Foi por pouco! Tal como Jorge Jesus fez frente ao Liverpool, também Abel Ferreira ameaçou contrariar todas as casas de apostas e quase todas as opiniões de adeptos e jornalistas com uma grande exibição. No entanto, tal como Jesus, também Abel e o seu Palmeiras acabaram por cair no prolongamento. Os festejos ficaram reservados para o Chelsea, que sentiu bem mais dificuldades do que seria de esperar, mas acabou por sagrar-se campeão do Mundo de Clubes.
O professor Abel, como é conhecido no Brasil, mostrou desde cedo que a aula resultou na perfeição e que os seus jogadores tinham a lição bem estudada. Apesar de repetir o onze, o esquema tático passou para uma espécie de 3x4x3 muito móvel e com indicações específicas para vários jogadores anularem as grandes armas do Chelsea.
E não, o Palmeiras não se limitou a defender. A estratégia de contragolpe também resultou, ou quase resultou. E este quase é muito por culpa de Dudu, homem decisivo na meia-final frente ao Al Hilal, que não teve a simplicidade que era exigida em dois lances onde podia ter surpreendido tudo e todos e colocado o verdão em vantagem. Ao intervalo, o marcador registava um nulo justo, que espelhava o equilíbrio dentro do campo entre duas equipas com posturas distintas.
A estratégia defensiva do Palmeiras, embora muito eficaz, implicava um grande esforço de vários jogadores, entre eles Rony, encarregue e fazer toda a ala direita, fosse a defender, fosse a atacar. Bastaria uma distração de Rony para que Hudson-Odoi recebesse sozinho e conseguisse um daqueles cruzamentos que tão bem sabe fazer. Pois bem, foi exatamente o que aconteceu, depois de uma boa entrada do Chelsea, e Lukaku deu vantagem aos blues, numa das suas primeiras aparições no jogo.
Dois erros deram em dois golos, mas com a igualdade restabelecida, restabeleceu-se também a toada da primeira parte. Duas posturas distintas – Chelsea com a iniciativa e mais bola perante um Palmeiras muito sólido defensivamente e a tentar surpreender no contra-ataque – e um equilíbrio inesperado. Kai Havertz e Pulisic ainda ameaçaram o golo, mas a estratégia de Abel voltou a sair por cima e o jogo seguiu mesmo para prolongamento.
O prolongamento acentuou as diferenças entre as duas equipas, com o Chelsea a assumir cada vez mais o domínio no meio-campo contrário perante um Palmeiras que se mantinha muito forte e coeso, mas que tinha cada vez mais dificuldades em sair com qualidade para o ataque. Ainda assim, a única vez que o Chelsea conseguiu furar foi numa iniciativa de Timo Werner, que assustou, mas passou por cima.
O tempo ia passando e já todos esperavam que o jogo fosse decidido da linha dos onze metros. E foi, mas não foi bem como se esperava. Já nos últimos minutos e num dos muitos cantos a favor dos blues, Luan desviou uma tentativa de remate com o braço e Kai Havertz, tal como na final da Liga dos Campeões, voltou a vestir a capa de herói, não tremeu na cobrança da grande penalidade e decidiu a partida!
Os últimos minutos ainda tiveram um «tudo por tudo» por parte do Palmeiras, mas sem efeitos práticos. No fim das contas, o Palmeiras e Abel Ferreira caíram, mas caíram de pé.
No fim das contas, o que fica é o triunfo do Chelsea. É isso que será lembrado daqui a muitos anos, como se costuma dizer neste tipo de situação. No entanto, há que fazer jus à grande estratégia de Abel Ferreira. E não, não é por ser português. Longe disso. Abel contrariou o estereótipo do futebol brasileiro e apresentou-se com uma equipa muito bem organizado e fortíssima defensivamente, tendo ficado muito perto da surpresa!
A estratégia de Abel Ferreira e do Palmeira já mereceram muitos elogios da nossa parte, mas a verdade é que quem tem ao seu dispor um plantel com a qualidade do Chelsea tem de conseguir fazer melhor. Apesar do domínio da posse de bola, as dificuldades em criar perigo foram tremendas. Ainda assim, no final da partida foram os blues a festejar...
Chris Beath, árbitro australiano de 37 anos, conseguiu controlar o jogo sem praticamente mostrar cartões amarelos. Acabou por estar ligado ao resultado final de forma decisiva, bem como o VAR, mas as duas decisões de grande penalidade aceitam-se (embora o último penálti seja mais discutível pela proximidade), tal como a expulsão.