e fui estudar à noite. No entanto, na altura, era Sub-18 e havia muitos torneios e eu passava muito tempo ausente da escola e recordo-me que uma das professoras dizia que eu era bom aluno, mas não tinha boas notas, pois passava pouco tempo nas aulas. Eu tinha o estatuto da alta competição, que até me ajudou a livrar da tropa, e tinha as faltas justificadas, mas isso não me dava aproveitamento escolar. Procurei sempre ao máximo conciliar as duas coisas, mas quando cheguei a sénior do Boavista não consegui. Aí, a exigência era outra, a todos níveis.

      zz: Foste internacional em todos os escalões, inclusive na equipa no Torneio Internacional do Vale do Tejo. Nunca perdeste esse comboio de Seleção?

      RL: Não. No primeiro ano em que fui chamada à equipa B estava no Boavista e o segundo ano que eu vou estava emprestado ao Vitória de Setúbal. Eu já tinha 24 anos, ou seja, faltou aquele último passo.

      Rui Lima num estágio da seleção com Carlos Fernandes, Maniche, Bruno Basto e Almani Moreira @Arquivo Pessoal Rui Lima

      zz: A equipa principal?

      RL:  Sim, porque faziam aquele torneio anualmente para malta que estava na antecâmara de poder chegar à seleção A. Muitos chegaram, como é lógico. Ricardo Quaresma, Ricardo Carvalho, Fernando Meira, Postiga, Nuno Assis, Maniche, Ricardo Sousa, o Miguel do Benfica... uma série de jogadores que passaram por essa Seleção nesses dois anos e que, também fruto dos clubes que representavam, tiveram um percurso que lhes permitiu saltar à Seleção A. Eu não tive, se calhar, a felicidade de dar esse pequeno passo.

      zz: Nessa altura, o extremo já não era tão extremo. Já puxava para dentro. 

      RL: Foi o que foi. Se calhar, também não fui uma real aposta na altura porque também não é fácil chegar a uma Seleção A, principalmente uma Seleção de Portugal, mas deixa-me orgulhoso o facto de ter sido internacional sénior. 

      zz: Sobre o Boavista: foste campeão nacional de juniores.

      RL: Eu ganhei três títulos nacionais no Boavista. Com poucas condições conseguia-se fazer muito. Tínhamos uma mística enorme, ali na formação. Um campo pelado que servia para todos os escalões e a malta desenrascava-se. Era um clube que se batia com os «três grandes» que eram quem dominava o futebol de formação em Portugal. Conseguimos ganhar um título iniciados e dois de juniores, com o nosso querido falecido Queiró, que era o «papa-títulos», como eu meti a alcunha. Ele mudou o paradigma de quem dominava sempre futebol de formação. Conseguimos vencer o primeiro título de juniores da história do Boavista, e, depois conquistaram mais dois ou três títulos. Foram tempos incríveis porque não era o mesmo ser campeão nacional com o Boavista, comparativamente com um dos três grandes. 

      zz: Nessa equipa, são tu e o Moreira que se destacam? 

      RL: Eu e o Moreira éramos os mais novos da equipa. Nós, no primeiro ano de júnior, já jogávamos com a equipa de segundo ano e ainda tinha três jogadores que eram de terceiro ano. Havia uma regra que podiam jogar três jogadores de terceiro ano. Tínhamos Jorge Silva, Ricardo Silva e Nuno Gomes. Ainda tínhamos o Ivo Afonso, ou seja, tínhamos quatro, mas só podiam utilizar três. Para além deles, tínhamos a «equipa normal»: o Petit, Mário Silva, o Delfim... essa malta toda. Eu e o Moreira éramos os mais novos, mas já fazíamos parte desse grupo.

      Rui foi campeão nacional pelos juniores do Boavista duas vezes @Arquivo Pessoal Rui Lima

      zz: Uma geração incrível.

      RL: Uma geração que sai um bocadinho à normalidade do futebol. Diz-se que, da formação só uma ínfima parte é que chega ao topo. Nessa equipa, a quantidade de jogadores que conseguiram fazer uma carreira como jogadores de futebol foi incrível. 

      zz: Como foi partilhares balneário da equipa sénior do Boavista?

