Nem Hitchcock pensaria num enredo com um suspense tão dramático. O Uruguai está fora do Campeonato do Mundo, apesar de ter ganho ao Gana (0-2). Os sul-americanos terminaram a partida frente aos africanos a forçarem em desespero pelo terceiro golo - que lhe valeria o apuramento - que não surgiu. A festa aconteceu no relvado do estádio Education, onde jogou Portugal, pelo conjunto da Coreia do Sul.
Doses de adrenalina levadas ao extremo, batimentos cardíacos impróprios para gente saudável, tensão máxima. Antes do jogo o Gana ficaria contente com o empate, o Uruguai tinha de ganhar. As contas pareciam simples, mas os sul americanos não contariam com a reviravolta coreana frente a Portugal, no entanto o futebol é pródigo em histórias assim.
Foi, precisamente, o lance de maior perigo do Gana que inverteu a partida. O meio campo do Uruguai passou a ter outra postura, mais combativo, menos imperialista e a partida mudou de sentido. Darwin foi o primeiro a dar um ar da graça sul americana, mas foi o De Arrascaeta a estar de pé quente. Em cinco minutos bisou na partida e o Uruguai ficou com o jogo na mão. Tinham passados dez minutos desde o penálti defendido por Rochet e os dois golos marcados por De Arrascaeta. A definição da formação celeste apresentou-se em níveis que ainda não tinham sido descobertos no Campeonato do Mundo e que não voltaram a ser.
Alonso demorou a perceber que o perigo esteve perto da sua baliza e quando mexeu não empurrou a equipa para a frente. Suárez e Pellistri esgotados foram substituídos, mas a equipa não reagiu. Ainda com a qualificação na mão, o treinador uruguaio quis reforçar o meio campo para evitar as subidas do Gana, mas perdeu gente para o futebol direto. Precisou disso quando a Coreia do Sul marcou e ultrapassou o Uruguai na tabela classificativa.
Nos últimos minutos e já em desespero Coates ajudou a ponta de lança, Cavani obrigou Zigi a uma defesa incrível, o avançado do Valência reclamou, ainda de uma grande penalidade, mas nada foi marcado. O Uruguai ganhou, mas esta vitória teve o sabor a derrota. Acabou o mundial para as duas seleções.
Daniel Siebert teve uma exibição polémica, vão dizer os uruguaios, difícil no olhar nos ganeses. Ajudado pelas imagens não teve dúvidas em assinalar uma grande penalidade a favor dos africanos, mas não foi chamado para rever o lance de Cavani nos minutos finais. Suárez foi forte nas críticas e não foi o único, mas o juiz alemão não se deixou intimidar.
De Arrascaeta foi titular, apenas, neste encontro frente ao Gana e além dos golos, o médio deu muita coisa ao jogo e fica a ideia de que a sua presença na equipa inicial seria elementar para os objetivos do Uruguai. Diego Alonso não pensou o mesmo.
Diego Alonso mexeu de uma forma pouco ortodoxa e a equipa sentiu a mensagem. As trocas de De Arrascaeta e Darwin Núñez a dez minutos do fim levou a equipa uruguaia perdesse gente para atacar e recuasse no terreno. Não foi responsável pelo golo da Coreia do Sul, mas a crença de ficar satisfeito com os dois golos foi o cataclismo da eliminação.