Nem tudo vai bem no reino canarinho. Apesar dos bons resultados da seleção do Brasil, a bipolarização política tem criado divisões insolúveis mesmo em relação aos adeptos da equipa de Tite. Gilberto Gil, um dos monstros sagrados da cultura brasileira, foi insultado por um seguidor bolsonarista já no Catar e Kaká, campeão do mundo em 2002, considera que esses atritos estão a afetar o futebol.
O antigo avançado dá o exemplo do que se passa em relação a Neymar e Ronaldo Fenómeno. O primeiro assumiu o vovo no ainda presidente do país e recebeu as críticas inerentes a esse posicionamento; o segundo, nome maior do futebol nos anos 90 e início do presente século, também não tem sido poupado devido a algumas aparições mais ou menos felizes no Catar.
«É estranho dizer isto, mas alguns brasileiros não apoiam a seleção do Brasil», reclamou Kaká na BeIN Sport. «Às vezes ocorre isto, talvez por questões políticas. Se vês o Ronaldo no Catar, toda a gente diz 'uau!'. No Brasil, é só um gordo a andar na rua.»
Kaká tentou explicar-se. «Tenho a certeza que muitos brasileiros amam o Ronaldo, eu amo o Ronaldo, mas a forma como ele é tratado no estrangeiro é diferente. Vejo isso todos os dias aqui no Catar. No Brasil também se fala do Neymar de forma negativa, acredito que pela questão política.»
Kaká e Ronaldo foram dois dos elementos campeões do mundo pelo Brasil em 2002. Vinte anos depois, o país continua à espera do hexa.