      RL: No terceiro ano, eu fico no plantel sénior. Treinava, fazia a semana de trabalho normal, mas fazia aquela vaga de terceiro ano nos juniores. O balneário sénior era terrível, era muito respeito. Apanhei um balneário de consagrados, malta que tem história no Boavista.

      zz: Tens pena de não ter ficado naquele plantel que foi campeão? Andaste ali muito tempo emprestado...

      RL: Depois desse ano, andei quatro anos a ser emprestado e a traçar o meu caminho. 

      zz: Assinas contrato profissional...

      RL: Eu assino contrato profissional no segundo ano de júnior, com 17 anos e, depois fico no primeiro ano, somos campeões nacionais e, depois, houve uma parceria entre o Boavista e o Gondomar e a equipa campeã nacional é cedida ao Gondomar. Fomos dez ou 11 para lá.  Foi o primeiro de quatro anos: Aves, depois Chaves, volto à Vila das Aves no ano em que o Boavista é campeão...

      zz: Tu não jogas esse jogo por estares emprestado...

      RL: Vi o jogo no estádio e teria sido terrível para mim se tivesse que jogar esse jogo. Eu estava numa posição muito difícil e muito desconfortável porque era emprestado pelo Boavista. Tinha contrato e, no ano a seguir, já tinha indicações que iria regressar. Teria sido muito complicado ter jogado esse jogo se tivesse que jogar. Iria dar o meu melhor, mas...

      zz: Como o que é que foi na bancada? 

      RL: Na bancada, fui ver um jogo de futebol. Quando me entrevistaram em direto, porque me apanharam a chegar ao estádio, fizeram-me uma pergunta incómoda. Perguntaram por quem é que eu iria torcer. Eu disse que estava ali para ver um excelente jogo de futebol. 

      zz: É um jogo efetivamente ingrato.... Acabava por ser o teu clube a estar a jogar - e um jogo importantíssimo...

      RL: E eu representava o Aves.

      zz: Não te vou perguntar o que é que foste fazer depois desse jogo, mas se calhar...

      RL: Eu cresci ali. Estava ali desde os 11 anos. Era um clube que que me dizia muito e eu tinha noção que aquele momento era o momento mais importante e, provavelmente, único na história do clube. Foi uma festa tremenda. Nem eu imaginava que havia tanto boavisteiro, mas eu estava numa posição desconfortável. Fiquei satisfeito com o título nacional. 

      zz: No ano a seguir ficas na equipa em que defendes o segundo campeão nacional. 

      RL: Uma grande responsabilidade. Um ano incrível também. Um ano de Champions, em que fazemos uma grande época. Ficamos em segundo lugar, só atrás do Sporting do Mário Jardel – que fez 42 golos. Um segundo lugar que quase sabe a título, até pelo grande desgaste que foi durante essa época com os jogos da Liga dos Campeões...

      Rui Lima em ação frente ao Farense, na época em que regressou ao Boavista @Arquivo Pessoal Rui Lima

      zz: E é uma Liga dos Campeões diferente com duas fases de grupos.

      RL: Nós conseguimos passar a primeira fase de grupos num grupo com o Dortmund, Dínamo de Kiev e Liverpool.

      zz: Estás naquela equipa que vai jogar no dia 11 de setembro a Liverpool.

      RL: Nós empatámos os dois jogos com o Liverpool.

      zz: Vocês recordam-se desse momento?

