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    Ricardo Gomes em entrevista ao zerozero

    Passou por Portugal e bate recordes na Sérvia: «Quero deixar o meu nome no Partizan»

    2022/09/27 10:45
    E4

    * por Cristiano Tavares Faria

    É presença habitual nos ratings relacionados com os principais artilheiros do futebol europeu e parece não querer abrandar a cadência volátil com que faz balancear as redes adversárias. Ricardo Gomes vai cimentando o seu nome, como um dos incontornáveis na história recente do Partizan, tornando-se, cada vez mais, num ícone de um emblema que anseia regressar à conquista do campeonato sérvio, como se não houvesse amanhã.

    O zerozero foi, por isso, ao encontro do internacional cabo-verdiano, que nos abriu a conversa com a disponibilidade com que encara cada oportunidade de que dispõe perto da baliza, revelando os frutos que o nível da liga daquele país dos Balcãs lhe proporcionou nos palcos europeus. Ricardo, um antigo jogador de Vizela, Vitória SC e Nacional a brilhar em Belgrado. 

    Recorde de golos na Europa e o «empate» com um goleador norueguês 

    «Isto é a liga sérvia, mas se formos a ver, em termos europeus - há uma ou duas semanas -, também consegui bater o recorde de golos. Sou o jogador com mais golos pelo clube a nível europeu, por isso não é só aqui! É ao nível do campeonato sérvio e também tem sido na Liga Europa e na Liga Conferência, onde agora também estamos a competir. Acaba por ser no geral e não só especificamente na liga», contou, antes de ser surpreendido por ter tantos hattricks quanto Haaland, estando, por isso, no topo da Europa a esse nível.

    Ricardo Gomes tem 17 golos pelo Partizan nas provas da UEFA ©Getty Images

    «Ei, estava a pensar que ele tinha mais, está sempre a marcar! O ano passado foi... [pausa], mas ainda bem, estou a dar continuidade. Não começámos muito bem, mas depois mudámos de treinador e este técnico chegou com boas ideias novas. As coisas começaram a acontecer da forma que estavam no ano passado. O nosso estilo de jogo favorece-me muito. Acho que isso é um dos segredos por estar a fazer muitos golos», justificou.

    «Jogamos um futebol mais direto, não muito de posse. A nossa ideia é recuperar e tentar chegar à zona de finalização o mais rápido possível. Às vezes, em dois ou três passes, já estamos na área da equipa adversária e isso favorece-me muito, porque temos extremos muito rápidos e eu tento acompanhar. Aparecem muito rápido dentro da área, com bom posicionamento e depois, claro, depende da minha qualidade a finalizar», assumiu, detalhando o perfil dos centrais que enfrenta semanalmente.

    «Temos a bola, por exemplo para cruzar, na zona ofensiva e eles nem querem saber dela. Agarram-me de uma forma incrível, mas olha, é o estilo deles. Gostam de ir, não tecnicamente, mas fisicamente são muito fortes», complementou.

    Uma alteração da realidade a que estava habituado em Portugal, que permitiu a Ricardo Gomes outro tipo de aproveitamento dos lances de ataque: «Aqui dão-te a iniciativa e a maioria das equipas fica à espera de um contra-ataque, a defender em bloco baixo. Para nós que temos a bola, é mais difícil, porque a equipa mete-se toda atrás e, para encontrar um espaço, fica mais complicado. Por isso, sempre que tenho uma oportunidade, tenho de fazer golo. Sei que não vou ter muitas durante o jogo. Tento sempre ser eficaz.»

    Imagens de um jogo memorável frente ao Spartah Praga ©Getty Images

    Só que numa história feliz, nem todo o enredo vai ao encontro direto da felicidade de quem a procura. Ricardo Gomes é um dos intérpretes desse tipo de histórias, depois do seu Partizan não ter aguentado o primeiro lugar até ao fim, numa época (2021/22) que até se iniciou de forma inesquecível: «Até à primeira metade da época, fizemos a melhor primeira volta de sempre da história do clube. Tivemos dois empates e o resto tudo vitórias, estávamos muito bem, toda a gente ligada. Só que depois, aqui, temos o dérbi contra o Estrela Vermelha. Um jogo que vale muito, muito mais do que os três pontos.»

    Um desafio que acabou por ser fatal para uma equipa que não sabe o que é conquistar um campeonato há cinco temporadas: «Faltou-nos um pouco de humildade. Estávamos bem, achávamos que íamos ganhar e chegamos lá, perdemos o dérbi e a partir dali, a nossa equipa foi abaixo em termos de confiança. Depois começámos a tremer um bocado.»

