Eletricidade Enzo

Para se perceber o impacto do pequeno argentino, vale a pena ler este artigo do zerozero. Três golos nos três primeiros jogos não é para qualquer um. E Enzo não é um jogador qualquer. Além de ter uma leitura perfeita de tudo o que ocorre à sua volta, o ex-River Plate é um bom rematador e só sabe jogar ligado à corrente. Por outras palavras, não permite que o ritmo da equipa quebre. Um extraordinário reforço para o meio-campo das águias. Em julho, agosto, ou nas festas de Natal. 

Minuto 84: Chilufya acelera pela esquerda, deixa Otamendi para trás, entra na área do Benfica e... ui, de onde apareceu João Mário? Num sprint vigoroso, e longo, o médio recuperou metros e foi capaz de anular a iniciativa do avançado zambiano. O compromisso com a equipa espelha-se nestes pormenores, principalmente se nos lembrarmos que a eliminatória estava mais do que decidida. O cruzamento para o golo de Henrique Araújo foi perfeito. 

Que momento, senhores, que momento! Diogo Gonçalves mostrou a Roger Schmidt que pode ser útil - na esquerda ou na direita - e que as notícias da sua dispensa talvez tenham sido precipitadas. Não vai ser fácil ter muito espaço no plantel, mas na Dinamarca fez por merecer mais tempo na Luz. Vejam o golaço que este rapaz marcou, por favor. 

O golo é uma arte e Henrique um artesão habilitado. Belíssimo cabeceamento para o 2-0 em Randers, atrás de um gigante e à frente de um matulão. Movimenta-se muito bem, é rápido, intuitivo e extremamente frio. 182 centímetros chegam perfeitamente quando sabemos onde queremos chegar. Fez três golos em seis jogos na época passada e já mostrou que não quer baixar a média.  

Não era titular num jogo do Benfica desde maio de 2021. Sobreviveu a dois empréstimos insuficientes, convenceu Roger Schmidt e aí está ele, novamente bem vivo. Ocupou o lugar de David Neres mas, naturalmente, não foi um extremo puro no relvado de Neres. Andou entre a direita e o meio, em trocas constantes com João Mário, sempre seguro a decidir. A bola gosta de Chiquinho e o rapaz de Santo Tirso trata-a bem. 

Poucos cruzam com a qualidade do espanhol. Foi ele a colocar Gonçalo Ramos na cara do golo logo no início e foi ele a incomodar o bom do Oláfsson num par de vezes, sempre com aquela bola em arco que não se sabe bem onde vai cair. Pode estar no último ano de contrato, mas o Benfica não se pode dar ao luxo de prescindir dele. 

Foi colocado na órbita do FC Porto há dois verões, tem bons pés, mas parece andar cabisbaixo dentro do campo. A forma como falhou o empate, já depois de tirar Vlachodimos da frente, é o resumo constrangedor de uma exibição que nem sequer arrancou. Saiu ao intervalo e saiu bem.