      RL: Recordo-me do momento, no Bessa. Recordo-me de um ambiente incrível. Os adeptos do Liverpool são incríveis. O ambiente dos jogos da Liga dos Campeões era especial. A própria envolvência do jogo, toda a logística que envolvia o a realização do jogo da Liga dos Campeões, fica marcada na memória. Na primeira fase, não joguei. É de conhecimento público que eu tive um problema de um controlo positivo ao Doping, que depois veio a revelar-se que não tinha sido culpado e fui absolvido. Foi um problema que tinha tido com uma anestesia que me tinha sido administrada num joelho. Tive período de três meses suspenso para ouvirem testemunhas e fui absolvido. Foi, seguramente, dos períodos mais complicados de gerir a minha carreira porque tem um impacto tremendo. Passar esse tempo, não poder jogar, estar associado... era complicado encontrar motivação. Tive o apoio dos meus colegas e da equipa técnica, na altura do Jaime Pacheco, e depois volto e até volto bem. As coisas começam a correr bem e dá-se a minha estreia na Liga dos Campeões, em Munique, contra o Bayern. Que estreia poderia ser melhor, se não essa? O resultado é que não foi bom, mas temos a possibilidade de marcar e, depois, sofremos o golo que dá a vitória ao Bayern por 1-0. Golo do Roque Santa Cruz. No fim, troco de camisola com o lateral direito, o francês, Sagnol, e foi um dos pontos altos na minha carreira, sem dúvida.

      zz: És titular contra o Nantes.

      RL: Sou titular no jogo a seguir, contra o Nantes.

      zz: Um jogo em que só jogas 45 minutos porque há aquela infelicidade do Pedro Emanuel.

      RL: Até achei piada. Ao intervalo, o mister Jaime Pacheco faz a substituição e disse «o teu trabalho de sapador está feito». Entrou o Martelinho para o meu lugar e ele é que faz o golo do empate. O meu trabalho foi bem feito - foi desgastar o lateral para entrar o Martelinho, fresco.

      zz: O problema é que vocês estavam a perder. Se não estivessem a perder, a estratégia de jogo poderia ser diferente.

      RL: Passamos a primeira fase em segundo lugar, num grupo fortíssimo, e, depois, na segunda fase nós fazemos quatro ou cinco pontos, num grupo com Nantes, Bayern Munique e Manchester United. Aliado a isso, o segundo lugar no campeonato. Não deixou de ser uma época tremenda. 

      zz: É uma época de muita montanha-russa, porque parece que estás engatado e, de repente, quase que chega o fim no Boavista, para ti.

      RL: Começo a jogar, tenho jogos importantes, tenho na Liga dos Campeões, participo em jogos fundamentais nessa caminhada, como a vitória em casa com o Benfica e o FC Porto, tenho um jogo em Faro, onde faço o golo da vitória já nos descontos. Depois acabo a época a não jogar muito, mas eu sentia que, no ano a seguir, poderia ser o ano da minha afirmação e.… não foi. Eu começo a época e há um interesse da equipa técnica num jogador de Vitória de Setúbal, que era o Ico e uma das exigências de Luís Campos, que era o treinador do Vitória de Setúbal, era eu servir como moeda de troca e assim foi. Voltei a ser cedido, desta vez, ao Vitória de Setúbal. 

      zz: Regressas ao Boavista logo na época a seguir. Época de Centenário.

      RL: Com o treinador o mister Erwin Sánchez, numa perspetiva de ser lateral esquerdo do Boavista. Nesse ano, no Vitória de Setúbal, acabo a jogar como lateral esquerdo. As coisas até estavam a correr bem e eu volto para o Boavista para ser uma opção credível para a lateral de esquerda. A época começa, faço vários jogos como titular na pré-época, mas, depois, quando começa o Campeonato, há opção por outro jogador e eu acabava contrato. Chego ao meio da época com dois jogos, um para o campeonato e outro para a Taça de Portugal e é aí que se dá a minha saída para o Beira-Mar

      Depois do Boavista, Rui Lima mudou-se para o Beira-Mar @Arquivo Pessoal Rui Lima

      zz: Estás no Beira-Mar quatro anos. Período de mudança. O Beira-Mar perde um bocadinho a identidade, ganha um investidor e, naquele período, tu apanhas Carlos Carvalhal e Luís Campos como treinadores. És colega da equipa de Mário Jardel, Eduardo...

      RL: Foi um ano de mudança.

      zz: Jorge Silva: voltaste a encontrá-lo lá? 

