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A vingança foi servida. Quatro anos depois de ter sido eliminado do Mundial da Rússia pelo Uruguai, Portugal venceu a Celeste por 2-0 e garantiu a qualificação para os oitavos de final do Catar 2022. Uma exibição de cabeça fria quando tudo tinha para ser de cabeça quente. Onde os golos surgiram em momentos cruciais, onde Diogo Costa segurou quando tudo era incerto. Pouco brilhantismo, muito sofrimento e um carimbo de superioridade sobre o adversário que mais ameaçava o estatuto no grupo H. Ah, o sofrimento? Novamente em boa dose...
Era previsível que fosse durinho. Que existisse intimidação. Que o sangue uruguaio, tão típico, tentasse ser, de alguma forma, um anticorpo no jogo português. O bloco baixo, diga-se, também era expectável, tal como a maior posse da seleção nacional.
⌚️90' POR 2-0 URU
🇵🇹Bruno Fernandes é o 6.º português a bisar em Mundiais:
2022 🇵🇹Bruno Fernandes
2018 🇵🇹Cristiano Ronaldo
2010 🇵🇹Tiago
2002 🇵🇹Pauleta
1966 🇵🇹Eusébio x2
1966 🇵🇹José Augusto pic.twitter.com/Fg2AdNKX8I
— playmakerstats (@playmaker_PT) November 28, 2022
Foi tudo assim. Mas faltou um clique. Mais um passo, mais um passe, mais um remate, mais presença na área. Portugal voltou a ter o jogo minimamente controlado, mas também voltou a ter falta de aceleração na posse, um pouco à imagem do primeiro encontro.
Mesmo que as aproximações tivessem dado a ideia de uma equipa das Quinas superior, as oportunidades apontam diretamente para o Uruguai. E, em grande estilo, Bentancur provocou suores frios às gentes lusas através de uma jogada «Maradoniana» abafada, posteriormente, por uma enorme mancha de Diogo Costa.
O jogo parecia inteiramente controlado. Entradas ríspidas ali e acolá, com os alas procurarem constantemente movimentos interiores para arranjar forma de furar a densa muralha Celeste, composta por um trio de choque como Giménez, Godín e Coates.
Sem preocupações de maior, a grande dor de cabeça, ainda assim, surgiu com a lesão de Nuno Mendes, incapaz de terminar o primeiro tempo, como grande prova do «estava-se mesmo a ver»...
... Quem marca, desde que a bola entre. Quanto ao «jogar bem ou mal», as vitórias lá sustentam uma dessas perspetivas. E, digamos, não foi uma segunda parte minimamente bem conseguida, muito por culpa do golo fortuito de Bruno Fernandes (por momentos do «fantasma» Cristiano).
O Uruguai mudou o chip de intensidade, subiu linhas e pressionou. Diego Alonso refrescou e colocou outros craques em campo. Apareceu Diogo Costa, novamente, mas também o poste - como lhe pegou Maxi Gómez - e cortes in extremis dos valentes defesas lusitanos.
Fernando Santos, com o sempre questionável timing visto de fora, colocou Leão e Palhinha em campo, duas substituições lógicas e emparelhadas com a exigência da partida. Pedia-se mais músculo e velocidade em eventuais transições, com Matheus Nunes a ser o topping necessário.
Numa delas, já em cima dos 90', Giménez colocou uma mão - diga-se de Deus - para dar oportunidade a Portugal para selar, praticamente de imediato, o apuramento. Bruno Fernandes fez de CR7 e serenou os batimentos cardíacos. Os oitavos já cá cantam... Mas será possível acabar com o sofrimento?
Leão, Palhinha e Matheus Nunes saíram do banco e foram fundamentais para segurar a formação portuguesa numa fase de grande aperto. Mais cedo ou mais tarde, o certo é que Fernando Santos leu e percebeu o que o jogo pedia. E este aspeto também prova a fantástica profundidade deste grupo.
Portugal tem a frequente tendência de se subjugar ao rival. Baixa linhas de forma automática e parece amnésico em relação ao seu valor, complicando a sua própria tarefa. Não há necessidade...