Poucos acreditariam se no início da temporada lhes fosse dito que Sebastián Coates teria de esperar até fevereiro para marcar o seu primeiro golo em 2022/23. Pior ainda, se esse golo fosse devidamente contextualizado, com um cenário de um empate (1-1) tardio na receção ao Midtjylland, na Liga Europa.
Mesmo com a gritante certeza de que podia ter sido bem pior, fica o registo de mais uma noite trágica para o Sporting, do tipo que se tem acumulado nesta temporada. Nada perdido - longe disso, com empate numa eliminatória a duas mãos -, mas foi um desfecho longe do esperado frente a uma equipa teoricamente inferior, que já não competia desde novembro.
No cada vez mais prevalente gentílico da internet, o futebol do Midtjylland seria facilmente resumido pelas primeiras três letras no nome do clube. Foi verdadeiramente fraco e não colocou qualquer dificuldade ao Sporting, se excluirmos um par de lances em que Matheus Reis facilitou perante Isaksen e Coates foi forçado a limpar.
O problema, para os adeptos que se deslocaram a Alvalade esta quinta-feira, foi que essa terminologia também encaixou na exibição do Sporting durante a primeira parte. Muito melhor que a do adversário, é certo, mas ainda assim medíocre.
Ao intervalo, já tinham surgido quatro oportunidades. Ainda assim, Arthur, Paulinho e Pote, este último duas vezes, falharam e recolheram ao balneário sem um único remate à baliza.
Por momentos pareceu que a palestra de Rúben Amorim tinha sido um pequeno reveillon, já que o leão regressou ao relvado num registo bastante diferente, no qual foi possível identificar algumas resoluções - subir com mais elementos, correr mais e maior incisão nas entradas na área.
Inicialmente até prometeu, com o Sporting a chegar ao golo (invalidado) e a pedir duas grandes penalidades em incursões interessantes, mas, como acontece na maioria das resoluções, tudo desvaneceu muito rapidamente. Aliás, até acabaria por regressar a hábitos bem piores...
A partir desse momento, instalou-se mais uma vez o ambiente de tragédia em Alvalade. Não que antes se tratasse de uma grande festa (apenas 23 mil nas bancadas), mas a impaciência começou a crescer na mesma medida que o desacerto leonino, à medida que o relógio avançava e os dinamarqueses começavam a viver o seu melhor momento no jogo.
Já tudo parecia perdido quando aos 90+4, no último lance do jogo, o Sporting conseguiu salvar um empate. Edwards cruzou, Inácio desviou ao primeiro poste e apareceu, por fim, Coates. Capitão de volta aos golos, na recarga do seu próprio remate, para evitar o mal maior. Ainda há Dinamarca, para o bem e para o mal.
Numa noite em que é muito complicado deixar elogios a algo relacionado com o Sporting (apesar de algumas exibições individuais positivas), surge o nome de Emam Ashour. Aos 24 anos, fez o seu primeiro jogo no futebol europeu, depois de dar o salto da Liga Egípcia para o Midtjylland. Entrou no decorrer da segunda parte e rapidamente deixou a sua marca, com um remate colocadíssimo a aproveitar o erro de Adán. Grande momento de futebol.
Quantas vezes foi utilizado, desde a chegada ao Sporting, o chavão da «experiência» para resumir Adán e o seu impacto no Sporting. Ainda assim, tem sido no guarda-redes espanhol que originam muitos dos erro que terminam em golos sofridos... especialmente nas provas europeias. Foi uma das personagens principais da eliminação da Liga dos Campeões e hoje, no início da campanha na Liga Europa, voltou a ter impacto pela negativa.