      RL: O Jorge também. Lembro-me que, nesse ano, é um ano de mudança para o clube. Foi a passagem de um estádio para o outro - um estádio um bocadinho já mais retirado do centro que provocou algum desconforto na massa associativa. Estavam identificados com o Mário Duarte, no centro da cidade, com uma mística muito especial. Os resultados não estavam a acontecer e criou-se um bocadinho aquela coisa «desde que mudámos para o estádio não ganhámos a ninguém». As próprias mudanças que foram acontecendo no clube, com entrada e saída de investidores, muitos jogadores a entrar a meio da época.... Chegámos a ter a meio de uma época quase 40 jogadores dentro do balneário.

      zz: Havia espaço ou tinham de ser dois balneários?

      RL: Tinham de ser dois balneários, mas quase. Com muitas trocas, muitas chegadas de jogadores, trazidos por esses tais investidores... Às vezes, num balneário de futebol, causa muito desconforto. Os resultados também não estavam a ser os esperados. 

      zz: Disseste que gostavas muito do ambiente que criavas no balneário, como organizavas o grupo e metias o grupo a “toque de caixa”. Como é que com 40 jogadores se consegue fazer isso? Quando eles nem sempre são os mesmos. 

      RL: Era complicado, até porque alguns eram estrangeiros. Nós tivemos uma altura, que era o mister Manuel Cajuda a treinador, que tínhamos 12 ou 13 nacionalidades diferentes em mais de 20 jogadores. Tínhamos jogadores dos quatro cantos do mundo. É mais complicado criar uma dinâmica de grupo quando assim é, mas quando os resultados não aparecem, ainda mais difícil se torna. Procurava-se sempre criar um espírito, um ambiente. Eu também, ao longo dos anos, passei a ser um dos jogadores com mais anos de casa, ser um dos capitães da equipa e fazia parte da minha tarefa criar um bom espírito de grupo. 

      qO mister Inácio, no final do jantar, chamou-me para falar comigo (...) disse que precisava da minha ajuda, que eu iria ter um novo companheiro de quarto no estágio e que precisava de mim para o enquadrar na nova realidade que iria ter. Podia ser um jogador importante para nós. Era o Mário Jardel.
      Rui Lima, ex-jogador de futebol

      zz: Numa das partes finais desse período que entra o Mário Jardel. Como é que isso vos foi comunicado? Lembras-te? 

      RL: Nós estávamos em estágio, em Estarreja. Estávamos a fazer pré-época e treinávamos no campo do Avanca. O mister Inácio, no final do jantar, chamou-me para falar comigo porque eu era um dos capitães de equipa e tinha um à-vontade com a minha forma de estar a falar. Disse que precisava da minha ajuda, que eu iria ter um novo companheiro de quarto no estágio e que precisava de mim para o enquadrar na nova realidade que iria ter. Podia ser um jogador importante para nós e ia precisar de toda a ajuda. Era o Mário Jardel. Fiquei surpreendido porque ninguém imaginaria que um jogador do cartel do Jardel iria representar, com todo o respeito, um clube como o Beira-Mar. 

      zz: E quando ele chegou? 

      RL: Não chegou nas melhores condições físicas, mas fomos procurando puxar por ele, motivá-lo. Ele era uma pessoa completamente tranquila, gostava de brincar, era uma pessoa muito acessível. Foi treinando, foi trabalhando e ainda nos chegou a ajudar nalguns jogos. O problema é que nós não éramos uma equipa de organização ofensiva constante, de criar um volume de jogo ofensivo que servisse um “animal” da área que precisava de ser alimentado. Nós não éramos uma equipa de muita propensão ofensiva, os adversários não nos permitiam isso, e chegou a uma altura em que o mister teve de optar por um jogador diferente e ele foi perdendo espaço e chega a sair para o Anorthosis do Chipre.

      zz: Tu também vais para o Chipre. 

      RL: Eu também vou para o Chipre, no final do contrato, para o Omonia

      zz: Quando olhaste para o símbolo deves ter pensado que era o Panathinaikos do Chipre.

