Avião privado e Rui Costa a entregar-lhe a camisola «10», aquela que cabe no tronco dos predestinados. Luca Waldschmidt chegou ao Benfica no verão de 2020 com a promessa de um futebol sexy. Afinal, em Friburgo, num clube e numa cidade que se distinguem pela sobriedade e discrição, o internacional alemão há muito que tinha dado nas vistas.
Em Lisboa, porém, o bem-estar nunca chegou, apesar dos números bastante interessantes para a época de estreia: 10 golos e três assistências. Luca raramente sorriu e depois de mais dois golos em outros tantos jogos no arranque desta época pediu para voltar ao país de origem. Levantou voo da capital portuguesa com destino a Wolfsburgo, onde, por agora, teima em não «aterrar».
Porquê? «Por um lado, está relacionado com a lesão que teve [esteve parado um mês entre outubro e novembro] mas não é, seguramente, o único motivo. Sobretudo agora, com o sistema tático do Florian Kohfeldt, o Luca não encaixa muito bem», contou Tobias ao nosso jornal. Em janeiro, nomes como Max Kruse e Jonas Wind chegaram para o ataque, «e é nesses que o treinador confia mais», revelou Tobias.
Luca Waldschmidt tem apenas 16 jogos esta época ao serviço do clube germânico, só 10 na condição de titular, e um único golo. «Nunca conseguiu convencer verdadeiramente nos jogos em que foi utilizado», atira Tobias Feuerhan, que vê na cidade e no contexto que o rodeia um dos motivos que pode estar a limitar o futebol do criativo ex-Benfica.
«Ele referiu, quando veio para Wolfsburgo, que gostaria de criar raízes aqui depois da mudança dos últimos anos. A questão é: será Wolfsburgo a cidade ideal para um jovem atleta? É uma cidade pequena que não agrada a todos e quando vens de uma cidade grande como Lisboa isso pode afetar o teu estado de espírito. Isto é especulação, claro», disse.«Talvez o Luca tenha pensado, no início, que depois do Benfica este fosse exatamente o contexto ideal: uma boa organização, cidade pequena e foco total em jogar futebol. No caso dele, sobretudo quando não tens sucesso - e ele claramente ainda não «aterrou» em Wolfsburgo - isso não é bem assim e esse estado de espírito negativo acaba por influenciar», acrescentou.
Os números são modestos, a expressão corporal negativa, como deu a entender Tobias Feuerhan. Luca Waldschmidt é, por enquanto, um talento imensurável ainda por confirmar. Em Friburgo provou-o largamente, no Benfica sacou-o a espaços da «cartola». Luca tem 25 anos, o tempo ainda está do seu lado.