No último dia do mercado de inverno, marcado - e muito - pela novela Enzo Fernández, o Benfica não tremeu na deslocação a Arouca. Vitória eficaz dos encarnados por 0-3 frente a um adversário que, embora crescendo ligeiramente no segundo tempo, não esteve na sua melhor versão e não ameaçou, de forma intimidante, o domínio das águias. E se esta noite ficou marcada pela noite de Enzo, também marcada ficou pela ausência de Dabbagh da ficha de jogo - o palestiniano, figura dos arouquenses, parece estar em litígio com o clube.
Benfica soma a 3.ª vitória consecutiva, todas fora de casa e sem sofrer qualquer golo - diferença de golos de 8-0 pic.twitter.com/cF5EueleVb
— Playmaker (@playmaker_PT) January 31, 2023
Novela de um lado, novela do outro. Mercado a fazer das suas. Enzo não viajou para Arouca - e Chiquinho fez o seu lugar - devido à complexa mudança para o Chelsea e Oday Dabbagh foi impedido de entrar no Municipal de Arouca por ter, segundo a imprensa belga, assinado contrato com o Charleroi válido no final da temporada.
Além disso, outras notas de grande destaque. Draxler esteve ausente da ficha de jogo, Tengstedt foi para o banco e o ataque encarnado ficou à conta de Guedes, com David Neres a voltar à titularidade. Menos armas teve Armando Evangelista, que se viu com oito jogadores no banco de suplentes e Michel a fazer o lugar do palestiniano - também ele figura, mas dos arouqueses.
A temperatura gélida e o horário pouco convidativo não travaram a afluência de adeptos ao estádio, sendo que a bancada destinada aos benfiquistas apareceu praticamente lotada.
O Benfica cedo tentou de aquecer o encontro, mas não foi fácil. A primeira parte não teve momentos de grande futebol e o líder do campeonato viu-se em dificuldades para superar as duas compactas linhas do adversário atrás da bola.
Mesmo móveis na frente, as águias não conseguiram encontrar espaço com a frequência pretendida e os sinais de vida do Arouca só deram motivos de preocupação ao treinador dos homens da Serra da Freita. Deu sempre mais Benfica, embora oportunidades relevantes, tanto que um lance bem trabalhado entre Grimaldo e Aursnes permitiu que João Mário inaugurasse o marcador.
Os minutos passaram e o intervalo chegou praticamente de arrasto, até porque a intensidade e a rigidez tática não permitiram grandes aventuras.
Voltou a não ser uma parte repleta de bom futebol ou de muitos lances de grande perigo. Voltou, isso sim, a ser uma parte em que o Benfica mostrou eficácia no ataque.
O Arouca entrou mais atrevido e mostrou uma face não existente pré-intervalo. Foi subindo linhas e criando problemas a Vlachodimos - Bruno Marques e Alan Ruiz á cabeça -, guarda-redes que parecia, até então, um mero observador.
Os encarnados nunca deixaram de ter o domínio da posse e, novamente através de um ótimo envolvimento coletivo, chegaram ao 0-2, com Guedes a assistir para o bis de João Mário - o pormenor delicioso de Aursnes permitiu que o médio ficasse praticamente só na cara de Arruabarrena.
O fôlego do Arouca perdeu-se, aos 80 minutos, com o golo de Petar Musa, lançado no decorrer do jogo por Roger Schmidt. Vitória importantíssima das águias num terreno tradicionalmente difícil: Enzo foi fenomenal, mas há vida depois do argentino.
Enzo Fernández teve um rendimento excecional e não há, dentro de portas, alguém que consiga substituir tão bem o argentino. Ainda assim, Roger Schmidt recebeu uma boa resposta no jogo desta noite. Há Chiquinho, Aursnes e até João Mário, sendo que todos eles podem fazer parelha com Florentino.
É verdade que ganhou alguns pontos na segunda parte, mas a inoperância e a falta de ideias do Arouca no primeiro tempo acabou por custar caro. O Benfica não foi avassalador e apenas tratou de ser eficaz no ataque, nunca perdendo a orientação da posse. Faltou sal e pimenta a esta exibição da turma de Armando Evangelista.