      RL: É parecido, mas não era (risos). Estamos a falar do clube com mais adeptos no Chipre. Foi um desafio tremendo. Eu acabo o contrato com 29 anos, com o Beira-Mar, decido partir à procura de outras realidades e abraço o projeto do Omonia. Tinha lá alguns ex-companheiros a ligarem-me para me convencer a ir para lá, se calhar mandados por alguém (risos). E eu acabei por aceitar. Tive algumas propostas da Polónia, Roménia, Bulgária, mas achei que esta seria a minha a melhor opção.

      zz: Pensamos sempre muito quando temos de tomar uma opção.

      RL: Quando temos que tomar decisões é bom sinal. É sinal que as coisas aparecem e, nessa altura, apareceram-me imensas opções. Era a minha primeira aventura a jogar fora do país e ter amigos, colegas e ex-colegas na equipa iria ser importante e essa foi uma das coisas que pesou na minha decisão. 

      zz: Tu vais para lá para ser um jogador muito influente na equipa, mas acaba por não ser isso que acontece porque há ali uma troca técnica. 

      RL: Eu vou para lá no início de junho, porque nós entrávamos logo na primeira eliminatória da Taça UEFA. Começámos a época muito cedo e eu tenho a prova que eu era importante e indispensável ao clube, quando eles têm uma proposta logo em agosto de uma equipa da Turquia para me vender. Era um clube que tinha mostrado interesse antes de eu ir para o Omonia, mas as coisas esfriaram e eles voltaram à carga em agosto. Eu tenho a hipótese de sair e o presidente disse ao meu representante que não faria sentido estar a vender um jogador que tinha chegado há dois meses. Para além disso, estavam satisfeitos com rendimento, queriam voltar aos títulos - já não eram campeões há algum tempo - e eu fazia parte desse de grupo que iria atrás do título e resolveram não vender.

      Rui Lima foi apresentado com grande pompa quando chegou ao Omonia @Arquivo Pessoal Rui Lima

      zz: Sai o treinador...

      RL: Sai o treinador que apostou em mim, que me contratou. Um croata. E, então, o treinador cipriota não deu tempo para mostrarmos as nossas capacidades. Viu que o problema de dois ou três maus resultados estava nos estrangeiros e dispensou os estrangeiros todos. Eu, o Ricardo Sousa, o Medeiros, o Torrão... Ou seja, mandou embora uma série de malta, disse que não faziam parte dos planos do clube e dá-se, ali, a minha troca do Omonia para Salamis, que é também um clube do Chipre.

      zz: Num período de horas.

      RL: Foi de um dia para o outro. O clube soube que que eu estaria a sair do Omonia e apresentou-me uma proposta. No dia a seguir, já estava a assinar.

      zz: Depois experimentas também o futebol israelita em Haifa.

      RL: A seguir ao primeiro ano no Chipre, regresso ao Boavista - no ano que o Boavista desce, administrativamente, à Segunda Liga, num ano muito, muito difícil do Boavista a e para mim que tinha estado lá nos tempos dourados e, depois, tenho um choque de passar ali vários problemas. No ano a seguir, volto ao Chipre, ao Salamis e, chega a meio da época, e o clube fica com muitos problemas, salários em atraso e surge a oportunidade de ir para Israel, em janeiro. 

      zz: Como é que foi a experiência em Israel

      RL: Mais difícil do que no Chipre porque tinha a vantagem que praticamente toda a gente sabia falar inglês e eu estava perfeitamente confortável. Israel, que a segurança é máxima, com muito pouca gente a falar inglês, um contexto diferente, uma cultura diferente. Os primeiros tempos foram um bocado duros. A adaptação foi complicada, mas, depois, como se costuma dizer, ‘primeiro estranha-se e depois entranha-se’.

      zz: Sobre os salários em atraso. Falaste do Salamis, mas a minha pergunta é como é que o jogador de futebol vive com esse drama? 

      RL: Cá, no nosso país, é complicado passar por essa situação, mas depois o facto de termos familiares à nossa volta que vão sempre ajudando de uma forma ou outra, é mais fácil. Quando estamos lá fora, torna-se sempre muito mais complicado porque somos só nós que estamos lá. Nesse ano, quando eu rescindo contrato para ir para Israel, faço um acordo de rescisão que não foi cumprido, e depois tive que meter uma ação na FIFA para reaver o dinheiro.

