Decacampeão. São poucos os países europeus familiarizados com o termo, mas a Alemanha é um deles. Dez títulos de campeão seguidos; Bayern München. Palavras que se confundem perante a realidade impiedosa da última década na Bundesliga, período de domínio avassalador do «gigante» bávaro.
Mas a temporada de 2022/2023 parece ter devolvido o entusiasmo às plateias um pouco por toda a Alemanha; o entusiasmo de voltar a ter um campeonato com desfecho incerto e pleno de emoção até à última jornada. Sim, o Bayern München tem concorrência no topo. E sim, são vários os pretendentes.
Antes da interpretação subjetiva da forma de cada um dos primeiros seis classificados da Liga alemã, a infalibilidade dos números: desde que cada vitória passou a valer três pontos na Alemanha, em 1995, que a diferença entre o 1.º e o 6.º lugar não era tão curta. Traduzido para a tabela, são «meros» cinco pontos que separam o líder Bayern do 6.º SC Freiburg.
A equipa com assinatura - ou falta dela? - de Julian Nagelsmann tem sido o principal responsável pelo filão de candidatos ao trono congestionados atrás do, e apesar de tudo, líder e decacampeão. Apesar de seguir no lugar que melhor conhece, o Bayern München vive entre a naturalidade de ser quem é os «apagões» frequentes da própria identidade, traduzidos em alguns tropeções - uma derrota e seis empates.
Pois bem, a pergunta que o país futebolístico alemão coloca: Union Berlin, RB Leipzig, Eintracht Frankfurt, Borussia Dortmund e SC Freiburg. Quem se chega à frente? A lista de perseguidores, por ordem classificativa, engloba emblemas «expectáveis», como as equipas de Edin Terzic (Dortmund) e Marco Rose (Leipzig), e outras menos dadas ao papel de afrontar o Bayern.
Em Berlim, por exemplo, o Union continua a escrever capítulo atrás de capítulo no «conto de fadas» que começou em 2019 com a subida à Bundesliga. Depois de duas participações europeias (Liga Conferência e Liga Europa), a equipa do suíço Urs Fischer pode objetivamente sonhar com nova participação inédita e absolutamente impensável há uma década: a Liga dos Campeões.
O RB Leipzig, devolvido à confiança pela mão de Marco Rose, não perde há dez jogos e arrancou a segunda volta com um empate frente aos bávaros e uma goleada por 1-6 em Gelsenkirchen. O ataque ao trono da Bundesliga seria, por fim, o cumprir de uma missão assumida na casa Red Bull. No caso do Borussia Dortmund, pesa a tradição de ser o rival "histórico" nas últimas duas décadas, embora a equipa da Vestefália pareça ainda mais inconstante do que habitual.
Sobram Eintracht Frankfurt e SC Freiburg, outsiders na linha do Union Berlin mas com argumentos distintos. Se na Brisgóvia a ambição é moderada, à semelhança da cultura do clube, em Frankfurt há aspirações que não sonegam o sonho de atacar em grande. Com Mario Götze, Kolo Muani, Kamada ou Kevin Trapp na «linha da frente», o atual detentor da Liga Europa não é, definitivamente, uma «carta fora do baralho».