VerdeRubro 25-04-2024, 17:20
Rabat. Capital de Marrocos.
Achraf Hakimi parte para a bola, dá uma panenkada e confirma o apuramento da surpreendente seleção marroquina para os quartos de final do Campeonato do Mundo. Para trás fica uma das candidatas/favoritas a conquistar a prova no Catar, a Espanha. O sonho de Marrocos, único representante do continente africano nesta fase, alimenta a alma de um povo. As pessoas saem à rua, em festa à conta do futebol, esse fenómeno que une gerações, e esquecem os problemas de uma vida.
«Tem sido a loucura!» Diney Borges, central luso-caboverdiano, é quem nos faz o retrato. Há quatro épocas a vestir as cores do FAR Rabat, depois de passagens por Marítimo e Estoril-Praia, o defesa de 27 anos tem acompanhado de muito perto a «paixão» do povo marroquino. Nas primeiras palavras ao telefone, conta-nos que a possibilidade de ir para Marrocos apareceu numa altura em que recuperava de uma lesao grave no joelho.
Tinha acabado de rescindir com o Marítimo, que queria que voltasse a competir pela equipa B, após o período de empréstimo ao Estoril, e tinha sido aconselhado a esperar até janeiro para encontrar um novo projeto. «Os principais campeonatos já tinham começado, disseram-me para esperar por janeiro, mas eu não queria esperar esse tempo todo. Então decidi aceitar esta oferta. Confesso que não queria muito, para ser sincero, mas fiquei muito surpreendido com o que encontrei aqui. Foi difícil a adaptação, mas os últimos dois anos correram muito bem».Feliz. Não é possível perceber pelo rosto, mas a voz não engana. Diney e a companheira de vida estão completamente adaptados ao país, a um país que tem vibrado (e muito) com as emoções do Mundial do Catar. Mesmo em Doha, têm sido dos mais fervorosos.
«Os marroquinos são muito fanáticos, muito mesmo. Eles aqui enchem os estádios praticamente todos, algo que em Portugal não assistimos tanto, com exceção, claro, para os jogos dos grandes. E os jogadores gostam de sentir esse apoio. Em relação ao Campeonato do Mundo, estão a vibrar muito. Tem sido a loucura. Os cafés estão sempre cheios, muito barulho nas ruas...», explica Diney.
O próximo capítulo da história de Marrocos em solo catari é sobre Portugal, num duelo entre o país que viu Diney crescer e o país que lhe abriu as portas numa fase muito complicada da sua carreira.
«Vejo sempre em casa, tranquilo. Eles estão sempre a convidar-me para ir ver os jogos com eles, mesmo os jogos de Marrocos, mas vejo sempre em casa. Assim não me chateio [risos]. Agora no jogo de Portugal, até com o telefone desligado para ninguém chatear», reitera.
Sobre a campanha da equipa das quinas, Diney acredita que é possível fazer história: «Portugal tem jogado de forma muito organizada, com muito ambição e muitos jovens na equipa. Acredito que seja possível chegar à final. E o Cristiano Ronaldo ainda vai dar o Campeonato do Mundo a Portugal. Fala-se muito nele, o mundo do futebol é muito ingrato... Se estás bem, todos falam bem de ti, mas quando estás mal, já se sabe como é...», analisa.
«Se Portugal vencer, nem quero imaginar como vai ser com os meus colegas [muitos risos]», termina.
1-0 | ||
Youssef En-Nesyri 42' |