Um, dois, três. Assim se contam os leões no escudo da equipa inglesa e assim se contam os golos (e pontos) somados nesta derradeira jornada do Grupo B, que Inglaterra venceu para marcar encontro com o Senegal nos oitavos de final.
Dérbi britânico num Campeonato do Mundo foi ocasião rara que terminou com o mais provável dos desfechos. O favorito rodou algumas peças e as novidades promovidas por Southgate voltaram a provar, com golos, a qualidade e profundidade do plantel. O adversário ficou a ver.
O País de Gales iria sempre precisar de um milagre para seguir em frente, mas encerra a sua participação na prova com nova derrota e regressa a casa com apenas um ponto e um golo marcado em três jogos: o penálti de Bale frente aos EUA.
Com ingleses quase apurados e galeses quase eliminados, é natural que o leitor, dada a escolha, tenha preferido ver o jogo mais decisivo deste grupo. Se não tomou essa decisão antes do apito inicial, certamente mudou para o canal do Irão - EUA em algum momento da cinzenta primeira parte que se viveu em Al-Rayyan.
Outro 0-0 numa primeira parte deste Mundial, quem diria? Por esta altura as casas de apostas já nem devem oferecer esse mercado, mas, mesmo que o façam, é certo que Kane não apostou. O capitão inglês fez um passe fantástico a isolar Rashford, que tremeu perante Ward no grande momento desses primeiros 45 minutos.
O intervalo trouxe a saída prematura de Gareth Bale, sem qualquer lesão ou outro compromisso (pela nossa pesquisa, não está a decorrer qualquer torneio de golfe no Catar), e trouxe também uma Inglaterra de espírito renovado.
A vitória já estava no bolso quando Rashford foi à procura de mais. O avançado do Manchester United, que já tinha marcado no jogo inaugural, foi lançado na profundidade por Kalvin Phillips e driblou um adversário antes de atirar para o bis. Assim igualou os melhores marcadores deste Mundial, com apenas 106 minutos jogados.
O dragão galês, cabisbaixo, despede-se do seu primeiro Mundial desde 1958. Contraste com os vizinhos ingleses, que seguem de cabeça erguida para a próxima ronda.
Não foi o jogo mais espetacular que Inglaterra já fez, mas a defesa voltou a dar segurança, com zero oportunidades concedidas, e a profundidade do plantel voltou a ser arma válida.
As novidades no onze de Southgate foram algumas das principais figuras e isso, aliado ao estilo inglês nestas grandes competições, permite sonhar com uma boa campanha.
Participações como a do Euro 2016 criaram uma expectativa que o País de Gales dificilmente conseguirá replicar muitas vezes, mas o que a equipa de Robert Page fez no Catar foi, simplesmente, pouco.
Apenas um ponto somado, apenas um golo marcado (de penálti) e a certeza coletiva de que foi a pior equipa deste Grupo B.