Épico. E com um pouco mais de eficácia, ainda mais tinha sido. Depois de uma grande 1ª parte coletiva e de uma 2ª parte muito sofrida, o Benfica conseguiu um importante empate a uma bola com o todo poderoso Paris SG, mantendo, assim, intactas as suas esperanças de terminar em 1º lugar na fase de grupos da Liga dos Campeões.
Era um duelo entre os líderes do grupo e que podia adquirir grande importância para as contas finais do mesmo. Fiel a si mesmo, Roger Schmidt não fez qualquer alteração no onze inicial do Benfica, ao passo que do lado do Paris SG, o treinador Christophe Galtier promoveu as entradas para o onze inicial de Hakimi, Danilo Pereira, Mbappé, Verratti e Nuno Mendes.
Ao contrário do que, talvez, se pudesse esperar, o Benfica entrou completamente fiel a si mesmo e com uma pressão sobre o portador da bola altíssima, o que causou algumas dificuldades ao Paris SG, ao ponto dos parisienses não conseguirem construir a partir da sua defesa e Neymar e Messi serem obrigados a formar um losango no miolo com Vitinha e Verratti para queimar etapas de construção. Do outro lado, na defesa, os encarnados cumpriram a «promessa» de Roger Schmidt e foram-se entreajudando de forma exímia, nunca dando espaço ao portador da bola e com agressividade.
⌚️23' SLB 0-1 PSG
🇦🇷Lionel Messi marcou o primeiro golo frente ao Benfica em 3 partidas.
Em 160 jogos na ⭐️Champions League, o argentino marcou 128 golos (0,80 golos/jogo) pic.twitter.com/0oagP0amv0
— playmakerstats (@playmaker_PT) October 5, 2022
Ofensivamente, as águias tinham a lição claramente estudada e sabiam que o espaço dado entre os centrais adversários era a chave do sucesso, uma vez que estes davam bastante largura no campo. Logo a abrir, António Silva desmarcou com classe Gonçalo Ramos e este obrigou Donnarumma a uma grande defesa, mas o guardião italiano não se ficou por aqui e pouco depois voltou a repetir o «feito», a remate de Neres, que explorou bem o tal espaço referido.
O Paris SG, contudo, mudou o desenho de construção ao fazer subir Marquinhos para a posição de «6» nesse momento do jogo e a equipa passou a ter mais estabilidade, libertando o mortífero trio ofensivo para as suas missões habituais. Ora, com o Benfica a desperdiçar, os campeões gauleses foram eficazes e na sua primeira vez a ir à baliza adversária chegaram ao golo, num movimento característico da direita para o meio do intratável Lionel Messi, com uma jogada ao primeiro toque e onde rematou colocadíssimo de fora da área, sem hipóteses para Vlachodimos.
Depois de uma boa 1ª parte, o Paris SG trouxe mais intensidade nas suas movimentações centrais no arranque da 2ª parte e isso equilibrou mais o jogo e o ritmo do que se tinha visto antes, deixando a partida mais partida e desorganizada, o que beneficiava a velocidade dos executantes parisienses - Neymar atirou à barra, de bicicleta, aos 48'. Além disso, Florentino e Enzo estavam subidos e isso deu espaço para que Neymar surgisse mais em jogo. Apenas quando João Mário passou a apoiar mais o miolo é que voltou alguma estabilidade encarnada.
O Paris SG continuava, no entanto, a ser a equipa mais nesta 2ª parte e foi obrigando o Benfica a baixar linhas, de tal modo que os encarnados perceberam que precisavam de jogar em bloco ligeiramente mais compacto e apostar na velocidade de Rafa e David Neres na transição. Passou-se, por isso, a jogar mais tempo no meio campo encarnado. Era um cenário «novo» neste jogo e foi aí que o público da Luz - estiveram presentes 62306 adeptos - respondeu e apoiou fortemente a equipa, percebendo que esta precisava claramente de ser galvanizada.
Até ao final, o Paris SG continuou claramente a ser melhor e a equipa mais próxima do golo - Benfica apenas ameaçou pela velocidade de Rafa, mas nunca o suficiente -, mas os encarnados souberam sofrer e acabaram mesmo por conseguir um importante e suado empate a uma bola frente ao todo poderoso Paris SG, continuando, assim, na liderança dividida do grupo na Champions. Foi mesmo uma daquelas noites de Liga dos Campeões.
Com ou sem milhões de diferença entre as duas equipas, o Benfica voltou a jogar olhos nos olhos perante um adversário de calibre europeu e mundial, tal como tinha acontecido com a Juventus. Os encarnados voltaram a mostrar que se conseguem bater com os melhores.
Talvez propositadamente, mas esperava-se mais do PSG numa primeira fase do jogo, embora o Benfica tenha o seu mérito, e prova disso é que a 2ª parte foi muito diferente. Podia ter dificultado mais a vida ao Benfica na 1ª parte.