      Rui Lima nos tempos da Oliveirense, com Adriano @Catarina Morais

      zz: Regressas a Portugal pela porta do Oliveirense. Como é que como é que acontece essa chegada? 

      RL: Havia algum interesse da minha continuidade em Israel, mas isto foi no ano em que casei. Já tinha 32 anos e até porque as coisas desportivamente não correram como eu ambicionava, surgiu a oportunidade de vir para a Oliveirense. Como era perto de casa, que sou do Porto, juntou-se o útil ao agradável e assim foi. Foram cinco anos de Oliveirense. 

      zz: E esperavas ficar tanto tempo?

      RL: Não, não esperava. Não esperava porque, olhando ao contexto geral do normal jogador de futebol, eu chegava ali aos 34 anos e teria que pendurar as chuteiras porque o corpo ia ceder, mas o que é certo é que foram cinco anos. As coisas foram correndo bem, foram provavelmente os anos de maor rendimento que eu tive.

      zz: Tiveste muitos golos. 

      RL: Muitos golos, muitos jogos. Independentemente da idade que tinha, pela envolvência que era criada no campo, pelo facto de ser as bancadas em cima o relvado... era um clube que tinha uma mística especial. Ao longo dos anos criámos um núcleo de balneário e acho que não foram anos de glória, porque o clube não nunca conquistou grandes coisas, mas foram épocas em que se viu envolvido na luta pela subida, meia-final da Taça e foram anos importantes na minha carreira. 

      zz: É na Oliveirense que tens como um colega de equipa Adriano Louzada. É outro caso tipo Jardel? Como é que o professor o José Godinho abordou o tema?

      RL: Lembro-me que foi no ano que chegámos às meias-finais da Taça e, se calhar, no campeonato saímos um bocadinho prejudicados por causa disso, porque eu acredito que nós tínhamos feito mais se não andássemos ‘distraídos’ na Taça de Portugal. O Adriano já não tinha não tinha aquela dinâmica a velocidade que tinha nos tempos do Nacional da Madeira e do FC Porto, mas era um matador. Era muito frio em frente à baliza. Ainda chegou a fazer vários golos e chegou a ajudar muito essa época. 

      zz: Quando terminas o contrato com a Oliveirense, vais para o Salgueiros. Nessa altura pensavas que irias terminar carreira ou não?

      RL: Nessa altura, foi esse choque porque é a altura que eu deixo de ser profissional do futebol e venho para o Campeonato de Portugal - que foi onde tudo começou no meu primeiro ano de Gondomar - uma realidade diferente, embora num clube enorme como o Salgueiros, com uma mística enorme, com uma massa associativa incrível. Com 37 anos, sair da Segunda Liga e baixar para o Campeonato de Portugal.... Aí começo a perceber que o final de carreira se estava a aproximar, mas, a partir de dessa altura, comecei a dar muito mais valor também à carreira que eu tinha. Comecei a dar mais valor a cada treino, a cada jogo. O próprio corpo se calhar também pedia para descansar mais um bocado porque já começava a sentir mais alguma dificuldade de recuperação entre treinos e comecei a dar muito mais valor à minha paixão e que se tornou na minha profissão. Foi isso que também me permitiu prolongar a minha carreira por mais alguns anos. 

      qO meu pai esteve sempre presente no meu percurso: acompanhou-me na formação e o ponto de partida foi ele. Ir-me buscar aos treinos no Bessa, debaixo de chuva, debaixo de frio, no campo pelado, e tudo começou com ele, com o apoio dele.
      Rui Lima, ex-jogador de futebol

      zz: Uma pessoa que queiras homenagear.

