Gerir o coração incapacitado por um amor não correspondido é tarefa hercúlea. Em Madrid, o FC Porto sentiu essa traição e o day after seria sempre pesado, de ressaca. Ganhou a um excelente Desportivo de Chaves, ganhou bem, mas passou o jogo todo a olhar por cima do ombro.
A desconfiança está lá e revela-se nas sua mais variadas formas. Ou é uma transição competente do adversário a deixar o Dragão a tremer, ou é uma falta não assinalada sobre Taremi – já lá iremos – a descontrolar emoções, ou é uma bola que não entra onde deve entrar a impulsionar assobios e incompreensão.
O 3-0, aliás, soa melhor – na perspetiva do FC Porto – do que foi na realidade. É sempre o primeiro passo para a reconciliação absoluta dos campeões nacionais com as boas exibições. Essa está agendada para terça-feira, noite da receção ao Club Brugge.
A gestão física do FC Porto sugeria equilíbrio, principalmente após a derrota (injusta) no Metropolitano. O próximo jogo é de relevância extrema e ter Pepe em boas condições também. Por isso, o central quase quarentão foi para o banco – Zaidu e Bruno Costa nem lá estiveram.
Com João Mário desastrado a defender e Eustaquio menos influente do que deve ser no ataque organizado, o FC Porto foi vivendo das arrancadas de Galeno, do poder de Toni Martinez a jogar de costas e no génio de Taremi e Pepê, os dois melhores.
O iraniano, agora: não é por simular no jogo anterior que deve ser vítima do preconceito do árbitro. Esta noite, o avançado foi penalizado por atitudes de jogos anteriores. Não pode ser.
Desconfiado com as aproximações inteligentes do Chaves, Sérgio Conceição foi ao banco e de lá retirou os homens que esmagaram as dúvidas com as chuteiras.
Evanilson fez o 2-0, após passe de Taremi, e o reforço André Franco precisou de poucos minutos para mostrar que tem nível para ser levado bem a sério.
Com tudo resolvido e já sem necessidade de olhar por cima do ombro, o FC Porto teve os melhores momentos da noite e até os meninos Gonçalo Borges e Rodrigo Conceição – este em estreia absoluta – ganharam minutos e credenciais para mostrarem mais à frente.
Vitória importante do campeão nacional, ainda amassado pelos eventos de Madrid. Há vida neste FC Porto.
Exibição fortíssima do ex-Grémio, mesmo nos momentos menos fortes da equipa. Cresce a cada jogo, confiante e desinibido.
As faltas não assinaladas sobre Taremi agitaram o Dragão e a equipa acabou por ser contagiada. A entrada forte transformou-se em momentos de instabilidade. Dispensável.