gongapires 22-03-2023, 19:59
Enzo Fernández. O ator principal de um filme com desfecho esperado, ainda que com uma narrativa complexa. O médio argentino, campeão do mundo e talento sem «mas», voltou a fazer as malas e, menos de meio ano depois de aterrar em Lisboa com anúncio de uma escala curta, mudou-se para Londres, mais precisamente para Stamford Bridge.
Já com o contrato assinado com o Chelsea e «fechado» emocionalmente pelo presidente do Benfica Rui Costa, Enzo continua a ser «A» notícia do momento. Dois dias depois, o zerozero sentou-se à conversa com Stephen Gillett, jornalista inglês do Playmaker Stats, para tentar compreender o intangível neste transferência: a perceção do negócio em Inglaterra.
Para o jornalista inglês, «usar o termo 'negociação' é engraçado porque o Chelsea não negociou na maioria das transferências.» «Eles têm o dinheiro, têm a vontade e definem o jogador que consideram ser importante para melhorar a equipa», acrescenta, a propósito da forma como o clube londrino aborda o mercado e, em última instância, os clubes e os jogadores.
No entanto, e perante a intransigência de Rui Costa, a abordagem começou por ser ligeiramente diferente no caso de Enzo: «Eles chegaram junto do Benfica e tentaram negociar, tentaram pagar menos. Mas é preciso elogiar o Benfica porque foi claro desde o princípio: paguem o valor da cláusula! O Chelsea não queria, mas por fim acabou por fazê-lo.»
Do caso particular que envolveu os blues, o Benfica e o internacional argentino a conversa alastrou para a «Big Picture» do futebol inglês. «Rios» de dinheiro, contratações mirabolantes e o os novos «Galáticos» concentrados na ilha. «Os adeptos em Inglaterra reconhecem que estão num momento muito bom», admite Stephen Gillett, que vê em Haaland uma espécie de nascimento desta nova era.
«O Haaland foi uma grande contração em termos do futebol em Inglaterra, e agora o Enzo, porque começamos a ter os «Galáticos». Nós nunca fomos capazes de atrair o Messi no seu auge ou o Neymar, mas estamos a conseguir atrair esses jogadores neste momento», diz o inglês.
Levanta-se, por fim, a questão: será este um bom ou mau caminho? «Eu adoro ver futebol bonito no meu país, mas se pensarmos em termos de Liga dos Campeões é óbvio que prefiro uma Europa forte; queremos um Real Madrid, um Barcelona, um PSG, um Bayern de Munique e todos esses clubes incrivelmente fortes também», responde o britânico, antes de concluir.
«Pessoalmente, adoro o que está a acontecer em Inglaterra, mas claramente existe esse perigo de, se continuar assim nos próximos cinco, dez, 15 anos, haver essa disparidade entre os clubes ingleses e o resto. E ninguém quer isso», diz Stephen Gillett.
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