    (Boas) Propostas recusadas em nome da estabilidade

    A viver as melhores épocas da carreira no plano desportivo, não faltaram ofertas a Ricardo Gomes para seguir carreira, em paragens mais abonadas financeiramente. No entanto, ao avaliar o momento que vive nos relvados e o conforto que de que a família dispõe, na vida que leva em Belgrado, «não era o momento», para uma mudança de ares: «Estou muito bem aqui, a minha família também, os meus filhos estão aqui na escola e sei que para ir para a Arábia Saudita, eles teriam de ir para Portugal. Foi um dos motivos que me fez não aceitar essas propostas da Arábia Saudita. Não era o momento para essa mudança», assumiu, anunciando depois dois dos históricos clubes gregos, que o tentaram recrutar.

    «Tive abordagem do Panathinaikos, no final da época. Agora, a fechar o mercado, tive uma abordagem do AEK Atenas, mas são coisas que às vezes não dependem de mim. Os clubes não entraram em acordo, mas tudo bem. Estou bem aqui e se tiver de acontecer, vai acontecer sem stress, sem nenhuma pressão», afiançou. 

    Fora de questão parece estar o regresso a Portugal, pelo menos por agora: «Muito difícil, porque a nível financeiro, principalmente, com o contrato que tenho aqui, não estou a ver clubes em Portugal... Não estou a ver uma equipa a fazer-me uma proposta dessas», confessou.

     Os 100 golos no horizonte: «Tenho de procurar sempre mais»  

     A cumprir a terceira temporada no clube da capital sérvia, Ricardo Gomes já detém alguns registos de relevo, como já demos conta, com a pretérita temporada a assumir um papel decisivo, na hora de alcançar novas marcas. Um momento que o jogador cabo-verdiano recordou como um dos mais marcantes, desde que veste a camisola do Partizan: «Posso dizer que ter sido o melhor marcador do campeonato com 29 golos, algo que ninguém tinha feito [com tal registo], desde que a Sérvia se separou de Montenegro, numa só edição. Foi uma marca histórica, para mim e para o clube.»

    ©Getty / JASPER JACOBS

    No lado oposto, Ricardo Gomes voltou a frisar a perda do último campeonato, «uma coisa que ainda dói», muito pelo que tal conquista «significa para os adeptos», num período em que «o Partizan já não ganha há cinco anos».

    Sobre o futuro e, ainda que não tenha delineado uma meta específica, Ricardo Gomes encara a fasquia dos 100 golos pelo clube, como o próximo passo a atingir: «Trabalho muito a parte de finalização e acho que isso me tem ajudado a conseguir estes números. Vou fazer de tudo para atingir[os 100 golos], porque quero deixar o meu nome neste clube. Já bati alguns recordes, mas não posso estar satisfeito, tenho de procurar sempre mais.» 

    Do seu nome já poucos adeptos sérvios se devem esquecer e, em sentido inverso, o antigo atleta de Vizela, Vitória SC e Nacional transporta na bagagem o sentimento fervoroso de um adepto do Partizan: «Depois de estar num clube desta dimensão, vês a paixão que os adeptos têm pelo clube. Depois de sair daqui, após o primeiro ano [2018/19], em algumas entrevistas que dei, já dizia: 'Eu agora sou adepto do clube. Sou adepto porque consigo sentir a paixão deles'.»

     

     

    Cabo Verde
    Ricardo Gomes
    NomeRicardo Jorge Pires Gomes
    Nascimento/Idade1991-12-18(32 anos)
    Nacionalidade
    Cabo Verde
    Cabo Verde
    Dupla Nacionalidade
    Portugal
    Portugal
    PosiçãoAvançado (Ponta de Lança)

    Fotografias(68)

    Comentários

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    motivo:
    ricardo
    2022-09-27 18h56m por MasterF
    Bom para ele. Fez bem em sair daqui
    Ricardo Gomes
    2022-09-27 15h41m por moumu
    A fazer nome lá fora, os meus parabéns, realmente a nivel financeiro mas vale ficar lá fora!
    Excelente registo Ricardo Gomes
    2022-09-27 15h39m por tcb9277
    Tem cerca de 9500 minutos jogados pelo Partizan, equivalendo a aproximadamente 105 jogos completos.

    Nesses 105 jogos leva 74 golos. São números impressionantes, independentemente do campeonato sérvio não ser assim muito reconhecido.
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