      RL: O meu pai. Eu sou nascido e criado num bairro social do Porto. Na altura em que vou para o Boavista, os tempos eram outros o meu pai não tinha carro. Não havia as soluções de transporte. Eu cresci no meio de muitos colegas - que muitos tinham a mesma capacidade, alguns até eram melhores do que eu, mas por falta de apoio dos familiares perderam-se e não conseguiram. O meu pai esteve sempre presente no meu percurso: acompanhou-me na formação e o ponto de partida foi ele. Ir-me buscar aos treinos no Bessa, debaixo de chuva, debaixo de frio, no campo pelado, e tudo começou com ele, com o apoio dele.

      zz: Engraçado que se ele tivesse deixado, no primeiro ano, ir logo e não tivesse obrigado a ir à catequese... 

      RL: Há males que vêm por bem e acho que cada coisa tem o seu tempo. Foi bom, naquele ano, para eu voltar no segundo ainda com mais vontade.

      zz: Outro desafio: vou pedir nomeies a tua equipa. 11 jogadores.

      RL: Posso ficar de fora. Acho que vou ferir aqui muitas suscetibilidades, mas vou misturar o critério da qualidade e a amizade. Na baliza, o Ricardo, O Labreca, que para além de um amigo foi um guarda-redes excecional. Defesa direito? “Zé” Bosingwa. Acho que não vale a pena estar a descrever o percurso dele.

      zz: É uma pena não querer estar tão ligado ao futebol. 

      RL: O percurso dele fala por ele. Acho que que merece estar neste onze. Dupla centrais? Dois excelentes centrais e amigos que que fizeram parte do meu percurso: Pedro Emanuel e Jorge Silva.

      zz: E que dupla. 

      RL: À esquerda, colocaria Mário Silva. Um excelente jogador, que fez uma excelente carreira excelente com o pé esquerdo. No meio campo, o Petit a número seis. Como alguém um dia lhe chamou o “pitbull”, um trabalhador incrível, um exemplo de raça incansável. No meio campo, vou escolher o jogador que, não digo que era um ídolo, mas era o jogador, na formação do Boavista, olhava e dizia “um dia quero ser como ele” - Timofte. Provavelmente o melhor pé esquerdo que eu vi jogar: o dele e o do Paulo Futre. À direita? Um jogador que pode causar alguma surpresa, mas era um jogador que eu ficava deliciado de treinar com ele diariamente, fazia coisas incríveis no treino. Latapy. Era de um talento enorme e jogador que que marcou o meu início de carreira. Na frente, também complica um bocadinho. À esquerda, vou pôr um companheiro de formação de seniores, de seleção e que ainda hoje se mantém - o Moreira. À direita vou pôr o meu amigo Jorge Couto - mais que um grande jogador, e um jogador com percurso incrível, campeão do mundo pela seleção de Portugal sub-20 é um amigo que ficou. Por fim, Nuno Gomes.

      zz: São todos os jogadores do Boavista. (risos)

      RL: Quase todos, sim. (risos) Poderia estar a enumerar uma série deles. Se me pedisses, daqui a dez minutos, outra equipa, já te dava outra diferente. Mas, falando como treinador, esta equipa dava-me garantias .

      zz: Lutava para ser campeã essa equipa?

      RL: Não tenho grandes dúvidas. Como eu disse, obedecendo a alguns critérios de amizade, qualidade, de exemplo como o Timofte, acho que está aqui um bom 11 inicial aqui em 4x3x3.

      Portugal
      Rui Lima
      NomeRui Manuel Pinto de Lima
      Nascimento/Idade1978-03-25(45 anos)
      Nacionalidade
      Portugal
      Portugal
      PosiçãoMédio (Médio Ofensivo) / Médio (Médio Esquerdo)

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      Comentários (2)
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      LY
      Grande jogador. Grande geração
      2023-02-28 19h42m por lymak
      Um grande craque, pertencente à melhor geração de jogadores que o Boavista teve, na sua história. Talvez porque teve o melhor treinador da história do Boavista: Queiró. . .
      Rui Lima
      2023-02-28 12h02m por moumu
      Puxa tantos anos a jogar, até ao limie, deu bons préstimos ao BFC em várias passagens, de facto tinha um bom pé esquerdom, da altura quando a cantera do BFC estava na mó de cima.
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