Há cada vez mais jovens a deixar Espanha para jogar em Portugal: «É o sítio ideal para crescer»

Portugal e Espanha são países vizinhos, mas com muitas diferenças entre si. Apesar do respeito de cada um dos países, há também uma certa rivalidade entre portugueses e espanhóis, que também passa pelo futebol.

Se em Portugal se diz que «de Espanha, nem bons ventos, nem bons casamentos», em Espanha, Portugal é muitas vezes olhado como um país inferior. Fora da Península Ibérica há quem acredite (especialmente fora da Europa) que Portugal e Espanha são o mesmo país.

Grimaldo chegou a Portugal com 20 anos �Kapta+

Até bem recentemente, não era assim tão comum vermos jogadores espanhóis em Portugal (o contrário já era mais normal), mas ao longo dos últimos anos isso tem acontecido com mais frequência, ainda que com uma mudança em relação a outros períodos. Agora, são os jovens espanhóis que se deslocam a Portugal para desenvolver as suas carreiras.

O primeiro caso de sucesso terá sido Alex Grimaldo, que chegou a Portugal ainda com 20 anos, deixando o Barcelona, onde foi formado e por quem jogou até à equipa B. O esquerdino não se estreou na equipa principal, mas não ficou muito tempo à espera da oportunidade, acabando por deixar o futebol espanhol para rumar a Portugal.

Mais recentemente, o caso de Pedro Porro é também destaque, embora aqui com uma ligação contratual a Inglaterra. O jovem, que chegou a ser apontado como um dos melhores espanhóis nas equipas de formação, não passou por um grande em Espanha, mas quando assinou pelo Manchester City, acabou por rumar a Portugal para ter em Alvalade o espaço que não teria em Inglaterra e o desafio que procurava depois de deixar o futebol espanhol, isto depois de um período de cedência ao Valladolid.

Fran Navarro tem sido um caso de sucesso �Rogério Ferreira / Kapta+

As prestações das equipas portuguesas lá fora, não só a nível sénior, mas também a nível de formação, chamaram cada vez mais a atenção dos jovens espanhóis e nos últimos anos a ponte Espanha-Portugal tem cada vez mais tráfego.

Os casos não são todos bem sucedidos - Martín Calderón, ex-Real Madrid, passou despercebido na Capital do Móvel, tal como Mboula, ex-Barcelona, no Estoril -, mas o saldo é claramente positivo.

Destacando alguns casos mais recentes, temos, também em Paços de Ferreira, a cedência de Butzke, que foi uma boa adição na segunda metade da época passada dos Castores, Manu Hernando (ex-Real Madrid) em Tondela, Adrián Marín (ex-Villarreal) em Famalicão e agora em Barcelos, Fran Navarro (ex-Valencia), também em Barcelos, Abel Ruiz (ex-Barcelona) no SC Braga e Pepelu, que passou em Tondela e Guimarães antes de conseguir afirmar-se no Levante.

Já esta época, a ligação Espanha-Portugal ganhou novos adeptos. Destacam-se, entre os mais jovens, Rafa Mújica (Arouca), Alex Millán (Famalicão), Victor Gómez (SC Braga), Alejandro Marqués (Estoril Praia), Pablo Moreno e Zarzana (Marítimo), Antoñin (Vitória SC), Johny Arriba (GD Chaves) e Miguel Baeza (Rio Ave).

O último exemplo mencionado no parágrafo acima deu recentemente uma entrevista à agência EFE. O ex-jogador do Real Madrid, emprestado pelo Celta ao Rio Ave, admitiu que, há uns meses, não recomendaria a mudança para Portugal a nenhum colega, mas depois de conhecer a realidade do futebol português, que considera «muito físico», mudou completamente de opinião: «Não tenho dúvidas que é o sítio ideal para que os jovens espanhóis tenham o impulso que necessitam.»