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A responsabilidade de não falhar, o insustentável peso da honra. O Japão tremeu nos penáltis - um golo em quatro tentativas - e a vice-campeã mundial, a Croácia, seguiu para os quartos-de-final.
O hara-kiri dos guerreiros nipónicos foi dramático. Muita dúvida, muita hesitação, aquele excesso de sentido de dever e bolas muito simples para Dominik Livakovic parar.
Os croatas, mais libertos, vão continuar a lutar pela repetição do brilharete de 2018. Depois do 1-1 no período regulamentar e no prolongamento, os homens de Zlatko Dalic fizeram golo em três dos quatro pontapés - Marko Livaja.
Segue-se o Brasil ou a Coreia do Sul no caminho dos quadradinhos vermelhos.
Num jogo equilibrado, fechado em demasiados períodos, as bolas paradas e os cruzamentos foram muitas vezes a solução.
Foi assim que um velho conhecido do futebol português, Daizen Maeda, inaugurou o marcador no Estádio Al-Janoub. Cruzamento perfeito na direita, desvio com um pé de Maya Yoshida na área e finalização de Maeda, com um pontapé de primeira.
O agora avançado do Celtic passou em 2019/20 pelo Marítimo e com um sucesso muito discutível: quatro golos em 24 jogos, antes de regressar ao futebol japonês.
A perder ao intervalo, a Croácia voltou diferente e lá foi capaz de chegar ao empate. Dejan Lovren, o central corajoso, foi à frente e assistiu Ivan Perisic para um cabeceamento notável. Shuichi Gonda, antigo guarda-redes do Portimonense, só pôde mergulhar à esquerda e ver a bola a entrar na baliza.
Duas equipas capazes de ter bola, sólidas, anularam-se daí em diante. O Japão continua a não ser capaz de suplantar a barreira psicológica dos oitavos-de-final - é a quarta vez que cai nesta fase - e a Croácia ficará à espera do que der o Brasil-Coreia do Sul.
Com aquele meio-campo de 'ics' (Brozovic, Modric e Kovacic) todos os sonhos são permitidos.
No dia em que igualou Davor Suker no topo dos marcadores croatas em Mundiais, Ivan Perisic fê-lo em grande estilo. O desvio de cabeça é soberbo, com a bola a fugir das luvas de Gonda e a entrar pelo único sítio possível. Um momento de nível Mundial assinado por um croata histórico.
A explosão de Ritsu Doan, um esquerdino selvagem, não apareceu. Depois da grande entrada contra Espanha, o extremo do Friburgo foi titular e desiludiu. O Japão precisava muito das arrancadas e dos pontapés de longa distância. Nota baixa.