Outrora uma verdadeira fortaleza, geradora de clichês do futebol português e justificações da oposição - «em Chaves é difícil», diziam -, o Estádio Municipal Eng. Manuel Branco Teixeira tem estado mais longe desse estatuto. Hoje foi uma espécie de regresso a esse lugar-comum, casa para os flavienses.
Mais de três meses e meio depois do último triunfo caseiro, o GD Chaves somou três pontos na receção ao Marítimo. Um bom jogo de futebol, rico em história e momentos de tensão, mas os dois golos alcançados muito cedo foram decisivos até ao final.
É provável que todos os elementos da equipa caseira estivessem igualmente saturados do mau momento que a equipa vive, especialmente perante os próprios adeptos, mas um deles decidiu que a mudança era uma tarefa sua.
Falamos de Euller Silva, que fez este domingo a sua melhor exibição em solo luso, e abriu as hostilidades com um grande golo ao segundo minuto de jogo. Recebeu a bola pressionado, depois de um desvio no passe de um colega, e rapidamente embalou num lance individual. Entrou na área, entre dois defesas, e finalizou já em desequilíbrio para fazer o 1-0.
Tudo corria bem e as câmaras chegaram a captar os rasgados sorrisos na bancada principal, mas o Marítimo tem vindo a crescer com José Gomes e voltou a fazê-lo neste jogo. Com mais de uma hora para jogar havia, certamente, muito para dizer.
Léo Pereira foi senhor do jogo durante uns minutos e distribuiu as riquezas do mesmo. Se Léo dá, Léo também tira, e foi por isso que o brasileiro conquistou uma grande penalidade para a sua equipa apenas seis minutos depois de conceder uma ao adversário.
Paulo Vítor bem se esticou e chegou a tocar na bola, mas o remate de Cláudio Winck foi bem colocado e conseguiu colocar a formação insular à distância de apenas um golo. O guarda-redes do GD Chaves redimiu-se numa série de lances em que manteve essa distância, até ao intervalo.
A reação dos visitantes estendeu-se até ao segundo tempo, que já foi um pouco mais equilibrado... Para cada chance de Vidigal, lançado ao intervalo, um bom lance de Euller, ou de Juninho. Vítor Campelos viu um jogo cada vez mais aberto e não gostou, recorrendo ao banco para reforçar a postura defensiva da equipa.
As substituições funcionaram e o volume ofensivo do Marítimo caiu, apesar de ainda ter surgido um par de momentos que assustaram os da casa. Foi até aos 10 minutos de compensação, quando o apito soou para definir as contas, num momento em que o desespero já tinha levado Makaridze à área adversária. Aí está, o valente homecoming dos flavienses!
Mesmo não sendo duas equipas num bom momento de forma e resultados, foi evidente que estiveram em campo dois coletivos muito fortes. O Marítimo reagiu muito bem a uma desvantagem de dois golos e lutou até ao fim para levar pontos do jogo, ao mesmo tempo que o GD Chaves soube recompor-se do controlo que perdeu e guardou a vantagem até ao final com a ajuda do banco. Contribuiu para o espetáculo.
O início da era José Gomes na Madeira trouxe alguma promessa, por resultados positivos e acima de tudo pela vitória sobre o Sporting, mas não parece que isso se vá traduzir numa segunda volta tranquila. O Marítimo acaba de somar a segunda derrota consecutiva e continua na zona vermelha da tabela, tendo pela frente uma grande luta de vários meses.
Duas grandes penalidades bem assinaladas, mas Tiago Martins quase perdeu o controlo do jogo durante a primeira parte, graças a uma série de cartões amarelos que não precisavam de ter sido mostrados. Foram oito até ao intervalo, num total que atingiu a dezena.