Embora claramente com um ritmo mais baixo do que no último jogo, o Benfica voltou a mostrar ter trazido a lição bem estudada sobre como desbloquear blocos baixos e inaugurou esta edição da Liga Portugal Bwin com uma vitória convincente frente ao Arouca por 4-0, onde até deu para gerir esforço na 2ª parte.
Depois de uma vitória convincente frente ao Midtjylland (4-1), a contar para a 1ª mão da 3ª pré-eliminatória da Liga dos Campeões, o Benfica virava baterias para o jogo inaugural da edição 2022/23 da Liga Portugal Bwin. Do lado encarnado, Roger Schmidt apresentou exatamente o mesmo onze que bateu os nórdicos dias antes, enquanto do lado do Arouca havia algumas novidades no onze apresentado por Armando Evangelista, nomeadamente a presença dos reforços Arruabarrena, Tiago Esgaio, Opoku, Oriol Busquets e Rafa Mújica.
Depois dos bons sinais dados com o Midtjylland, o Benfica procurou entrar a todo o gás no campeonato e com um ritmo muito alto, explorando o passe nas costas do Arouca, que ainda assustou num par de vezes. Perante isso, o conjunto comandado por Armando Evangelista rapidamente baixou linhas e procurou sempre povoar a zona central para tentar anular o miolo encarnado, que estava a ser um autêntico quebra-cabeças, especialmente João Mário e Enzo Fernández, os mais ativos na ligação entre setores e nos movimentos para as alas.
Esses movimentos para as alas, de resto, acabaram por ser determinantes e suficientes para desbloquear esse bloco baixo e sobrelotado, uma vez que conseguiram arrastar marcações e dar espaços às diagonais dos alas. Foi dessa forma que o golo inaugural surgiu. Após uma incursão no ataque de Grimaldo e uma boa combinação na esquerda, o ala espanhol cruzou e foi encontrar no coração da área Gilberto, que saiu da direita e surgiu solto de marcação para, de cabeça, fazer o 1-0 e o primeiro golo da temporada no campeonato português. Começava a festa encarnada.
Depois disso, o jogo pareceu claramente baixar de qualidade e de ritmo e foi necessário uma iniciativa individual para fazer balançar as águas (e as redes). À passagem do minuto 42, Rafa recuperou a bola perto da área adversária, arrancou, driblou para dentro da área e assistiu Gonçalo Ramos, que, após alguma confusão, atirou à barra. Rafa estava no sítio certo e, na recarga fez o 2-0 com a baliza deserta. Grande mérito para o extremo.
Pouco depois, já nos descontos, surgiu o lance mais polémico da partida, quando Manuel Mota decidiu expulsar, após consulta no VAR, Mateus Quaresma, por este ter travado um contra-ataque rápido de Rafa. Contudo, o lance deixa muitas dúvidas, uma vez que o avançado já tinha travado o movimento aquando da falta e havia um defesa na linha da bola. O intervalo não chegaria sem que Enzo Fernández aproveitasse uma má saída de de Arruabarrena, e alguma confusão na área do Arouca, para fazer o 3-0.
Mesmo a vencer por 3-0, o Benfica entrou com o claro objetivo de marcar no arranque da 2ª parte e até esteve perto pelos pés de Gonçalo Ramos. O Arouca, por sua vez, notava-se estar completamente fora do jogo a nível competitivo e psicológico e apenas jogadas individuais , quase sempre pelos pés do brasileiro Anthony, lhe permitiam sair do seu meio campo. Embora, mais uma vez, sem grande (ou nenhum) perigo.
Os últimos 25 minutos foram disputados num ritmo tão baixo que chegou a ser quase enfadonho, embora compreensível face ao resultado em cima da mesa e a proximidade de uma série de jogos importantes para o Benfica: Por isso mesmo o 4-0 chegou quase como que uma surpresa para todos. Bastou Yaremchuk e Bah fazerem uma combinação ligeiramente mais rápida na direita e a defesa do Arouca foi completamente apanhada a dormir, com Rafa a apenas ter que encostar à boca da baliza para o 4-0 final. O Benfica entrou, assim, com o pé direito nesta edição do campeonato português.
A estratégia inicial montada por Roger Schmidt acabou por ser determinante. O técnico alemão sabia que o Arouca se ia apresentar com linhas de pressão baixas e a sobrepovoar o miolo. Por isso mesmo, apostou nos movimentos laterais dos médios e foi daí que nasceu o 1-0 e vários lances de perigo. O cansaço notou-se ainda na 1ª parte, mas o estudo compensou.
O árbitro Manuel Mota teve uma 1ª parte complicada. O tempo de descontos por si só, de quatro minutos, já pareceu excessivo e o cartão vermelho a Mateus Quaresma ainda mais pareceu. É verdade que há falta do defesa do Arouca, mas Rafa trava o contra-ataque nesse momento e havia mais um defesa na linha da bola. Esteve mal aí. Esteve, contudo, bem em não mostrar o vermelho a de Arruabarrena na 2ª parte. O amarelo perto do final do jogo a Rafa também deixa a desejar.
Se há demérito organizacional do Arouca, também há que dar mérito ao Benfica. A estratégia montada por Roger Schmidt desbloqueou os arouquenses e mostrou um meio campo de grande nível. João Mário esteve uns furos acima até «rebentar.»
É verdade que a expulsão não ajudou, mas o jogo também já estava 2-0 nessa altura. O Arouca apresentou-se em bloco baixo e excessivamente preocupado em tapar o meio com marcação homem a homem, de tal modo que foi totalmente surpreendido pela mobilidade de João Mário e Enzo Fernández.